Nepobabies de sucesso fariam sucesso se nascessem anônimos?

Já parou pra pensar que talvez você só seja incrível porque nasceu no útero certo? Não que a placenta da sua mãe tenha assinado contrato com a Netflix, mas, né, convenhamos: tem gente que já nasce com sobrenome que soa como login verificado. Aí vem...

Mai 11, 2025 - 04:17
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Nepobabies de sucesso fariam sucesso se nascessem anônimos?

Já parou pra pensar que talvez você só seja incrível porque nasceu no útero certo? Não que a placenta da sua mãe tenha assinado contrato com a Netflix, mas, né, convenhamos: tem gente que já nasce com sobrenome que soa como login verificado.

Aí vem o dilema filosófico do nepobaby consciente. Porque tem o inconsciente — o que acha que chegou lá “com esforço”. Esse a gente nem considera. O interessante é o outro: o que sabe que nasceu de barriga cheia, cercado por nannies bilíngues e afetos com pedigree. E ainda assim vive atormentado por uma dúvida legítima:

“Será que eu seria alguém se tivesse nascido sem herança genética, nem de nome, nem de networking?”

E aí começam os experimentos imaginários. O nepobaby vai pra terapia, escreve livro sobre privilégio, finge sotaque de quebrada no podcast, posta foto em preto e branco do lixão de Gramacho com legenda “refletindo muito”. Tudo tentativa de provar que ele é talentoso de verdade. Que o brilho é mérito, não herança. Que ele seria uma estrela mesmo sendo… invisível.

Mas não dá pra fazer isso sem cair na armadilha do nepo cosplay de meritocracia. Porque a verdade é que, se você nasceu dentro do sistema, até sua rebeldia é subsidiada. Você não está questionando o sistema — está fazendo tour guiado pelos bastidores.

O nepobaby quer ser aceito por quem nunca teve a chance de ser nepobaby. Mas sem devolver o sobrenome. Só quer um rebranding: do tipo “herdeiro autêntico”. Meio como se o Luciano Huck fizesse um vídeo dizendo: “eu daria certo mesmo se nascesse no Capão Redondo”. Amor, talvez sim. Mas será que você teria Wi-Fi pra subir o vídeo?

A real é que não existe forma de provar o contrário do que te construiu. Porque se você apagasse todo o seu passado, apagaria junto a única estrutura que te deu palco pra performar genialidade.

E talvez o sucesso verdadeiro — aquele que transcende o sobrenome — seja aceitar que você teve ajuda. E ainda assim fazer algo útil com ela. Tipo não lançar uma marca de água em lata.