Beyonce do Agreste

Você já parou pra pensar que a Tieta do Agreste e a Beyoncé Giselle Knowles-Carter são, na verdade, a mesma entidade arquetípica manifestada em contextos geográficos diferentes?

Calma, não é teoria da conspiração, é só mais um domingo em que minha cabeça virou uma salada de fruta conceitual.

Veja bem. A Tieta foi expulsa de Santana do Agreste por ser “ousada demais”, “liberal demais”, “cheia de vontades”. Anos depois, ela volta riquíssima, perfumada, com turbante e motorista particular, tipo um clipe da Beyoncé com sotaque baiano e trilha sonora de Luiz Caldas.

Beyoncé, por sua vez, saiu do Texas, enfrentou o conservadorismo, o machismo, o racismo e, ao invés de voltar de jegue, voltou de Renaissance World Tour, cavalgando um cavalo holográfico e mandando dizer que “who run the world? girls”.

É a mesma jornada. A diferença é o figurino. Uma vai de vestido colado e sandália de salto pela praça da igreja, a outra dança no Super Bowl com uma jaqueta da polícia rebelde. Mas ambas estão ali, reencarnando a fêmea ancestral que desafia o status quo, como se fossem orixás pop de um panteão feminista que Jorge Amado ainda não teve tempo de escrever.

O padre de Santana do Agreste e o produtor da Billboard olham pra elas com a mesma expressão: “isso é inadmissível”, mas por dentro estão fascinados, claro.

A real é que Tieta e Beyoncé são tipo Vênus de Milo e Alexa — ícones que falam sobre liberdade, corpo, voz e tudo que incomoda quem acha que mulher de verdade é a que fala baixo e come o miolo do pão.

E cá entre nós, entre uma novela das oito e um álbum visual, eu escolho as duas. Porque o mundo precisa urgentemente de mais mulheres que sabem a hora certa de dançar de biquíni ou de sumir e reaparecer mais poderosa, com luz própria, cheiro de sucesso e um segredinho guardado na bolsa.

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Dica da Juzones.