Um app pode ameaçar o reinado da Meta; saiba qual
No "olho do furacão", está um nome curioso: MeWe, plataforma blockchain quase anônima O post Um app pode ameaçar o reinado da Meta; saiba qual apareceu primeiro em Olhar Digital.

Imagine um tribunal de compras digitais, onde Meta – dona de Facebook e Instagram – é acusada de esmagar rivais em seu caminho.
No centro do caso da Comissão Federal do Comércio dos EUA (FTC, na sigla em inglês) está um nome curioso: MeWe, plataforma blockchain quase anônima, mas que, para os investigadores, desafia diretamente o reinado de Mark Zuckerberg.

Quem é MeWe e por que isso importa?
Segundo o The Verge, o MeWe parece uma cópia simplificada do Facebook: feed de postagens, perfis e uma comunidade, mas construída sobre a blockchain Frequency. Isso permitiria, em teoria, levar suas “amizades” para outros apps que adotassem o mesmo protocolo.
Apesar de a empresa afirmar ter 20 milhões de cadastros, a experiência gerando uma conta e explorando o feed realizada pela jornalista do site, Lauren Feiner, resultou em rostos e nomes totalmente desconhecidos – nem mesmo conhecidos influencers ou executivos famosos parecem usar a plataforma ativamente.
Para a FTC, a definição de “mercado relevante” não inclui gigantes, como TikTok ou YouTube, mas, sim, os apps destinados a conectar amigos e familiares – os chamados PSNs (Personal Social Networking).
Nesse segmento, ela cita Snapchat, BeReal e… MeWe, argumentando que, só nessas plataformas, as pessoas compartilham, verdadeiramente, detalhes do dia a dia com quem conhecem pessoalmente.
A compra de Instagram (2012) e WhatsApp (2014) pela Meta seria, segundo a acusação, uma tentativa deliberada de sufocar concorrentes que ameaçavam esse domínio.
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Estratégia da defesa da Meta
- A Meta rebate, dizendo que todas as redes competem pela atenção do usuário, seja exibindo vídeos de estranhos famosos ou histórias de amigos;
- Para eles, TikTok, YouTube e até o app de Mensagens da Apple disputam o mesmo “tempo de tela”;
- A empresa aponta ainda documentos internos – por exemplo, relatórios demonstrando como, em momentos de queda do TikTok, o público migrava em massa de volta para os apps da Meta – como prova de que a competição vai além do simples compartilhamento entre amigos.
No tribunal, executivos de empresas diversas foram convidados a explicar por que suas plataformas não substituem o Facebook:
- Strava: app de corrida e ciclismo, onde “postar foto do bebê” seria estranho fora de um carrinho de bebê conectado ao treino;
- Pinterest: voltado para descoberta de ideias; usuários confundidos ao tentar usá-lo como rede social tradicional;
- TikTok: embora tenha guia “Amigos”, menos de 1% do conteúdo visualizado vem de pessoas conhecidas.
Esses testemunhos reforçam o argumento da FTC de que, para quem quer dividir momentos pessoais com pessoas de verdade, as únicas opções reais são Facebook, Instagram e, nas bordas do mercado, alguns poucos concorrentes.
O juiz James Boasberg terá de definir se concorda com a FTC de que o “mercado de redes pessoais” existe de fato — e se o MeWe é um competidor relevante — ou se adota a visão mais ampla da Meta, para quem todas as plataformas disputam o mesmo usuário. Ele analisará:
- Documentos internos: o que a própria Meta dizia sobre concorrência e ameaças internas?
- Depoimentos e provas: refletem a realidade dos usuários ou só interesses corporativos?
- Intuição jurídica: até que ponto redes sociais especializadas deixam de ser relevantes conforme o público migra para novos formatos?

O que está em jogo
Se o juiz aceitar a definição de mercado da FTC e constatar que Meta consolidou seu poder de forma anticompetitiva, as aquisições de Instagram e WhatsApp podem ser anuladas ou sofrer condições restritivas inéditas.
Caso contrário, a visão de “batalha pela atenção” prevalecerá, permitindo, à Meta, seguir atuando livremente em suas expansões e aquisições futuras.
Em suma, um pequeno app baseado em blockchain — praticamente invisível para o grande público — pode virar a chave de um dos julgamentos antitruste mais importantes do século XXI. A pergunta final é: você consideraria baixar o MeWe para mostrar ao juiz que, sim, há vida social fora do Facebook?
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