Quem foi Marielle Franco? Conheça a sua história
Em 2018, Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram assassinados. O caso virou notícia no mundo todo e, ainda hoje, manifestações pedem justiça pelas vítimas. Bom, mas quem foi ela? Qual o seu legado? Nesse conteúdo, o Politize! te conta mais da história de vida pessoal e profissional de Marielle Franco.

Marielle Francisco da Silva nasceu em 27 de julho de 1979, no Rio de Janeiro. Formou-se em Ciências Sociais pela PUC-Rio. Ela foi vereadora, eleita em 2017 pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Em sua carreira política, Marielle foi reconhecida internacionalmente, por ONGs como a Anistia Internacional, pela formulações de projetos de leis e pautas em defesa dos direitos da população LGBTI e das mulheres pretas e faveladas.
No dia 14 de março de 2018, Marielle Franco e o motorista Anderson Pedro Gomes foram assassinados com 13 tiros. O caso Marielle, como ficou conhecido, foi notícia no mundo todo e gerou diversas manifestações que, mais de seis anos depois, continuam pedindo justiça e buscando manter seu legado vivo.
Diante disso, vamos resgatar a trajetória e o legado de Marielle Franco. Para isso, vamos ler, primeiro, o que ela própria escreveu e contou sobre si.
Trajetória de vida e profissional de Marielle Franco
Em um de seus artigos acadêmicos, sua trajetória profissional é relatada da seguinte maneira:
“Socióloga formada pela PUC-Rio e mestra em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF). (…) Trabalhou em organizações da sociedade civil, como a Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). Coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado de Marcelo Freixo. Tem 39 anos e foi eleita Vereadora da Câmara Municipal do Rio de Janeiro“Socióloga formada pela PUC-Rio e mestra em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF). (…) Trabalhou em organizações da sociedade civil, como a Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). Coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado de Marcelo Freixo. Tem 39 anos e foi eleita Vereadora da Câmara Municipal do Rio de Janeiro pelo PSOL.”
Seu mandato enquanto vereadora foi atuando principalmente em defesa dos direitos humanos. Marielle foi a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro em 2016, com 46.502 votos.
Esse pronunciamento foi muito divulgado, sobretudo por ter ocorrido no Dia Internacional da Mulher. Assista ao pronunciamento completo abaixo:
Veja também nosso vídeo sobre a história das milícias no Brasil!
Caso Marielle Franco e Anderson Gomes
Marielle Franco estava, na noite de 14 de março de 2018, voltando de um evento em que palestrava, na região do Estácio, bairro central do Rio de Janeiro. O carro em que estava foi alvo de 13 disparos de uma metralhadora. Anderson Pedro Gomes, motorista do veículo, e Marielle Franco faleceram no local.
O sargento aposentado Ronnie Lessa, acusado como o autor dos disparos, e o ex-policial militar Élcio Queiroz, apontado como o motorista do carro em que os disparos foram dados, foram presos no dia 14 de março de 2019. Em 2021, Ronnie Lessa foi condenado a 5 anos de prisão por ocultação de armas após a delação de Élcio Queiroz. Após nova decisão da justiça em 2024, Lessa foi condenado a seis anos e oito meses de prisão em regime semi-aberto.
Além deles, há mais dois suspeitos envolvidos diretamente com o crime. O primeiro deles é o Suel, apelido de Maxwell Simões Corrêa, acusado de ter escondido armas após o crime, auxiliado no descarte delas e cedido um carro para a perseguição à vereadora. O segundo, conhecido como “Orelha”, é Edilson Barbosa dos Santos, possível dono do ferro-velho que sumiu com o carro utilizado no assasinato.
Segundo as investigações, o crime estava sendo planejado com quatro meses de antecedência e de maneira meticulosa. Essa descoberta ocorreu ainda em março de 2019, quando houve a prisão, a partir de uma ação conjunta de quebra de sigilo na internet do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Já em outubro de 2019, Josinaldo Lucas Freitas também foi preso, acusado de ocultar as armas utilizadas no assassinato.
Há também uma pressão da opinião pública: o Instituto Marielle Franco, por exemplo, fundado pela família de Marielle para manter vivo o legado da vereadora, possui 50 mil seguidores na rede social Twitter. Tem sido comum também a presença de faixas lembrando sua morte em manifestações populares.
No dia de 27 de maio de 2020, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por unanimidade, pela não federalização da investigação, sobretudo pela possibilidade de haver interferências políticas no caso se ele fosse federalizado. Apesar disso, em 2023, Flávio Dino, enquanto ministro da justiça, afirmou que iria “empreender todos os esforços cabíveis” para solucionar o caso de Marielle Franco, ainda que o caso não tenha sido federalizado. A Polícia Federal tem atuado como auxiliar nas investigações.
No dia 24 de março de 2024, o inquérito que recolhia as provas dos autores do crime foi encerrado. Os suspeitos de serem os mandantes do assassinato de Marielle foram revelados: Chiquinho Brazão e Domingos Brazão.
Os irmãos Brazão possuem envolvimento com as milícias da zona norte do Rio de Janeiro, conforme informa o G1, apontada pela PF como possível motivação para mandar assassinar a vereadora. Isso porque Marielle atuava contra a grilagem de terra da zona norte, áreas que eram dominadas por essas mesmas milícias.
Além deles, o inquérito também envolve Rivaldo Barbosa, suspeito de planejar o crime e atrapalhar as investigações, ocultando provas. No dia da morte de Marielle, o Rio de Janeiro estava vivendo intervenção federal, e a Polícia Civil da cidade era chefiada por Rivaldo, que corroborou para o atraso da investigação.
Em outubro de 2024, o 4º Tribunal do Júri do Rio condenou os assassinos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Assim, o atirador, Ronie Lessa foi condenado a 78 anos e 9 meses de prisão, enquanto Élcio Queiroz, motorista do carro, 59 anos e 8 meses.
Ronnie e Élcio foram condenados pelos seguintes crimes:
- Duplo homicídio triplamente qualificado;
- Tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves, assessora de Marielle que sobreviveu ao atentado;
- Receptação do carro, um Cobalt prata, clonado, que foi usado no crime.
Além da prisão, ambos devem pagar:
- Pensão para o filho de Anderson até os seus 24 anos;
- Indenização de R$ 706 mil por dano moral para cada uma das vítimas — Arthur, Ághata, Luyara, Mônica e Fernanda Chaves;
- Custas do processo e a prisão preventiva deles, negando o direito de recorrer em liberdade.
Apesar disso, os dois assinaram um acordo de delação premiada, portanto, há a possibilidade de saírem da prisão antes deste tempo.
Repercussão internacional do caso da Marielle
Por conta das diversas questões políticas que envolvem o caso, além de contextos em aberto da investigação e da representatividade de Marielle Franco, o caso foi acompanhado e noticiado em diversos veículos da imprensa internacional, como o The New York Times, The Guardian, Le Monde, e Al Jazeera.
Legado de Marielle Franco
Cinco projetos de lei de autoria de Marielle Franco foram aprovados após a sua morte. São eles:
- Espaço Coruja (PL 17/2017): acolhimento noturno às crianças com mães que trabalham ou estudam;
- Inclusão do Dia de Tereza de Benguela (PL 103/2017);
- Assédio não é passageiro (PL 417/2017): criação de uma campanha de enfrentamento ao assédio e violência sexual em espaços públicos;
- Dossiê Mulher Carioca (PL 555/2017): compilado de dados de atendimento do sistema municipal sobre a violência contra a mulher;
- Assistência técnica pública e gratuita para habitações de interesse social (PL 642/2017).
Para vocês, o que figuras políticas como a vereadora Marielle Franco têm representado para o Brasil e para o mundo no contexto das mobilizações atuais? Deixe sua opinião nos comentários!
Publicado 6 de julho de 2020. Atualizado 13 de março de 2025.
Referências
- O Globo: investigação da morte de Marielle
- El Pais: intervenção no Rio
- Conjur: acusados de matar marielle serao submetidos a juri popular –
- Alessandro X. do Carmo: Sou Franco, Marielle.
- UBES: Anderson presente
- Caroline Silveira: machismo mata, e mulheres negras são as que mais morrem
- Marielle Franco: projetos
- Capítulo Marielle Franco
- G1: STJ deve julgar pedido de federalização
- Veja: novas pistas do caso marielle
- Uol notícias: acusado de ocultar armas no caso marielle seguira preso
- G1: relatora no STJ vota contra federalização
- Agência Brasil: Ronnie Lessa é condenado por contrabando de peças de armas de fogo
- G1 – Assassinos de Marielle, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são condenados pelo Tribunal do Júri