Informalidade no Brasil recua ao menor nível desde a pandemia
A taxa de informalidade no mercado de trabalho brasileiro caiu para menos de 38% no primeiro trimestre de 2025, o menor patamar desde o início da pandemia de covid-19. Os dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), indicam uma consolidação […] O post Informalidade no Brasil recua ao menor nível desde a pandemia apareceu primeiro em O Cafezinho.

A taxa de informalidade no mercado de trabalho brasileiro caiu para menos de 38% no primeiro trimestre de 2025, o menor patamar desde o início da pandemia de covid-19.
Os dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), indicam uma consolidação do processo de formalização do trabalho no país, refletindo o crescimento de vagas com carteira assinada.
De acordo com a pesquisa, a informalidade registrou o menor índice da série histórica, desconsiderando os números atípicos de 2020.
Especialistas afirmam que o desempenho do emprego formal superou expectativas, levando a uma revisão das projeções de geração de vagas ao longo do ano, mesmo diante da perspectiva de desaceleração da economia a partir do segundo trimestre.
A taxa de desocupação ficou em 7% no trimestre encerrado em março, alta em relação aos 6,6% do último trimestre de 2024. No entanto, quando ajustada sazonalmente, a taxa caiu para 6,5%. Segundo Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco, a redução do desemprego contribui diretamente para a formalização do trabalho.
“Houve estímulos importantes nesse período, tanto por parte do governo federal como dos entes subnacionais [Estados e municípios], que deram impulso à atividade. E, à medida que o desemprego cai, a formalização cresce porque você chega a uma franja da população ativa que não consegue contratar se não oferece algo melhor que o emprego informal”, afirmou.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) indicam a criação de 71,5 mil empregos formais em março. Apesar do número estar abaixo do esperado, o resultado é considerado compensatório diante do saldo de 431 mil novas vagas em fevereiro.
O mercado formal de trabalho acumula 16 meses consecutivos de crescimento, enquanto a ocupação informal apresentou queda pelo quinto mês seguido.
Analistas associam esse cenário a fatores estruturais, como a reforma trabalhista de 2017. Para Honorato, os efeitos das alterações na legislação trabalhista se tornaram mais evidentes com o aquecimento da economia.
“Só iríamos testar para valer o efeito da reforma trabalhista quando houvesse ciclo de trabalho forte. E a pandemia ocorreu justamente depois da reforma.”
Alessandra Ribeiro, diretora da consultoria Tendências, destacou que a reforma contribuiu para a redução da judicialização de demissões e ampliou a previsibilidade jurídica para as empresas.
Apesar do aumento no número absoluto de ações trabalhistas, que ultrapassaram os 2 milhões em 2024, o índice proporcional à população ocupada permanece inferior ao registrado antes da reforma.
Segundo Bruno Imaizumi, economista da LCA 4Intelligence, a atual legislação também favorece a contratação formal por modalidades como trabalho intermitente e temporário, que já representam aproximadamente 11% das admissões com carteira assinada no Caged.
Outros fatores apontados como impulsores da formalização incluem o avanço da escolaridade e a digitalização dos mecanismos de intermediação de vagas.
A proporção de brasileiros com ensino superior triplicou entre 2000 e 2022. Para Ribeiro, esse aumento contribui para o acesso a postos formais. Ela destaca ainda a atuação das plataformas digitais. “As plataformas de intermediação reduzem o custo do matchmaking entre empregadores e empregados, facilitando a contratação.”
O crescimento do número de microempreendedores individuais (MEIs) também tem impacto sobre os índices de formalidade.
Em fevereiro de 2025, havia 6,7 milhões de MEIs registrados. Muitos deles prestam serviços por meio de aplicativos, mas parte significativa opta pela formalização para ter acesso a benefícios como crédito, previdência e proteção social.
A projeção da LCA 4Intelligence para o desemprego em 2025 é de estabilidade em 6,6%, com geração de 1,4 milhão de empregos com carteira assinada, acima da estimativa anterior de 1,1 milhão. Já a Tendências Consultoria revisou sua projeção de criação líquida de vagas formais de 1 milhão para 1,5 milhão.
A combinação entre estímulos de políticas públicas, efeitos de reformas passadas e fatores estruturais do mercado de trabalho contribui para a atual trajetória de formalização. O primeiro trimestre de 2025 marca um período de consolidação desse processo, que se sustenta mesmo diante de projeções de crescimento econômico mais modesto nos próximos meses.
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