Gigante russa avança em negociação para construir pequenas usinas nucleares e explorar urânio no Brasil
A Rússia sinalizou interesse em ampliar sua cooperação com o Brasil no setor nuclear, incluindo a construção conjunta de pequenas usinas nucleares. A proposta foi destacada por Alexey Likhachev, diretor-geral da Rosatom, estatal russa de energia atômica, durante entrevista à agência Sputnik na sexta-feira (9). Likhachev afirmou que o Brasil demonstrou interesse específico em reatores […] O post Gigante russa avança em negociação para construir pequenas usinas nucleares e explorar urânio no Brasil apareceu primeiro em O Cafezinho.

A Rússia sinalizou interesse em ampliar sua cooperação com o Brasil no setor nuclear, incluindo a construção conjunta de pequenas usinas nucleares. A proposta foi destacada por Alexey Likhachev, diretor-geral da Rosatom, estatal russa de energia atômica, durante entrevista à agência Sputnik na sexta-feira (9).
Likhachev afirmou que o Brasil demonstrou interesse específico em reatores nucleares de baixa capacidade, tanto terrestres quanto flutuantes. Segundo ele, esse tema foi tratado diretamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por integrantes do governo brasileiro durante encontros bilaterais em Moscou.
“A parte brasileira demonstrou particular interesse — e isso foi expresso tanto pelo presidente Lula quanto por membros do governo — na questão das pequenas centrais nucleares, tanto em terra quanto flutuantes. E é nesse ponto que temos a oportunidade de oferecer uma cooperação bastante ampla aos brasileiros. Porque os cascos das usinas nucleares flutuantes podem ser produzidos diretamente por empresas brasileiras”, declarou Likhachev ao ser questionado sobre os resultados das conversas entre os líderes da Rússia e do Brasil.
O presidente Lula está em visita oficial a Moscou, onde participou das comemorações dos 80 anos do Dia da Vitória, evento que marca o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa.
Durante a visita, Lula e o presidente russo, Vladimir Putin, realizaram uma reunião bilateral para discutir temas de interesse comum, entre eles, o aprofundamento da cooperação energética.
A proposta de desenvolvimento conjunto de pequenas centrais nucleares já havia sido mencionada anteriormente, durante a visita ao Brasil do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em 2023.
A iniciativa faz parte de um plano do Ministério de Minas e Energia do Brasil, que prevê a criação de uma rede de pequenos reatores para atender áreas remotas, diversificar a matriz energética e ampliar o uso de recursos minerais estratégicos, como o urânio.
Em paralelo à agenda presidencial, representantes da Rosatom e do governo brasileiro avançaram em entendimentos sobre a exploração mineral. Sergey Polgorodnik, CEO da Tenex — subsidiária da Rosatom responsável pelo comércio internacional de produtos do ciclo do combustível nuclear —, reuniu-se com o ministro de Minas e Energia do Brasil, Alexandre Silveira.
Na ocasião, as partes assinaram um acordo de colaboração voltado ao desenvolvimento conjunto de atividades de prospecção, exploração e aproveitamento de jazidas de urânio em território brasileiro.
O Brasil possui uma das maiores reservas conhecidas de urânio do mundo, com aproximadamente 280 mil toneladas, de acordo com estimativas oficiais. A expansão da exploração do mineral é considerada estratégica para o fortalecimento da produção nacional de energia nuclear.
Além do urânio, o país também tem posição de destaque na produção e nas reservas de lítio, outro insumo considerado essencial para a transição energética global. O Brasil está entre os seis maiores produtores do mineral e possui a oitava maior reserva mundial, segundo dados do setor.
A aproximação entre Brasil e Rússia no setor nuclear ocorre em um contexto de reconfiguração geopolítica e busca por alternativas energéticas.
A Rosatom atua em diversos países com projetos de usinas de pequena e média escala, inclusive em áreas com infraestrutura limitada, por meio de modelos modulares e unidades flutuantes.
A construção de usinas nucleares de pequeno porte tem sido considerada uma alternativa para ampliar o acesso à energia em regiões isoladas e reduzir a dependência de fontes fósseis.
No caso brasileiro, o projeto também pode estar vinculado à valorização de cadeias produtivas nacionais, com a utilização de empresas locais na fabricação de partes das estruturas, como apontado por Likhachev.
Até o momento, não há previsão formal de início das obras ou definição de localidades específicas para a instalação das unidades. O governo brasileiro ainda não divulgou os termos completos do acordo nem a extensão do envolvimento técnico da Rosatom nos projetos futuros.
As negociações entre os dois países continuarão nos próximos meses, com desdobramentos esperados tanto na esfera diplomática quanto nos setores de mineração, energia e defesa estratégica.
A possibilidade de cooperação em tecnologia nuclear também se insere em um debate mais amplo sobre a diversificação das parcerias internacionais do Brasil e o fortalecimento de sua capacidade autônoma de produção de energia.
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