O que considerar antes de ter filhos? 8 reflexões importantes
Psicóloga explica por que refletir sobre o desejo de ser mãe é essencial para uma jornada digna

Para muitas mulheres, a maternidade é um projeto de vida desejado e sonhado. No entanto, especialistas em planejamento familiar reforçam a importância de refletir sobre algumas questões fundamentais antes de tomar essa decisão. Para entender melhor esse tema, conversamos com a psicóloga Raquel Baldo, que trouxe pontos essenciais sobre o planejamento materno.
“Questionar a ideia de maternidade já é, por si só, um passo importante e saudável para viver essa experiência de maneira mais consciente e tranquila. Afinal, ser mãe em uma sociedade machista e patriarcal pode ser um processo conflituoso e, muitas vezes, carregado de cobranças e desafios invisíveis”, explica Raquel.
A maternidade precisa ser questionada
Muitas mulheres não se perguntam sobre suas reais vontades ou as renúncias que a maternidade pode exigir. Por vezes, essa escolha é encarada como uma etapa obrigatória da vida feminina, tão natural quanto frequentar a escola. Mas será que é mesmo?
A psicóloga ressalta: “É fundamental perceber se a ideia de ser mãe parte de um desejo genuíno ou de uma expectativa social imposta ao longo da vida.”
Cuidado com as idealizações
Filmes, novelas e redes sociais costumam retratar apenas os momentos de afeto e felicidade, mas a criação de um filho envolve muito mais. É essencial ter expectativas reais e entender que nem todas as mulheres sentem um amor absoluto durante a gestação – e isso é natural. A maternidade traz desafios diários, mudanças na rotina e concessões pessoais. Antes de seguir com esse plano, vale refletir: minha expectativa está de fato alinhada com a realidade?
Você sabe o que é ser mãe?
Outra reflexão importante: você já se perguntou se realmente entende o que significa ser mãe? Muitas vezes, a ideia de maternidade está mais associada a desejos e expectativas idealizadas do que à realidade cotidiana de criar um filho.
Ter um filho é diferente de ser mãe. Raquel Baldo

Raquel Baldo destaca:
“Ter um filho é garantir que ele tenha alimentação, escola, cuidados básicos. Já a função materna é se emprestar para que esse ser possa existir de forma saudável, emocional e socialmente, dividindo espaço, tempo e afeto sem abrir mão de si. Uma mãe boa é aquela que reconhece suas limitações, sabe que não dará conta de tudo e entende que fazer o suficiente já é um gesto de amor e cuidado.”
Por quê você deseja ser mãe?
Esse é um questionamento profundo que deve ser feito de maneira honesta:
Você quer ser mãe porque sente esse desejo, porque é casada, porque sua família espera isso, ou porque a sociedade diz que esse é o caminho natural?
Entender a origem desse desejo é essencial para evitar decisões baseadas em pressões externas.
Como está a sua vida hoje?
Antes de planejar a maternidade, é fundamental avaliar a própria saúde física, emocional e financeira. Ter um filho demanda estrutura.
“Você está pronta para dividir a maternidade com alguém? Ou assumiria sozinha? Mesmo em relações estáveis, na maioria dos casos, a responsabilidade materna recai exclusivamente sobre a mulher”, alerta Raquel.
Você tem uma rede de apoio?
Algo muito importante a ser colocado, e que é uma questão atual: se em algum momento você estiver sozinha na sua vida, sem o seu companheiro, você bancaria esse filho? Você consegue mantê-lo? E aqui não estamos falando só de dinheiro. É muito importante falar disso, porque a maternidade está sempre associada também à solidão. Então, é muito importante que haja rede de apoio.

Antes de tudo, cuide de você
A especialista reforça: “Quando falamos sobre considerar a possibilidade de talvez não ser mãe, esse ato também pode ser entendido como uma função materna. Uma mulher que reconhece que, mesmo amando a ideia de ser mãe, talvez não consiga oferecer a estrutura de vida que considera saudável para um filho, está exercendo um cuidado. E isso também a torna uma mãe suficientemente boa”, afirma.
De acordo com Raquel, uma boa mãe é aquela que reconhece as suas próprias dificuldades, sabendo que irá falhar em alguns momentos e, mesmo assim, ainda investe em proporcionar aquilo que é possível — o suficiente para si e para o filho. E se perceber que não é viável naquele momento, ela recua.
“Ela entende que fazer tudo pelo filho não é, necessariamente, um gesto de amor. Pelo filho, a gente faz o suficiente, aquilo que também é possível fazer por si mesma”, declara.
Por isso, antes de planejar a maternidade, é fundamental refletir: se eu me tornar mãe, eu continuo existindo? Se a resposta for que, hoje, essa existência já está fragilizada, então talvez o primeiro passo seja cuidar de si, da própria saúde emocional e do seu lugar no mundo, para depois, com mais consciência e estrutura, voltar a considerar a maternidade.
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