Saída de Lupi do governo amplia crise interna no PDT e fortalece discurso por independência na Câmara

A substituição de Carlos Lupi no comando do Ministério da Previdência Social provocou instabilidade interna no PDT e colocou em xeque o alinhamento automático da legenda ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Integrantes do partido ligados ao ex-ministro e ao ex-candidato à Presidência da República, Ciro Gomes, passaram a defender uma postura […] O post Saída de Lupi do governo amplia crise interna no PDT e fortalece discurso por independência na Câmara apareceu primeiro em O Cafezinho.

Mai 5, 2025 - 16:03
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Saída de Lupi do governo amplia crise interna no PDT e fortalece discurso por independência na Câmara

A substituição de Carlos Lupi no comando do Ministério da Previdência Social provocou instabilidade interna no PDT e colocou em xeque o alinhamento automático da legenda ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Integrantes do partido ligados ao ex-ministro e ao ex-candidato à Presidência da República, Ciro Gomes, passaram a defender uma postura de independência nas votações da Câmara dos Deputados, conforme informações divulgadas pelo jornal O Estado de S. Paulo.

O sucessor de Lupi, Wolney Queiroz, que exercia a função de secretário-executivo da pasta, não conseguiu conter o descontentamento da ala cirista.

Embora filiado ao PDT, Queiroz foi contrário à candidatura de Ciro Gomes à Presidência em 2022 e sua nomeação é interpretada por esse grupo como uma decisão unilateral do presidente Lula, sem representação efetiva dentro do partido.

“O que nos prendia ao governo era a presença de Lupi na Esplanada”, disseram deputados em reuniões internas após a exoneração do ex-ministro.

O líder do PDT na Câmara, deputado Mário Heringer (MG), admitiu que a permanência na base aliada está sendo reavaliada.

“A saída de Lupi causou extremo constrangimento ao partido”, afirmou. Heringer foi um dos organizadores de um jantar em Brasília, em março deste ano, com a presença de Ciro Gomes. Na ocasião, parlamentares pediram que o ex-ministro voltasse a disputar a Presidência da República em 2026.

A possível ruptura ocorre em um momento de fragilidade da articulação política do Palácio do Planalto no Congresso Nacional. Em uma votação recente, que tratava da urgência de um projeto com restrições ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), o governo obteve apenas dez votos além do mínimo necessário.

Quatorze deputados do PDT acompanharam a orientação do Planalto, mas integrantes do partido avaliam que esse tipo de apoio tende a se tornar incerto.

Parlamentares ligados a Ciro Gomes argumentam que há afinidade com o governo federal em temas sociais, mas discordâncias profundas em relação à condução da política econômica, o que justificaria a adoção de uma linha independente na Câmara.

O grupo também tem expressado insatisfação com o impacto da crise na Previdência sobre a imagem do partido, especialmente após o desfecho da Operação Sem Desconto.

A investigação, conduzida pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), revelou um esquema de descontos indevidos em benefícios do INSS, com prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. As fraudes estariam relacionadas a contratos de crédito consignado.

Dirigentes do PDT criticaram a forma como o governo lidou com o escândalo, particularmente a nomeação de Gilberto Waller Júnior para a presidência do INSS sem consulta prévia a Carlos Lupi, então titular da pasta.

A crise expôs também as divisões internas na legenda. Após o fraco desempenho nas eleições municipais de 2024, setores do partido passaram a defender a saída de Ciro Gomes da sigla. A avaliação desses parlamentares é que o ex-ministro da Fazenda e ex-governador do Ceará estaria isolado politicamente e dificultando a reestruturação partidária para as eleições de 2026.

A situação é ainda mais delicada no Ceará, base política da família Gomes. A saída do senador Cid Gomes do PDT para o PSB, oficializada recentemente, aumentou o risco de debandada de deputados federais durante a janela partidária de 2026. A cisão entre os irmãos — Ciro e Cid — é considerada um fator agravante para o enfraquecimento da influência do grupo dentro da legenda.

Nos bastidores, líderes do PDT afirmam que a retirada de Lupi do ministério foi vista como um gesto político do Planalto que desconsiderou os interesses internos do partido.

Embora o governo argumente que a nomeação de Wolney Queiroz visa dar continuidade à gestão, a percepção de parte significativa da bancada é de que houve uma quebra na relação de confiança entre o Executivo e a legenda.

A direção nacional do PDT ainda não formalizou uma nova orientação política para a bancada na Câmara. Entretanto, membros da Executiva afirmam que, diante da atual conjuntura, a legenda deve se reunir nas próximas semanas para definir uma posição oficial sobre sua permanência ou não na base governista.

Enquanto isso, a atuação da bancada pedetista deve variar conforme o tema em discussão, com maior autonomia em relação às diretrizes do Palácio do Planalto. O realinhamento poderá ter consequências diretas nas votações de projetos de interesse do governo no Congresso.

Com a saída de Carlos Lupi, o PDT passa a ser um dos principais partidos da base até então considerada aliada que ameaça adotar uma linha de independência no Legislativo, o que pode comprometer a governabilidade e a estabilidade da articulação política do Executivo no segundo mandato de Lula.

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