Brazil at Silicon Valley: transpondo a inovação para o ecossistema nacional

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Brazil at Silicon Valley: transpondo a inovação para o ecossistema nacional

*Por Arthur Guttilla

O Brazil at Silicon Valley (BSV) voltou a reunir o seleto grupo de convidados que lideram o empreendedorismo brasileiro, consolidando-se como muito mais que uma simples conferência. O evento representa uma verdadeira imersão cultural projetada para desafiar os modelos mentais dos brasileiros e provocar um produtivo “curto-circuito” na forma como concebemos a inovação tecnológica em nosso país.

A cada edição, investidores, empreendedores e executivos brasileiros desembarcam na Califórnia com um objetivo claro: entender como unir a adaptabilidade e resiliência brasileira com a obsessão americana pela disrupção sistemática. São dias de intensas reflexões sobre como construímos negócios e questionamentos sobre premissas fundamentais do ecossistema nacional.

Palestras destaque no Brazil at Silicon Valley

Entre os momentos mais aguardados do evento, a palestra de Igor Martineli, fundador da Tractian, destacou-se ao compartilhar a jornada de sua startup de manutenção preditiva industrial, mostrando como tecnologias de IoT e IA estão revolucionando o setor manufatureiro e criando oportunidades globais para empresas nacionais. Em uma troca divertida com um de seus investidores, Igor conseguiu demonstrar a cabeça determinada e apaixonada pelo problema que a Tractian resolve, demonstrando que nunca saiu do “Founder Mode”. O destaque foi quando o investidor contou que suas reuniões, antes de captar o dinheiro, aconteciam no Whole Foods de Palo Alto, sem exageros e extravagância.

Outro destaque foi a apresentação de Mateus Costa, fundador da Enter, que atraiu atenção especial por ser um caso raro de investimento da Sequoia Capital no Brasil, após anos da venture capital sem aportes diretos no país, sendo a última o NuBank. Costa detalhou como sua empresa conseguiu captar o interesse de um dos maiores fundos de investimento do mundo, mesmo com o foco na atuação nacional, e o que isso significa para o ecossistema brasileiro.

Completando o trio de palestras mais impactantes, o head de produtos da OpenAI trouxe insights sobre o futuro da inteligência artificial generativa e suas aplicações práticas nos mercados emergentes, com especial atenção às oportunidades que se abrem para empreendedores brasileiros neste campo em rápida evolução. Destacou como, com AI, todas empresas podem nascer globais, sem barreira de linguagens e com uma barreira técnica muito menor para criadores não-técnicos.

Networking como centro do evento

A essência do BSV transcende as palestras formais. O verdadeiro valor está nos encontros não programados: aquela conversa no café entre sessões, o contato feito durante a corrida matinal proporcionada pelo CUBO, SaaSholic e Endeavor, ou as conexões estabelecidas em um dos diversos happy hour. O evento proporciona o ambiente ideal para encontrar pessoas que, no Brasil, teriam agendas ocupadas para um bate-papo descontraído e, simultaneamente, produtivo.

É nessas interações espontâneas que se diferenciam o brasileiro de outras culturas. Sempre sorrindo, nessas oportunidades nascem parcerias, investimentos e ideias transformadoras que moldarão o futuro empreendedor brasileiro.

IA e gestão de energia

Sem sair do óbvio, o tópico mais discutido nesta edição foi a inteligência artificial. As diversas aplicações da IA em setores tradicionais da economia brasileira têm demonstrado potencial para revolucionar processos, reduzir custos e criar novas oportunidades de negócio em escala sem precedentes.

Paralelamente, a gestão de energia elétrica emergiu como outro tema quente, refletindo a crescente preocupação global com sustentabilidade e eficiência energética. Nesse ponto, o Brasil se destaca com seu potencial para energias renováveis, posicionando estrategicamente nessa discussão ao lidar com desafios de distribuição inteligente, armazenamento e consumo consciente de energia.

Uma missão ambiciosa

Para além dos benefícios imediatos, o BSV representa uma missão mais ambiciosa: transformar o país não apenas importando tecnologias, mas reprogramando como nossa elite empresarial concebe e executa a própria ideia de inovação.

O evento busca incutir no DNA do empreendedorismo brasileiro uma mentalidade que combine o melhor dos dois mundos: a criatividade e adaptabilidade do Brasil com a ousadia e a metodologia estruturada do Vale do Silício.

Em tempos de incerteza global e transformações aceleradas, iniciativas como o Brazil at Silicon Valley tornam-se fundamentais para preparar o ecossistema nacional para os desafios e oportunidades que se apresentam no horizonte tecnológico e empresarial.

*Arthur Guttilla atua no ecossistema de startups e inovação desde 2016, com experiência em big techs, empreendedorismo e educação. Passou por empresas como Amazon Web Services e Google, onde foi gerente de contas e atuou com fundos de venture capital early-stage. Fundador da Tropical.ia, criada em 2025 para aplicar IA de forma estratégica nas empresas, também é investidor-anjo, mentor de startups, presença ativa em eventos do setor e investidor na Bossa Invest.

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