Nepobabies de sucesso fariam sucesso se nascessem anônimos?
Já parou pra pensar que talvez você só seja incrível porque nasceu no útero certo? Não que a placenta da sua mãe tenha assinado contrato com a Netflix, mas, né, convenhamos: tem gente que já nasce com sobrenome que soa como login verificado. Aí vem...

Já parou pra pensar que talvez você só seja incrível porque nasceu no útero certo? Não que a placenta da sua mãe tenha assinado contrato com a Netflix, mas, né, convenhamos: tem gente que já nasce com sobrenome que soa como login verificado.
Aí vem o dilema filosófico do nepobaby consciente. Porque tem o inconsciente — o que acha que chegou lá “com esforço”. Esse a gente nem considera. O interessante é o outro: o que sabe que nasceu de barriga cheia, cercado por nannies bilíngues e afetos com pedigree. E ainda assim vive atormentado por uma dúvida legítima:
“Será que eu seria alguém se tivesse nascido sem herança genética, nem de nome, nem de networking?”
E aí começam os experimentos imaginários. O nepobaby vai pra terapia, escreve livro sobre privilégio, finge sotaque de quebrada no podcast, posta foto em preto e branco do lixão de Gramacho com legenda “refletindo muito”. Tudo tentativa de provar que ele é talentoso de verdade. Que o brilho é mérito, não herança. Que ele seria uma estrela mesmo sendo… invisível.
Mas não dá pra fazer isso sem cair na armadilha do nepo cosplay de meritocracia. Porque a verdade é que, se você nasceu dentro do sistema, até sua rebeldia é subsidiada. Você não está questionando o sistema — está fazendo tour guiado pelos bastidores.
O nepobaby quer ser aceito por quem nunca teve a chance de ser nepobaby. Mas sem devolver o sobrenome. Só quer um rebranding: do tipo “herdeiro autêntico”. Meio como se o Luciano Huck fizesse um vídeo dizendo: “eu daria certo mesmo se nascesse no Capão Redondo”. Amor, talvez sim. Mas será que você teria Wi-Fi pra subir o vídeo?
A real é que não existe forma de provar o contrário do que te construiu. Porque se você apagasse todo o seu passado, apagaria junto a única estrutura que te deu palco pra performar genialidade.
E talvez o sucesso verdadeiro — aquele que transcende o sobrenome — seja aceitar que você teve ajuda. E ainda assim fazer algo útil com ela. Tipo não lançar uma marca de água em lata.