Legislativas 2025: 72,5% dos eleitores portugueses não confiam na transparência da comunicação política

A menos de dois dias das eleições legislativas, existe um sentimento generalizado de desconfiança e falta de clareza na comunicação política em Portugal.

Mai 16, 2025 - 16:18
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Legislativas 2025: 72,5% dos eleitores portugueses não confiam na transparência da comunicação política
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A menos de dois dias das eleições legislativas, existe um sentimento generalizado de desconfiança e falta de clareza na comunicação política em Portugal. A conclusão é do vox-pop Política e Comunicação em Portugal”, promovido pela Spirituc – Investigação Aplicada e pela agência de comunicação Guess What, 72,5% dos portugueses consideram que os decisores políticos não são particularmente objetivos nem transparentes na forma como comunicam as suas decisões.

Apesar do acesso sem precedentes à informação, muitos eleitores declaram sentir-se pouco esclarecidos sobre a campanha eleitoral em curso. O estudo aponta para uma percepção generalizada de que partidos e candidatos enfrentam sérias dificuldades em comunicar os seus programas e ideias de forma clara e objetiva. Esta crítica é, no entanto, menos acentuada entre os eleitores mais jovens, que revelam sentir-se mais esclarecidos sobre os temas em debate e menos críticos quanto à eficácia comunicacional dos políticos.

A televisão continua a ser a principal fonte de informação para 85,9% dos portugueses, seguida pela rádio e jornais, ambos com cerca de 25%. No entanto, entre os eleitores com menos de 34 anos, as redes sociais se afirmam como uma fonte relevante: mais de 40% desta faixa etária utiliza regularmente estas plataformas para se informar sobre política, sinalizando uma mudança nos hábitos de consumo informativo.

Segundo Rui Costa, Investigador da Spirituc-Investigação Aplicada, para além da sensação de alguma falta de transparência que os eleitores sentem por parte dos diferentes partidos políticos na sua comunicação com o eleitorado, este estudo vem revelar a aparente incapacidade que a generalidade dos partidos políticos (e respetivos candidatos) têm uma comunicação efetiva e esclarecedora daquilo que são os seus Programa Eleitorais, as suas ideias e medidas propostas para o País”.

“É verdade que a literacia política dos eleitores é baixa e que tal contribuirá seguramente também para estes resultados. Isso é um problema. No entanto, importa questionar-nos se tal responsabilidade estará exclusivamente do lado dos eleitores ou se, efetivamente, os partidos políticos não poderão (e deverão) fazer mais e melhor no que concerne à forma como comunicam com o cidadão. O estudo abre essa janela de reflexão e indica-nos que, por parte dos partidos políticos, provavelmente existirá ainda um caminho a fazer neste particular”, afirma

Também Jorge Azevedo, Managing Partner da Guess What, reforça a importância de adaptar a comunicação aos novos tempos, em particular para a Geração Z: “Fica claro que Geração Z procura a informação que lhes diz algo nos canais digitais e não tanto nos meios considerados tradicionais. Os partidos políticos que não se posicionarem de forma eficaz nas diferentes redes sociais, que não adaptaram a sua mensagem às características dos seus públicos-alvo, correm o risco de perder o comboio comunicacional e claro, votos.”

A análise à campanha revela ainda que os debates televisivos continuam a desempenhar um papel central: sete em cada dez inquiridos afirmam ter assistido a pelo menos um debate entre candidatos, sendo que 27,2% acompanharam praticamente todos.

Contudo, num mundo cada vez mais globalizado, apenas 22,6% dos inquiridos afirmam sentir-se bem informados quanto às posições dos partidos face aos desafios internacionais.

O estudo, segundo o comunicado conjunto da Spirituc e da Guess What, reforça a urgência de uma comunicação política mais eficaz, adaptada aos diferentes públicos e aos novos canais digitais, de forma a combater o afastamento dos eleitores e a reforçar a qualidade do debate democrático.