Jeffrey Sachs afirma que Brasil tem posição estratégica para liderar agenda ambiental global
O economista norte-americano Jeffrey Sachs, diretor do Centro para o Desenvolvimento Sustentável da Universidade Columbia, afirmou que o Brasil ocupa uma posição estratégica no cenário internacional e pode exercer papel de liderança na agenda ambiental global. A declaração foi feita durante entrevista ao jornal O Globo, concedida em sua passagem pelo Rio de Janeiro, onde […] O post Jeffrey Sachs afirma que Brasil tem posição estratégica para liderar agenda ambiental global apareceu primeiro em O Cafezinho.

O economista norte-americano Jeffrey Sachs, diretor do Centro para o Desenvolvimento Sustentável da Universidade Columbia, afirmou que o Brasil ocupa uma posição estratégica no cenário internacional e pode exercer papel de liderança na agenda ambiental global.
A declaração foi feita durante entrevista ao jornal O Globo, concedida em sua passagem pelo Rio de Janeiro, onde participou de uma aula magna na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), promovida pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
Segundo Sachs, a combinação entre os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil e seu capital ambiental qualifica o país para exercer protagonismo no debate climático.
“O Brasil tem um papel único nesse novo sistema multipolar”, afirmou o economista, destacando que o país abriga a maior biodiversidade do planeta e possui experiência consolidada em energia limpa.
De acordo com ele, esse conjunto de fatores pode transformar o Brasil em um dos principais atores da transição para uma economia de baixo carbono.
A avaliação foi feita no contexto da presidência brasileira simultânea de três espaços multilaterais: o G20, o BRICS e a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), marcada para 2025, em Belém (PA). Para Sachs, esses eventos representam uma “oportunidade única” para o país influenciar a construção de uma nova governança ambiental global.
Energia limpa como diferencial competitivo
Ao comentar sobre o papel do Brasil na transição energética mundial, Sachs afirmou que o país já ocupa posição de destaque em segmentos sustentáveis e poderá ampliar essa influência nos próximos anos.
“Só para mencionar um exemplo óbvio, o Brasil é o principal fornecedor mundial de biocombustíveis e será o principal fornecedor mundial de combustível de aviação com emissão zero no futuro. É um grande negócio para o Brasil”, declarou.
O economista argumentou que os países que liderarem o desenvolvimento de tecnologias e políticas de baixo carbono estarão em vantagem econômica no médio e longo prazos. “Aqueles que agirem antes terão uma grande vantagem, terão uma base industrial adequada. Estarão mais protegidos do que os que esperarem ou forem negacionistas”, afirmou.
Sachs citou a China como exemplo de país que já está consolidando liderança nesse setor, com investimentos robustos em veículos elétricos, turbinas eólicas e hidrogênio verde. Segundo ele, o Brasil possui condições semelhantes para combinar sua biodiversidade com avanço tecnológico e instrumentos de política pública.
COP30 como marco diplomático
O economista também comentou a importância da realização da COP30 em território brasileiro. Para Sachs, o evento poderá marcar um novo momento de mobilização global em torno da pauta climática, especialmente diante do afastamento dos Estados Unidos das negociações multilaterais durante o governo de Donald Trump.
“A COP30 é a primeira oportunidade para o restante do mundo dizer: ‘lamentamos sua saída temporária. Isso vai custar caro, pois vocês vão ficar cada vez mais para trás, mas nós não vamos desacelerar por causa do erro de vocês’”, afirmou Sachs.
A crítica foi direcionada à política ambiental adotada pelo governo Trump, que retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris e de outros organismos multilaterais, como a Organização Mundial da Saúde.
Segundo Sachs, a condução do Brasil à frente da COP30 poderá demonstrar que a cooperação internacional pode avançar mesmo sem a participação ativa dos Estados Unidos. Para ele, a conferência em Belém será um momento de afirmação para países em desenvolvimento que buscam protagonismo na transição energética global.
Conflitos internos e papel internacional
Apesar das oportunidades, Sachs reconheceu que o Brasil enfrenta desafios internos para consolidar uma liderança ambiental duradoura. “Nem mesmo a proteção da própria biodiversidade é amplamente aceita dentro do país, por causa de grupos econômicos ou grupos políticos específicos”, declarou.
A observação se refere a disputas entre setores da economia, como o agronegócio e a mineração, que historicamente influenciam a formulação de políticas ambientais no país.
Ainda assim, o economista reforçou que o Brasil tem condições de superar essas barreiras e liderar pelo exemplo. “O fato do Brasil, num período de 12 meses, ter sido líder do G20, presidir o BRICS e ser hospedado da COP30, é ao mesmo tempo notável e um sinal do papel único que ele exerce no cenário global”, afirmou.
Jeffrey Sachs é um dos principais especialistas internacionais em desenvolvimento sustentável e tem atuado como conselheiro de diversos organismos multilaterais, incluindo as Nações Unidas. Em sua passagem pelo Brasil, além da aula magna na PUC-Rio, participou de encontros com representantes da sociedade civil, setor acadêmico e instituições ligadas à formulação de políticas públicas na área ambiental.
O post Jeffrey Sachs afirma que Brasil tem posição estratégica para liderar agenda ambiental global apareceu primeiro em O Cafezinho.