Padre brasileiro é criticado por gesto ‘desrespeitoso’ com o corpo do Papa Francisco; Vaticano emite alerta

Desde a morte do Papa Francisco, aos 88 anos, na segunda-feira, 21 de abril, o Vaticano transformou-se em um ponto de peregrinação global. Milhares de pessoas viajaram até a Basílica de São Pedro, na Cidade do Vaticano, para prestar suas últimas homenagens ao líder religioso, que permaneceu em repouso no local até seu funeral, marcado para o sábado, 27 de abril, na Praça São Pedro. Até esta sexta-feira, 26 de abril, mais de 130 mil pessoas já haviam passado pelo caixão, segundo dados divulgados pelo The Guardian.

Entre os visitantes, um gesto específico chamou a atenção: um padre brasileiro, com cerca de 115 mil seguidores no Instagram, publicou uma selfie ao lado do corpo do pontífice, acompanhada da legenda “Descanse em paz, Papa Francisco”. A imagem rapidamente gerou discussão, especialmente porque outros fiéis também compartilharam fotos semelhantes nas redes sociais. A atitude foi considerada “de mau gosto” por autoridades do Vaticano, que reforçaram a orientação para que os visitantes evitassem registrar imagens no local.

Em comunicado ao The Times, um porta-voz do Vaticano destacou que, apesar de entender a comoção pública, “tirar fotos não é apropriado”. A orientação foi reforçada por relatos de visitantes, como Valerio Russo, que observou uma mudança no comportamento dos guardas: “No início, as pessoas tiravam fotos, mas hoje os funcionários começaram a intervir. É uma questão de respeito. Não se trata de um espetáculo, mas de um momento religioso”.

Janine Venables, uma peregrina do País de Gales, também expressou surpresa ao ver selfies sendo feitas próximas ao caixão. “Foi dito que não era permitido fotografar na Capela Sistina, mas aqui as pessoas usavam o celular livremente. Achei falta de educação, e me impressionou que ninguém as impedisse”, comentou ao Mail Online.

O funeral do Papa acontecerá amanhã

Enquanto isso, os preparativos para o funeral seguem em ritmo acelerado. A cerimônia, que ocorrerá na Praça São Pedro, deve reunir uma multidão histórica. Após o evento, o corpo do Papa Francisco será sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, rompendo com a tradição de enterrar os papas na necrópole do Vaticano. A escolha reflete um pedido pessoal do pontífice, conhecido por sua devoção à imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, conservada no local.

A Basílica de Santa Maria Maior ficará fechada no sábado à tarde, durante a transferência dos restos mortais, mas reabrirá no mesmo dia para um terço noturno aberto ao público. A decisão visa equilibrar a logística do evento com o desejo de permitir que os fiéis continuem a prestar suas homenagens.

Enquanto a Igreja se prepara para despedir-se de um de seus líderes mais populares, a polêmica das selfies revela um conflito entre a cultura digital e os protocolos de reverência em momentos solenes. Para muitos, a proibição de fotos não se trata apenas de regras, mas de preservar a dignidade de um ritual que transcende gerações — um desafio cada vez comum em uma era onde até o luto pode ser compartilhado em segundos.

O legado do Papa Francisco, marcado por gestos de inclusão e simplicidade, agora se entrelaça com debates sobre como tradições se adaptam — ou resistem — às novas formas de expressão humana.

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