Gol registra lucro bilionário no 1º trimestre, apesar de custos ligados à recuperação judicial

A companhia aérea Gol Linhas Aéreas, atualmente em processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, encerrou o primeiro trimestre de 2025 com lucro líquido de R$ 1,38 bilhão, segundo balanço divulgado nesta quinta-feira, 16. O resultado representa uma queda de 64% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O desempenho ocorreu mesmo diante de despesas não recorrentes de R$ 302 milhões, valor atribuído pela empresa a custos relacionados ao processo de reorganização judicial sob o Capítulo 11 da legislação norte-americana. De acordo com o documento, “principalmente relacionados ao processo do Capítulo 11”, esses encargos impactaram os resultados trimestrais.

Em termos operacionais, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da companhia alcançou R$ 1,24 bilhão, patamar praticamente estável em comparação ao primeiro trimestre de 2024.

Considerando os dados ajustados e recorrentes, a Gol apresentou lucro de R$ 1,65 bilhão no período, alta de 43,6% frente ao mesmo trimestre do ano anterior. O Ebitda ajustado foi de R$ 1,54 bilhão, crescimento de 17,4%. A margem Ebitda ajustada, por sua vez, recuou de 27,8% para 27,3%.

A receita líquida da companhia somou R$ 5,6 bilhões entre janeiro e março, aumento de 19,4% na comparação anual. O segmento de transporte de passageiros registrou crescimento de 18%, enquanto a linha de “outras receitas” apresentou avanço próximo a 35%.

No trimestre, o indicador de preços de passagens (“yield”) da empresa subiu 5%. Já o índice de custos por assento-quilômetro disponível (CASK), excluindo combustível, teve alta de 17,6% em relação ao primeiro trimestre do ano anterior.

O balanço foi divulgado um dia após a companhia aérea Azul, que está em negociações para uma eventual fusão com a Gol, reportar prejuízo ajustado de R$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre de 2025. A cifra representa um aumento em relação ao resultado negativo de R$ 324 milhões registrado no mesmo período do ano passado.

A Gol, que protocolou seu pedido de recuperação judicial em janeiro nos Estados Unidos, informou em comunicados anteriores que o processo busca reestruturar dívidas e preservar suas operações regulares. A empresa declarou que continuará operando voos normalmente durante o processo, inclusive mantendo compromissos com fornecedores e funcionários.

A estratégia da companhia inclui reorganização financeira, renegociação de contratos e possíveis movimentações societárias. Em abril, executivos da Gol e da Azul confirmaram tratativas para avaliar uma combinação de negócios, mas ainda não houve divulgação de proposta formal ou cronograma para uma eventual operação.

No comunicado de resultados, a Gol destacou que o crescimento de receita líquida no trimestre foi impulsionado por aumento na demanda e ajustes tarifários. A empresa também informou que trabalha na reestruturação de sua malha aérea, com foco em rotas de maior rentabilidade e otimização de frota.

Ainda segundo o relatório, o número de assentos ofertados no trimestre aumentou em relação ao ano anterior, assim como a taxa de ocupação média dos voos. A companhia também afirmou que segue com medidas para contenção de custos operacionais e preservação de caixa.

O processo de reorganização judicial da Gol ocorre em um contexto de dificuldades financeiras enfrentadas pelo setor aéreo no Brasil, incluindo pressões cambiais, aumento do preço de combustíveis e alta carga tributária.

A recuperação judicial nos EUA permite que empresas estrangeiras busquem proteção contra credores enquanto tentam renegociar dívidas e manter suas atividades.

A companhia não informou previsão para o encerramento do processo de reestruturação. A direção da Gol declarou anteriormente que pretende emergir da recuperação judicial com estrutura de capital fortalecida e maior eficiência operacional.

A divulgação dos resultados financeiros ocorre em meio a avaliações do mercado sobre a viabilidade da fusão entre Gol e Azul, que operam parte significativa das rotas domésticas no Brasil.

A operação, caso concretizada, pode alterar o cenário concorrencial do setor aéreo nacional. Entretanto, qualquer acordo depende de aprovações regulatórias e análise de órgãos de defesa da concorrência.

A Gol informou ainda que permanece focada em assegurar liquidez, reduzir custos estruturais e melhorar a rentabilidade, enquanto conduz paralelamente as negociações com credores e investidores institucionais.

A companhia também reiterou seu compromisso com a continuidade operacional durante todo o processo judicial. As passagens adquiridas, programas de milhagem e voos programados continuam válidos, conforme comunicados anteriores da empresa à imprensa e aos consumidores.

Com informações da Reuters

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