Product Development Team Topologies

No mundo do desenvolvimento de produtos digitais, a forma como organizamos nossos times impacta diretamente nossa capacidade de criar valor para clientes e gerar resultados para a empresa.

O livro Team Topologies, de Matthew Skelton e Manuel Pais, trouxe contribuições valiosas sobre a organização de times de tecnologia.

Neste artigo, trago uma expansão dos conceitos de Team Topologies, conectando-os diretamente à visão de produto, ao cliente e aos resultados desejados, para estruturar times que não apenas entregam software de qualidade, mas constroem produtos de sucesso.

Product Development Team Topologies

O livro Team Topologies, de Matthew Skelton e Manuel Pais, é uma referência fundamental para quem pensa sobre organização de times de tecnologia. Entre muitas ideias relevantes, uma das mais conhecidas é a aplicação do Reverse Conway’s Law: a proposta de que, se queremos determinado design de sistema, devemos estruturar os times para favorecê-lo.

Essa perspectiva trouxe ganhos enormes para a engenharia de software. Mas, como toda abordagem, ela reflete o olhar dos seus criadores — que, no caso, é predominantemente técnico. E é exatamente por isso que vejo oportunidade de expandir o conceito.

Quando organizamos times de desenvolvimento de produto digital, nosso objetivo final não é apenas obter uma boa arquitetura de sistemas. Nosso objetivo é construir produtos que:

• Resolvem problemas reais de clientes;
• Geram resultados sustentáveis para a empresa;
• Entregam valor tanto para o cliente quanto para a empresa de forma consistente.

Portanto, a Lei de Conway e sua aplicação reversa não deveriam se limitar apenas à arquitetura de software. Elas deveriam se estender também à visão de produto que queremos tornar realidade.

Quando usamos a Lei de Conway sob essa lente mais ampla, ela nos leva às perguntas certas:

• Que produto queremos ser no futuro?
• Para quais clientes estamos construindo?
• Que resultados precisamos atingir para nossa empresa?
• Como a organização dos times pode facilitar a concretização dessa visão?

Ao desenhar a estrutura de times a partir da visão de produto, criamos organizações capazes de alinhar arquitetura, tecnologia e produto em torno de um mesmo objetivo.

Essa abordagem está alinhada com o que exploro nos artigos “Como estruturar times de desenvolvimento de produto mais eficazes” e “Playbook de Gestão e Desenvolvimento de Produto“.

Tenho orientado minhas clientes a estruturarem seus times não apenas para refletir a arquitetura de sistemas, mas principalmente para realizar a visão e a estratégia de produto que definimos.

Times em Team Topologies e a Visão de Produto

No Team Topologies, Skelton e Pais propõem quatro tipos de times:

• Stream-aligned team: focado em um fluxo de valor específico, como um produto ou serviço.
• Complicated subsystem team: especializado em áreas técnicas que exigem conhecimento profundo.
• Enabling team: que ajuda outros times a superar obstáculos técnicos ou de processo.
• Platform team: que cria plataformas internas para acelerar o trabalho dos outros times.

Entre esses tipos, apenas o stream-aligned team se aproxima de uma conexão com o negócio, pois trabalha com um fluxo de valor.

Ainda assim, o conceito de “stream” no livro é tratado mais como um fluxo técnico e operacional do que como uma representação explícita do cliente, da visão de produto ou dos objetivos estratégicos da empresa.

No desenvolvimento de produtos digitais, essa conexão precisa ser mais forte e mais clara.

Por isso, tenho orientado minhas clientes para que a estrutura de times reflita não apenas os fluxos técnicos, mas também seja deliberadamente organizada a partir da perspectiva de produto.

Isso significa estruturar times stream-aligned, que, no desenvolvimento de produto, normalmente são times customer-facing, de acordo com o que expliquei no artigo “Como estruturar times de desenvolvimento de produto mais eficazes“.

Esses times podem ser organizados por:

• produto ou funcionalidade;
• tipo de usuário;
• jornada de usuário;
• objetivo de negócio.

É comum usar mais de um tipo de organização de times, o que chamamos de estrutura híbrida. Por exemplo, em uma proptech posso ter um time (tribo) focado no tipo de usuário que compra imóveis e, dentro desse time posso ter um subtime (squad) focado no objetivo de aquisição de cliente e outro focado na jornada de busca de imóvel.

Essa organização potencializa as chances de sucesso do produto, aproximando o time do cliente e do mercado, o que faz da estrutura de times uma ferramenta ativa e poderosa para realizar a visão de produto e alcançar os resultados desejados.

Conclusão

A arquitetura importa. Mas, no desenvolvimento de produtos digitais, a visão de produto, o cliente e o resultado precisam entrar na equação para aumentar as chances de sucesso do nosso produto.

Expandir o conceito de Team Topologies para incluir explicitamente a visão de produto é um passo natural para quem quer construir não apenas sistemas bem desenhados, mas produtos que fazem a diferença para seus clientes e para suas empresas.

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