Ensaios Policiais, de João Eloy.

 Já aqui falei das Memórias de João Eloy, primorosamente preparadas pelos seus descendentes, Maria Madalena Eloy e Pedro Eloy.           Este livro é, por assim dizer, a continuação do anterior, mantendo-se o seu óbvio e manifesto interesse histórico. Diante de nós desfila a criminalidade lisboeta dos tempos da República, histórias de homicidas e curandeiros, de pornografia, de prostituição infantil, da perseguição aos homossexuais, então chamados «invertidos». E um capítulo fabuloso sobre a prática da «empenhoca», ou seja, da cunha, matéria também versada, por exemplo, em Memórias de um Chefe de Gabinete, de Tomás da Fonseca.           É tempo, é mais do que tempo, de diversos investigadores se juntarem para fazer uma história do crime na Belle Époque portuguesa, prosseguindo depois pelos anos 1920 e pelo Estado Novo adentro. Há muita gente com trabalho feito, Maria João Vaz, Diego Palacios Cerezales, Gonçalo Rocha Gonçalves, Luís Bigotte Chorão, Tiago Pires Marques, Leonor Sá, Paulo Guinote, just to name a few. Só falta uma instituição universitária ou um editor esclarecido para concretizar este projecto, que sem dúvida teria enorme êxito junto do grande público.          Até lá, fiquemos com estes Ensaios de João Eloy, imprescindíveis para reconstruir as luzes e as sombras das nossas polícias, dos nossos ladrões e, no fundo, do que fomos e, em parte, em boa parte, ainda somos.                                                                                                António Araújo 

Mai 11, 2025 - 11:05
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Ensaios Policiais, de João Eloy.

 








aqui falei das Memórias de João Eloy, primorosamente preparadas pelos seus descendentes, Maria Madalena Eloy e Pedro Eloy.

          Este livro é, por assim dizer, a continuação do anterior, mantendo-se o seu óbvio e manifesto interesse histórico.

Diante de nós desfila a criminalidade lisboeta dos tempos da República, histórias de homicidas e curandeiros, de pornografia, de prostituição infantil, da perseguição aos homossexuais, então chamados «invertidos». E um capítulo fabuloso sobre a prática da «empenhoca», ou seja, da cunha, matéria também versada, por exemplo, em Memórias de um Chefe de Gabinete, de Tomás da Fonseca.

          É tempo, é mais do que tempo, de diversos investigadores se juntarem para fazer uma história do crime na Belle Époque portuguesa, prosseguindo depois pelos anos 1920 e pelo Estado Novo adentro. Há muita gente com trabalho feito, Maria João Vaz, Diego Palacios Cerezales, Gonçalo Rocha Gonçalves, Luís Bigotte Chorão, Tiago Pires Marques, Leonor Sá, Paulo Guinote, just to name a few. Só falta uma instituição universitária ou um editor esclarecido para concretizar este projecto, que sem dúvida teria enorme êxito junto do grande público.

          Até lá, fiquemos com estes Ensaios de João Eloy, imprescindíveis para reconstruir as luzes e as sombras das nossas polícias, dos nossos ladrões e, no fundo, do que fomos e, em parte, em boa parte, ainda somos.


                                                                                                António Araújo