EUA pressionam aliados da OTAN por aumento de gastos com defesa antes da cúpula de junho

Em encontro com ministros das Relações Exteriores da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), realizado nesta quinta-feira, 2, em Bruxelas, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que Washington mantém seu compromisso com a aliança militar, mas condicionou esse apoio ao aumento significativo dos gastos com defesa por parte dos países-membros. […] O post EUA pressionam aliados da OTAN por aumento de gastos com defesa antes da cúpula de junho apareceu primeiro em O Cafezinho.

Abr 3, 2025 - 16:27
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EUA pressionam aliados da OTAN por aumento de gastos com defesa antes da cúpula de junho

Em encontro com ministros das Relações Exteriores da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), realizado nesta quinta-feira, 2, em Bruxelas, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que Washington mantém seu compromisso com a aliança militar, mas condicionou esse apoio ao aumento significativo dos gastos com defesa por parte dos países-membros.

Rubio declarou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, propôs que os países da OTAN elevem suas metas de investimento em defesa para 5% do Produto Interno Bruto (PIB), mais que o dobro da meta atual de 2%.

“Queremos sair daqui com a compreensão de que estamos em um caminho, um caminho realista para que cada um dos membros se comprometa e cumpra a promessa de atingir até cinco por cento de gastos, e isso inclui os Estados Unidos”, afirmou.

O secretário também comentou a atual cobertura da mídia sobre a relação entre Washington e seus aliados.

“Parte dessa histeria e hipérbole que vejo na mídia global e em alguma mídia doméstica nos Estados Unidos sobre a OTAN são injustificadas”, disse Rubio. Ele reiterou que “o presidente Trump deixou claro que apoia a OTAN. Nós vamos permanecer na OTAN”.

As declarações ocorreram em meio a tensões recentes provocadas por falas do presidente Trump, que colocaram em dúvida a disposição dos Estados Unidos em defender aliados europeus, além de sua aproximação com a Rússia e a imposição de tarifas comerciais a parceiros da aliança.

A exigência de aumento de gastos será uma das pautas centrais da próxima cúpula da OTAN, marcada para junho, em Haia. Segundo Rubio, o governo norte-americano não espera que a nova meta seja atingida imediatamente.

“Ninguém espera que você consiga fazer isso em um ou dois anos. Mas o caminho tem que ser real”, declarou. Ele acrescentou que Trump “não era contra a OTAN. Ele é contra uma OTAN que não tem as capacidades de que precisa para cumprir as obrigações”.

O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, afirmou que os países europeus estão ampliando seus orçamentos de defesa. “Grandes coisas estão acontecendo. Nos últimos meses, vemos literalmente centenas de bilhões de euros entrando”, disse.

Rutte classificou o movimento como “provavelmente o maior aumento em gastos de defesa aqui no lado europeu da OTAN desde o fim da Guerra Fria”, mas ressaltou que “ainda precisamos de mais”.

A possibilidade de uma redistribuição das forças militares norte-americanas, com foco em desafios estratégicos fora da Europa, como a China, também foi abordada. Segundo Rutte, qualquer mudança significativa deverá ser feita com um cronograma definido, para que os países europeus possam se preparar.

“Não há planos para que eles diminuam repentinamente sua presença aqui na Europa”, afirmou. “Mas sabemos que, para a América, sendo a superpotência que é, eles têm que comparecer a mais de um teatro. É lógico que você tenha esse debate.”

Enquanto isso, os países europeus observam com atenção a aproximação diplomática de Trump com Moscou, em meio à guerra na Ucrânia.

O presidente norte-americano tem defendido um acordo de cessar-fogo parcial, embora trocas de acusações entre as partes envolvidas no conflito continuem. O governo dos Estados Unidos também ameaçou impor novas sanções à Rússia, o que foi interpretado como um sinal de apoio à Ucrânia.

“Temos que admitir que há apenas um agressor nesta situação. Esta é a Rússia”, declarou o ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Kestutis Budrys. “A Rússia é uma ameaça militar direta e de longo prazo para toda a OTAN e para a Ucrânia, e para a Ucrânia, precisamos de uma paz justa e duradoura”, completou.

O Reino Unido e a França lideram negociações sobre a possibilidade de envio de tropas à Ucrânia para apoiar qualquer eventual acordo promovido por Washington.

Além da pauta militar, tensões comerciais entre os Estados Unidos e seus aliados também foram discutidas. Recentes tarifas impostas por Trump à União Europeia provocaram reações cautelosas entre os ministros presentes.

O norueguês Espen Barth Eide destacou os riscos de desentendimentos econômicos para a coesão da aliança. “É importante entender que crescemos mais rápido e melhor juntos, que se quisermos construir recursos para uma defesa mais forte, precisamos ter crescimento econômico”, afirmou. “O protecionismo não nos fará bem algum.”

As relações entre os Estados Unidos e países aliados como Dinamarca e Canadá também têm sido afetadas. Trump sugeriu, recentemente, a intenção de assumir o controle da Groenlândia, território dinamarquês, o que elevou a tensão diplomática. O secretário Rubio deve se reunir com representantes do governo dinamarquês após a visita recente do vice-presidente JD Vance ao território.

A cúpula de junho será determinante para definir os próximos passos da OTAN diante da pressão por maiores investimentos, da reconfiguração do posicionamento estratégico dos Estados Unidos e da continuidade da guerra na Ucrânia.

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