China acelera estímulos para travar impacto das tarifas dos EUA

A liderança do Partido Comunista Chinês (PCC) anunciou esta sexta-feira novas medidas para estabilizar e dinamizar a economia do país, numa tentativa de atenuar os efeitos da guerra comercial com os EUA. Após uma reunião dedicada à análise da conjuntura económica, o Politburo do Comité Central do PCC reconheceu que, perante o “aumento do impacto […]

Abr 25, 2025 - 15:31
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China acelera estímulos para travar impacto das tarifas dos EUA

A liderança do Partido Comunista Chinês (PCC) anunciou esta sexta-feira novas medidas para estabilizar e dinamizar a economia do país, numa tentativa de atenuar os efeitos da guerra comercial com os EUA.

Após uma reunião dedicada à análise da conjuntura económica, o Politburo do Comité Central do PCC reconheceu que, perante o “aumento do impacto de choques externos”, o Governo chinês vai “coordenar os esforços da economia interna com os desafios do comércio internacional”.

Embora sem mencionar diretamente os EUA, o mais alto órgão de decisão política da China referia-se às recentes tensões comerciais com Washington, que resultaram na imposição mútua de tarifas superiores a 100%.

O Politburo destacou a necessidade de “consolidar ainda mais as bases para uma recuperação económica sustentada” e sublinhou a importância de promover o consumo de serviços, reforçando o papel do consumo interno como motor do crescimento económico, segundo um comunicado divulgado pela agência noticiosa oficial Xinhua.

Desde o início da guerra comercial desencadeada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, muitas empresas chinesas voltaram-se para o mercado interno, na tentativa de mitigar os efeitos das tarifas impostas pelos EUA. No entanto, persistem dúvidas quanto à viabilidade desta estratégia, face à fraca procura interna — um dos principais entraves à retoma da segunda maior economia mundial.

Nesse contexto, o órgão político prometeu, embora sem avançar pormenores, um aumento dos rendimentos dos grupos de rendimentos médio e baixo.

Pequim voltou a exigir que Washington “deixe de exercer pressão” e mostre “respeito” caso queira, de facto, resolver os conflitos comerciais através do diálogo.

Nos últimos anos, Pequim tem evitado recorrer a pacotes de estímulo mais agressivos, procurando não repetir os níveis de inflação registados nas economias ocidentais após a pandemia. Esta contenção justifica-se pela elevada dívida pública e pela resistência do Presidente da China, Xi Jinping, ao que considera ser um modelo de “assistencialismo”.

O Politburo, composto por 24 membros e presidido por Xi, garantiu que vai “gerir com firmeza os assuntos nacionais”, aprofundar uma “abertura de alto nível” e reforçar a implementação de políticas macroeconómicas “mais proativas e eficazes”.

Entre as medidas avançadas estão o apoio à inovação científica e tecnológica, o estímulo ao consumo e a estabilização do comércio externo. Para isso, será aplicada uma política fiscal ativa e uma política monetária “moderadamente acomodatícia”.

Já no final de 2024, as autoridades tinham sinalizado uma mudança para uma orientação monetária “moderadamente flexível”, rompendo com 14 anos de postura “prudente”.

Paralelamente, foi anunciado que haverá uma redução das taxas de juro “no momento oportuno”. A mais recente ocorreu em outubro, quando o Banco Popular da China cortou a taxa de juro de referência em 25 pontos base, de 3,35% para 3,1%.

A reunião do Politburo surge numa altura em que Donald Trump se mostrou otimista quanto à possibilidade de um novo acordo comercial entre os Estados Unidos e a China.

Entretanto, Pequim voltou a exigir que Washington “deixe de exercer pressão” e mostre “respeito” caso queira, de facto, resolver os conflitos comerciais através do diálogo. As autoridades chinesas negaram, contudo, que estejam atualmente a decorrer negociações formais entre as duas potências.

Ainda assim, órgãos de comunicação chineses e internacionais têm noticiado possíveis isenções e suspensões de tarifas sobre determinados produtos norte-americanos por parte da China — sinais que poderão indiciar um possível alívio nas tensões.