O problema do designer pato

Dicas para se tornar um designer excelente.Um pato usando óculos. Fonte: FreepikA metáfora do pato é conhecida por todos, sendo aquele animal que sabe nadar, voar e correr, mas não faz nada disso bem. Ele tem todas as habilidades em potencial, mas não se dedicou a desenvolvê-las e fortalecê-las. Na área de design, temos muitos profissionais que se enquadram nessa metáfora.Um “designer pato” ou “designer faz-tudo” é aquele profissional, se é que realmente podemos chamá-lo de profissional, que tenta abraçar muitas áreas do design, mas não se destaca em nenhuma. O uso da metáfora do pato no texto é proposital. Todos sabemos que o pato é um animal que não sabe nem nadar, nem voar, nem correr.Ao longo da minha carreira em design, vi muitas pessoas querendo ser tudo. Deixe-me te dizer logo de cara:Você não vai ser bom em tudo o que imagina, e está tudo bem não querer saber tudo; não podemos saber tudo.Sei também que nós, designers, somos curiosos por natureza, mas não tente abraçar o mundo. O sofrimento de querer abraçar o mundo pode ser grande e trazer vários problemas emocionais para você. O trabalho é apenas uma pequena parte da nossa vida, embora o trabalho “dignifique o homem/mulher”. Porém, o comportamento de querer saber tudo pode ser prejudicial para o seu desenvolvimento profissional, assim como pode resultar em trabalhos superficiais e genéricos.­Explore enquanto dá tempoSer um “designer pato” só é vantajoso quando você está no início da sua carreira. Inclusive, incentivo isso para aqueles que acabaram de chegar: aproveite esse momento para explorar outras disciplinas do design que te interessam, mas faça isso com intencionalidade, não com a vontade de aprender tudo, mas sim para descobrir o que você realmente gosta.Design é uma disciplina abrangente, e vai levar tempo para encontrar a sua veia criativa e o que realmente gosta. Porém, não se canse de explorar. Se você tem interesse em explorar programação e design, faça isso! Quer explorar programação interativa ou creative coding, Three.js, Processing e outras ferramentas? Faça isso! Quer explorar UI design no contexto de filmes de ficção científica? Vá atrás de Fantasy UI. Só não seja preguiçoso.O processo exploratório no começo da carreira vai lhe dar uma boa abrangência e habilidades que, quando você decidir se especializar, você terá uma noção clara de onde colocar seu esforço para se tornar bom na sua atuação.­Tenha foco na carreira que almejaÀ medida que você avança na sua carreira e percebe que está saindo do nível pleno para se tornar sênior, o foco se torna essencial. É aqui que muitos profissionais cometem um erro comum: continuam investindo nas mesmas habilidades que os trouxeram até esse ponto e acabam estagnados, presos em um plateau.Meu conselho para você hoje é simples: tenha clareza sobre onde quer chegar e direcione seu esforço com precisão. Não seja um “designer pato”, mas um especialista. Embora muitos argumentem que ser generalista tem suas vantagens, o custo de manter uma carreira dessa forma pode ser maior do que o de se tornar especialista. Como diria Felipe Memória: “Prefira ser muito bom em poucas coisas a ser mais ou menos bom em muitas.”Na minha análise, os profissionais mais perspicazes e bem-sucedidos são aqueles que escolheram focar em poucas áreas e se aprofundaram nelas, em vez de tentar abraçar tudo ao mesmo tempo.­Seja sempre professionalQuando eu estava na faculdade, li o livro Profissionalismo. Não Dá Para Não Ter escrito por Maria Elizabete D’Elia, essa obra teve um impacto profundo na minha forma de pensar e no tipo de profissional que eu queria me tornar a longo prazo.Aprendi que o sucesso profissional vai muito além do conhecimento técnico. A ética profissional deve fazer parte da sua identidade, incluindo princípios como honestidade, sigilo, imparcialidade e bom senso. Este último, em particular, é fundamental, pois muitas pessoas carecem dele e a falta de bom senso pode custar sua carreira. Esse ethos me acompanha até hoje.Ser designer e ser profissional vai muito além de dominar todas as técnicas da área. Um verdadeiro designer profissional entende quando uma técnica é adequada ou inadequada para determinado contexto ou problema. A capacidade de abordar um problema por diferentes ângulos é mais valiosa do que simplesmente seguir frameworks consagrados pelo mercado. Pensar além do óbvio, ser propositivo e ter visão crítica, isso é o que diferencia um designer comum de um designer excepcional.­Os problemas do designer pato e como resolver?Nesta seção do artigo, explico por que você deve evitar se tornar um ‘designer pato’ e os impactos que isso pode ter na sua carreira.­Síndrome do impostorO “designer pato” geralmente apresenta uma síndrome do impostor muito forte, pois sua vontade de ser bom em várias coisas o torna refém de si, sem perceber evolução em quase nada do que faz. Isso pode gerar sentimentos de inadequação e falta de confiança no próprio trabalho.Conselho: Para superar essa síndrome, é necessário es

Abr 7, 2025 - 11:20
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O problema do designer pato

Dicas para se tornar um designer excelente.

A imagem ilustra um pato usando óculos e olhando fixamente para a camera
Um pato usando óculos. Fonte: Freepik

A metáfora do pato é conhecida por todos, sendo aquele animal que sabe nadar, voar e correr, mas não faz nada disso bem. Ele tem todas as habilidades em potencial, mas não se dedicou a desenvolvê-las e fortalecê-las. Na área de design, temos muitos profissionais que se enquadram nessa metáfora.

Um “designer pato” ou “designer faz-tudo” é aquele profissional, se é que realmente podemos chamá-lo de profissional, que tenta abraçar muitas áreas do design, mas não se destaca em nenhuma. O uso da metáfora do pato no texto é proposital. Todos sabemos que o pato é um animal que não sabe nem nadar, nem voar, nem correr.

Ao longo da minha carreira em design, vi muitas pessoas querendo ser tudo. Deixe-me te dizer logo de cara:

Você não vai ser bom em tudo o que imagina, e está tudo bem não querer saber tudo; não podemos saber tudo.

Sei também que nós, designers, somos curiosos por natureza, mas não tente abraçar o mundo. O sofrimento de querer abraçar o mundo pode ser grande e trazer vários problemas emocionais para você. O trabalho é apenas uma pequena parte da nossa vida, embora o trabalho “dignifique o homem/mulher”. Porém, o comportamento de querer saber tudo pode ser prejudicial para o seu desenvolvimento profissional, assim como pode resultar em trabalhos superficiais e genéricos.

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Explore enquanto dá tempo

Ser um “designer pato” só é vantajoso quando você está no início da sua carreira. Inclusive, incentivo isso para aqueles que acabaram de chegar: aproveite esse momento para explorar outras disciplinas do design que te interessam, mas faça isso com intencionalidade, não com a vontade de aprender tudo, mas sim para descobrir o que você realmente gosta.

Design é uma disciplina abrangente, e vai levar tempo para encontrar a sua veia criativa e o que realmente gosta. Porém, não se canse de explorar. Se você tem interesse em explorar programação e design, faça isso! Quer explorar programação interativa ou creative coding, Three.js, Processing e outras ferramentas? Faça isso! Quer explorar UI design no contexto de filmes de ficção científica? Vá atrás de Fantasy UI. Só não seja preguiçoso.

O processo exploratório no começo da carreira vai lhe dar uma boa abrangência e habilidades que, quando você decidir se especializar, você terá uma noção clara de onde colocar seu esforço para se tornar bom na sua atuação.

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Tenha foco na carreira que almeja

À medida que você avança na sua carreira e percebe que está saindo do nível pleno para se tornar sênior, o foco se torna essencial. É aqui que muitos profissionais cometem um erro comum: continuam investindo nas mesmas habilidades que os trouxeram até esse ponto e acabam estagnados, presos em um plateau.

Meu conselho para você hoje é simples: tenha clareza sobre onde quer chegar e direcione seu esforço com precisão. Não seja um “designer pato”, mas um especialista. Embora muitos argumentem que ser generalista tem suas vantagens, o custo de manter uma carreira dessa forma pode ser maior do que o de se tornar especialista. Como diria Felipe Memória: “Prefira ser muito bom em poucas coisas a ser mais ou menos bom em muitas.”

Na minha análise, os profissionais mais perspicazes e bem-sucedidos são aqueles que escolheram focar em poucas áreas e se aprofundaram nelas, em vez de tentar abraçar tudo ao mesmo tempo.

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Seja sempre professional

Quando eu estava na faculdade, li o livro Profissionalismo. Não Dá Para Não Ter escrito por Maria Elizabete D’Elia, essa obra teve um impacto profundo na minha forma de pensar e no tipo de profissional que eu queria me tornar a longo prazo.

Aprendi que o sucesso profissional vai muito além do conhecimento técnico. A ética profissional deve fazer parte da sua identidade, incluindo princípios como honestidade, sigilo, imparcialidade e bom senso. Este último, em particular, é fundamental, pois muitas pessoas carecem dele e a falta de bom senso pode custar sua carreira. Esse ethos me acompanha até hoje.

Ser designer e ser profissional vai muito além de dominar todas as técnicas da área. Um verdadeiro designer profissional entende quando uma técnica é adequada ou inadequada para determinado contexto ou problema. A capacidade de abordar um problema por diferentes ângulos é mais valiosa do que simplesmente seguir frameworks consagrados pelo mercado. Pensar além do óbvio, ser propositivo e ter visão crítica, isso é o que diferencia um designer comum de um designer excepcional.

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Os problemas do designer pato e como resolver?

Nesta seção do artigo, explico por que você deve evitar se tornar um ‘designer pato’ e os impactos que isso pode ter na sua carreira.

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Síndrome do impostor

O “designer pato” geralmente apresenta uma síndrome do impostor muito forte, pois sua vontade de ser bom em várias coisas o torna refém de si, sem perceber evolução em quase nada do que faz. Isso pode gerar sentimentos de inadequação e falta de confiança no próprio trabalho.

Conselho: Para superar essa síndrome, é necessário escolher uma área específica do design pela qual você se sinta apaixonado e interessado, especializar-se e se comprometer a desenvolver habilidades técnicas sólidas. Isso não só ajuda a aumentar a confiança no trabalho, mas também permite uma evolução mais tangível e perceptível ao longo do tempo.

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Falta de conhecimento teórico sólido

O “designer pato”, na maioria das vezes, não tem um conhecimento teórico sólido da área em que trabalha. Vou te dizer uma coisa séria: o conhecimento teórico da sua área é crucial, pois ele te ajudará a criar trabalhos melhores, com conceitos mais profundos e diferenciados. A falta de compreensão teórica pode levar a decisões de design arbitrárias, baseadas apenas em preferências pessoais ou modismos momentâneos, em vez de serem fundamentadas em princípios sólidos de design. Isso pode resultar em soluções superficiais e pouco eficazes.

Conselho: Para construir um conhecimento teórico robusto, busque se aprofundar por meio de artigos acadêmicos/ou não, livros especializados, palestras e mentorias com profissionais experientes. O estudo contínuo dessas fontes vai fortalecer sua base teórica e ajudá-lo a tomar decisões de design mais bem fundamentadas. Além disso, o aprendizado constante te permitirá estar à frente de tendências e aplicar conceitos inovadores de maneira eficaz nos projetos em que atua.

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Falta de identidade visual própria

Todo “designer pato” carece de uma identidade visual própria. Os designers que admiro possuem uma característica comum: seus trabalhos têm uma identidade clara. Se você analisar os trabalhos de Eddie Opara, vai perceber que são pautados pela inovação e coerência. Os de Filipe Memória são guiados pela simplicidade e qualidade estética, enquanto os de Paula Scher se destacam pela qualidade estética, maximalismo e cores vibrantes. Shimizu Yoshiharu tem uma identidade voltada para o estilo high-tech, minimalismo e funcionalismo.

No entanto, nos trabalhos do “designer pato” não há essa identidade. Você perceberá uma falta de consistência e coesão em seu portfólio. Como tentam abranger muitas áreas diferentes do design, muitas vezes não desenvolvem um estilo distintivo ou uma abordagem coesa em seus projetos.

Essa falta de consistência pode dificultar para clientes e público identificar o que torna o trabalho desse designer único e memorável. Além disso, pode resultar em portfólios fragmentados e confusos, que não transmitem uma mensagem clara sobre as habilidades e especialidades do designer.

Quando você não tem uma identidade visual forte e reconhecível, pode ser difícil se destacar no mercado competitivo de design. Isso afeta novas oportunidades de trabalho e pode prejudicar sua reputação profissional a longo prazo.

Conselho: À medida que você avança na sua carreira, torna-se cada vez mais crucial construir a sua própria identidade como designer. Essa identidade vai além das técnicas e ferramentas que você utiliza; ela reflete suas escolhas criativas, sua visão única e a maneira como você resolve problemas de design. Ao focar em uma área específica, você cria a oportunidade de se aprofundar nas competências necessárias, resultando em um portfólio coeso que não só demonstra sua especialização, mas também transmite uma mensagem clara sobre quem você é como profissional.

Esse foco permite que você construa uma reputação sólida, pois você será reconhecido pela excelência e pela expertise na sua área escolhida, seja design gráfico, design de interface ou qualquer outra disciplina. Com o tempo, sua identidade profissional começa a brilhar, tornando seu trabalho não apenas mais impactante e memorável, mas também mais autêntico.

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Problema com gestão de tempo e tarefas

Esse é um problema que pode afetar muitos profissionais, mas é especialmente comum entre designers patos. Eu já trabalhei com alguns e posso dizer que não foi fácil. Eles acreditam que vão conseguir entregar no prazo, mas a falta de habilidades complementares, como gestão de tempo e organização de tarefas, os impede de cumprir expectativas.

Saber gerenciar tempo e tarefas é uma habilidade essencial para qualquer profissional, pois demonstra comprometimento e responsabilidade. Muitos designers enfrentam dificuldades nessa área, ficando sobrecarregados com múltiplos projetos simultaneamente, o que aumenta o estresse e compromete a eficiência. A falta de planejamento adequado leva a entregas apressadas, perda de qualidade e até à frustração profissional.

Conselho: Não assuma mais tarefas do que consegue lidar. Saiba quando começar e quando terminar, para evitar sobrecarga e reduzir o risco de burnout. Use técnicas como Pomodoro para dividir seu tempo de forma produtiva, estabelecendo objetivos a cada ciclo de trabalho. Ensine seu cérebro a entrar no estado de flow e aproveite ao máximo esses períodos de alta concentração.

Se necessário, utilize métodos de priorização, como a Matriz de Eisenhower, para distinguir entre tarefas urgentes e importantes. Mas nunca deixe tarefas soltas esperando que se resolvam sozinhas. Se você não souber gerenciar seu tempo e suas entregas, terá sérias dificuldades para crescer na carreira e acabará preso na mediocridade. Designers de alto nível não apenas criam, mas também sabem administrar seu trabalho com inteligência e estratégia.

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Menos é mais

Pessoalmente, não quero ser mais ou menos bom em várias coisas — quero ser excepcional em poucas. A realidade atual não nos permite ser polímatas; temos contas a pagar e filhos para alimentar. Embora seja fascinante saber um pouco sobre tudo, é essencial ter foco na carreira para não se tornar um “designer pato”. Quanto mais você se concentra em poucas áreas, mais profundo e sólido seu conhecimento se torna.

Um ótimo exemplo disso é o querido Rodrigo Saiani, fundador da Plau Type & Design. Ele é um designer gráfico experiente, mas escolheu se especializar em tipografia. Hoje, é referência no assunto porque vive e estuda essa disciplina com profundidade, muito além do que designers generalistas costumam fazer.

Olhando para trás, percebo que já trabalhei em diversas áreas do design gráfico. No entanto, conforme minha relação com a computação se fortalecia, migrei para o Web Design, o que me levou a estudar usabilidade e design de interação. Esse caminho acabou me levando à faculdade de Engenharia de Software. Desde então, venho me especializando em Interação Humano-Tecnologia (IHT) e Experience Design. Por quê? Porque a tecnologia permeia nossa vida do momento em que acordamos até a hora de dormir. Quero projetar tecnologias humanizadas, que promovam o bem-estar das pessoas.

Conselho: Você deve começar a se especializar quando já tiver pelo menos cinco anos de experiência na área. Os cinco anos seguintes devem ser dedicados à consolidação desse conhecimento. Ao atingir dez anos de carreira, é essencial perceber uma evolução clara no seu trabalho. Você não precisa saber tudo, mas deve saber o suficiente para que ninguém consiga te enganar. Além disso, deve estar apto a defender seus argumentos com embasamento e inteligência. A busca pela excelência tem um custo alto, mas é muito mais recompensadora do que permanecer na superficialidade de um designer pato.

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Arme-se com conhecimento específico

Armar-se com conhecimento específico é uma das melhores formas de se preparar e se destacar em qualquer área. Naval Ravikant destaca que desenvolver conhecimento específico é essencial para criar riqueza e alcançar o sucesso. Baseando-se em suas ideias, podemos destacar os seguintes pontos principais:

Características do Conhecimento Específico

  • Não pode ser ensinado formalmente, apenas aprendido por meio da experiência. Se alguém pode treinar outra pessoa para ter as mesmas habilidades que você, então você ainda não possui um conhecimento realmente específico.
  • É encontrado ao seguir seus talentos, curiosidade genuína e paixões. Você pode desenvolvê-lo por meio de leitura especializada, experimentação ou até um PhD.
  • Está frequentemente na vanguarda da tecnologia, arte ou comunicação.
  • É valioso e único para cada indivíduo. Não pode ser facilmente replicado ou comoditizado.
  • Está na fronteira do conhecimento. Envolve áreas emergentes e de difícil compreensão, como os Transformers que deram origem ao ChatGPT, Generative UI Design, Human-AI Interaction, Human-Robot Interaction, Autonomous Vehicles ou AI Agent Interaction. A grande questão para designers é: como o design pode agregar valor a essas disciplinas?

Há muitos anos venho me dedicando a me tornar um designer melhor e a adquirir conhecimento específico, seja por meio de leituras especializadas ou trocas com designers mais experientes, que atuam em IHC ou IxD há mais de 20 anos. Nunca tive receio de me colocar na posição de aprendiz. Muitas das pessoas que admiro na área de design e tecnologia já tive a oportunidade de conhecer e aprender diretamente com elas.

Iniciei minha busca por conhecimento específico no momento em que percebi que não queria ser um “designer pato” em vez disso, queria ser excepcional em algumas áreas específicas.

Atualmente, ocupo o cargo de PhD Fellow no instituto de design de uma das escolas de design e arquitetura mais importantes da Escandinávia. Meu trabalho envolve o desenvolvimento de projetos para a indústria marítima que desafiam minhas habilidades, me ajudam a aprofundar meu conhecimento em áreas específicas e também me permitem contribuir para a evolução de outros designers.

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Dificuldade em resolver problemas complexos

Designers patos costumam ter uma visão ampla sobre várias áreas, mas, por não se aprofundarem o suficiente em nenhuma delas, tendem a oferecer soluções superficiais. A falta de conhecimento técnico aprofundado limita sua capacidade de tomar decisões embasadas e enfrentar desafios mais avançados.

Embora seja comum dizer que designers resolvem problemas, na prática, o design vai além disso. Designers lidam com situações, interpretam contextos e propõem soluções criativas. O objetivo nem sempre é solucionar um problema preexistente, mas criar novas possibilidades e agregar valor de maneiras inovadoras.

Por exemplo, a cadeira já foi inventada há séculos e o problema fundamental de “como sentar” já foi resolvido. No entanto, novas cadeiras continuam a surgir porque o design não se trata apenas da funcionalidade básica, mas de responder a novas situações, necessidades e preferências. Cada novo design pode trazer melhorias em ergonomia, estética, sustentabilidade ou na experiência do usuário.

Designers patos, por não possuírem conhecimento aprofundado, muitas vezes limitam-se a soluções simplistas e previsíveis, sem inovação. Eles podem até identificar problemas, mas frequentemente falham na formulação de soluções que realmente atendam às complexidades do contexto.

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Problem Finding e Problem Setting

Para lidar melhor com desafios no trabalho e na carreira, é fundamental compreender Problem Finding e Problem Setting, conceitos introduzidos por Herbert Simon em 1968.

Saber que você está resolvendo o problema certo é mais importante do que simplesmente encontrar um problema. Um problema mal definido leva a soluções ineficazes, enquanto uma boa definição do problema orienta o design na direção certa

Problem Finding

Refere-se à descoberta de problemas ainda não claramente reconhecidos. Trata-se de um processo exploratório que envolve pesquisa e análise para identificar necessidades reais ou oportunidades de inovação.

  • Objetivo: Identificar áreas de necessidade ou lacunas no mercado.
  • Método: Pesquisa de mercado, entrevistas, observação e análise de dados.
  • Exemplo: Descobrir que um grupo específico de usuários tem dificuldades em acessar um tipo específico de crédito bancário porque não entende como ele funciona na prática.

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Problem Setting

Uma vez que o problema foi identificado, Problem Setting é o processo de defini-lo e estruturá-lo com clareza para orientar a solução.

  • Objetivo: Formular o problema de maneira clara, com escopo, objetivos e critérios de sucesso bem definidos.
  • Método: Criar uma declaração de problema, identificar metas e estabelecer critérios de avaliação de soluções.
  • Exemplo: Definir que o problema é a dificuldade dos usuários em encontrar informações específicas em um site e estabelecer que a solução deve melhorar a acessibilidade, usabilidade e a velocidade de busca.

Designers de excelência não apenas encontram problemas, mas sabem defini-los e propor soluções que agreguem valor de maneira inovadora. Enquanto designers patos oferecem respostas rasas, designers experientes criam soluções impactantes ao compreender e estruturar os desafios de forma eficaz. Se você quer evoluir, precisa desenvolver essa capacidade crítica de enxergar e moldar problemas antes mesmo de resolvê-los.


O problema do designer pato was originally published in UX Collective