Marfrig e BRF anunciam fusão e preveem sinergias de R$ 800 mi

A Marfrig e a BRF acabam de anunciar que vão fundir suas operações, dando origem a uma empresa com receita de R$ 153 bilhões e estimando sinergias de pelo menos R$ 800 milhões/ano.  A ação da BRF cai 11% no after market em Nova York depois da notícia, sugerindo um desconforto do mercado com a […] The post Marfrig e BRF anunciam fusão e preveem sinergias de R$ 800 mi appeared first on Brazil Journal.

Mai 16, 2025 - 06:28
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Marfrig e BRF anunciam fusão e preveem sinergias de R$ 800 mi

A Marfrig e a BRF acabam de anunciar que vão fundir suas operações, dando origem a uma empresa com receita de R$ 153 bilhões e estimando sinergias de pelo menos R$ 800 milhões/ano. 

A ação da BRF cai 11% no after market em Nova York depois da notícia, sugerindo um desconforto do mercado com a relação de troca proposta.

Para viabilizar a fusão, Marcos Molina — o fundador e controlador da Marfrig, com 72% do capital — está abrindo mão do controle do negócio.

Após a operação, ele ficará com 41% da nova empresa, rebatizada de MBRF, ainda se mantendo como o maior acionista com folga.

Marcos Molina okO segundo maior acionista será o Salic, o fundo soberano da Arábia Saudita, que hoje tem 11% da BRF e ficará com 10% da nova companhia. Outro grande acionista da nova empresa será a Previ, que tem 5,9% da BRF e ficará com 5,1% da MBRF. 

Na transação, as ações da BRF serão incorporadas pela Marfrig numa relação de troca de 0,8521 ação da Marfrig para cada ação da BRF detida. A operação prevê ainda um pagamento de dividendos pelas duas companhias após a aprovação da transação: a Marfrig pagará R$ 2,5 bilhões, e a BRF, R$ 3,2 bi.

A Marfrig é muito mais alavancada, então a relação de troca deveria ser mais favorável à BRF, disse um gestor, calculando que a relação proposta está cerca de 15% favorável à Marfrig.

A BRF hoje vale R$ 34,6 bilhões na Bolsa; a Marfrig, R$ 17,7 bi.

“Estamos fazendo a fusão de duas empresas que estão no seu melhor momento operacional,” Molina disse ao Brazil Journal. “Feito o dever de casa nas duas empresas, chegou o momento de fazer as capturas que só são possíveis com as empresas fundidas. Tem muitas oportunidades de sinergia nas áreas comerciais, logística, de suprimentos e nos custos.”

Molina disse que na área comercial, por exemplo, a BRF já tem um processo de distribuição muito eficiente no Oriente Médio. “Com a fusão, vamos incluir no portfólio dessa distribuidora a carne bovina da Marfrig,” disse ele. 

A companhia combinada também poderá otimizar a compra de suprimentos, melhorar a logística com um CD multi proteína e podendo levar fretes com volumes maiores; e otimizar sua estrutura corporativa. 

A estimativa das companhias é que todas essas sinergias já mapeadas possam gerar um ganho de EBITDA de R$ 805 milhões por ano, dos quais R$ 400-500 milhões já seriam capturados nos primeiros 12 meses e o restante no médio/longo prazo.  

Há ainda um ganho tributário relevante, que as companhias estimam em R$ 3 bilhões. 

Essas ganhos virão de juntar as operações das duas companhias num mesmo Estado, o que deve gerar uma redução de ICMS, além da nova companhia poder reduzir o lucro tributável da BRF usando créditos de imposto que a Marfrig tem hoje. 

Molina disse ainda que outro plano para a companhia combinada é redomiciliar a MBRF para os Estados Unidos, mudando também a listagem, seguindo os passos do que a JBS fez recentemente. 

“Isso daria acesso a um mercado de capitais mais amplo e líquido, onde os múltiplos são maiores, e reduziria o nosso custo do serviço da dívida,” disse ele. “Mas esse é um passo para darmos no futuro. O foco inicial vai ser a captura das sinergias.”

A transação ainda precisará ser aprovada em assembleias de acionistas das duas companhias. Mas esse é apenas um passo burocrático. O entendimento das companhias é que a Marfrig poderá votar na assembleia da BRF, já que ela não participou da negociação da relação de troca. Com isso, a operação já teria votos suficientes para ser aprovada. 

A fusão da BRF com a Marfrig é o último capítulo de um movimento que começou a ser gestado por Molina em 2021, quando a Marfrig comprou pela primeira vez ações da BRF. Em abril de 2022, a Marfrig passou a controlar a dona das marcas Sadia e Perdigão, com Molina implementando uma mudança brusca no management e na estratégia, que, nas contas da empresa, gerou ganhos de mais de R$ 5 bilhões de EBITDA nos últimos três anos. 

O reflexo mais nítido dessa mudança é o fato da BRF ter voltado a distribuir dividendos no ano passado, depois de anos queimando caixa. 

Após a transação e a distribuição dos dividendos, a empresa combinada deve nascer com uma alavancagem de 2,9x EBITDA, em comparação aos 2,6x que a Marfrig fechou no primeiro tri deste ano. 

O Citi assessorou o comitê independente da BRF, que trabalhou com Eizirik Advogados e Simpson Thacher.

O JP Morgan assessorou a Marfrig, que trabalhou com Tozzini e Linklaters.

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