EUA e China surpreendem com acordo para cortar tarifas

Acordo temporário entre EUA e China traz alívio imediato para os mercados globais, revertendo parte das tarifas que ameaçavam a economia O governo dos Estados Unidos e a China anunciaram um acordo temporário para reduzir tarifas recíprocas. O entendimento surpreendeu o mercado ao superar expectativas, num momento em que as duas maiores economias do mundo […] O post EUA e China surpreendem com acordo para cortar tarifas apareceu primeiro em O Cafezinho.

Mai 12, 2025 - 14:14
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EUA e China surpreendem com acordo para cortar tarifas

Acordo temporário entre EUA e China traz alívio imediato para os mercados globais, revertendo parte das tarifas que ameaçavam a economia


O governo dos Estados Unidos e a China anunciaram um acordo temporário para reduzir tarifas recíprocas. O entendimento surpreendeu o mercado ao superar expectativas, num momento em que as duas maiores economias do mundo buscam encerrar uma guerra comercial que vinha alimentando medos de recessão e causando instabilidade nos mercados financeiros.

Segundo comunicado divulgado nesta segunda-feira (12), os EUA vão reduzir as tarifas extras aplicadas às importações chinesas em abril deste ano de 145% para 30%. Já as tarifas chinesas sobre produtos norte-americanos cairão de 125% para 10%. As novas medidas entram em vigor imediatamente e têm validade de 90 dias.


Mercados reagem positivamente ao anúncio

Após o anúncio, o dólar valorizou-se e os mercados acionários subiram, ajudando a acalmar receios de uma desaceleração econômica deflagrada no mês passado após o presidente norte-americano Donald Trump elevar ainda mais as tarifas com o objetivo de reduzir o déficit comercial dos EUA.

“Os dois países defenderam muito bem seus interesses nacionais”, afirmou Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, após conversas com autoridades chinesas em Genebra. “Ambos temos interesse em um comércio equilibrado, e os EUA continuarão caminhando nessa direção.”

Bessent adotou um tom conciliatório em relação à China. Ele falou ao lado do representante comercial norte-americano Jamieson Greer após encontros no fim de semana na Suíça, onde ambas as partes destacaram avanços nas negociações.


Nenhum lado quer o rompimento total das relações comerciais

“O consenso alcançado neste fim de semana é de que nenhum dos lados deseja um desacoplamento”, disse Bessent. “As tarifas muito altas criaram uma situação equivalente a um embargo, e isso não interessa a ninguém. Queremos comércio.”

A disputa tarifária havia paralisado quase US$ 600 bilhões em comércio bilateral, prejudicando cadeias de suprimentos, gerando preocupações com estagflação — combinação de estagnação econômica e alta inflação — e provocando demissões em setores estratégicos.


Primeiro diálogo presencial desde o retorno de Trump ao poder

As reuniões em Genebra marcaram o primeiro contato presencial entre altos funcionários econômicos dos EUA e da China desde que Trump reassumiu a Presidência e lançou uma ampla ofensiva tarifária global, especialmente contra a China.

Bessent explicou que o acordo não inclui tarifas específicas por setor e que os EUA continuarão com o processo estratégico de reequilíbrio em áreas como medicamentos, semicondutores e aço, onde identificou vulnerabilidades em suas cadeias de suprimento.

O entendimento foi considerado mais amplo do que muitos analistas esperavam, diante das semanas anteriores marcadas por discursos agressivos de ambos os lados.


Análise: medida traz alívio ao comércio global

“Isso é melhor do que eu esperava. Achei que as tarifas seriam cortadas até cerca de 50%”, comentou Zhiwei Zhang, economista-chefe da Pinpoint Asset Management, em Hong Kong.

“Claramente, essa é uma notícia muito positiva tanto para as economias dos dois países quanto para a economia global, e tranquiliza bastante os investidores quanto aos danos às cadeias globais de suprimentos no curto prazo”, acrescentou.


Cenário anterior: escalada de Trump e retaliação chinesa

Desde que assumiu o cargo em janeiro, Trump aumentou as tarifas pagas pelos importadores norte-americanos sobre produtos chineses para 145%, somando às já aplicadas durante seu primeiro mandato e às impostas pela administração Biden.

Em resposta, a China impôs restrições à exportação de alguns terras-raras — insumos essenciais para fabricantes norte-americanos de armamentos e eletrônicos — e elevou as tarifas sobre produtos dos EUA para 125%.


Empresas europeias respiram aliviadas com o acordo

As ações de empresas europeias atingidas pela guerra comercial recuperaram terreno após o anúncio. A Maersk (MAERSKb.CO), empresa dinamarquesa de logística, liderou os ganhos na Europa, com alta superior a 12%. Na semana anterior, a companhia alertara que o volume de contêineres entre EUA e China despencou por causa da disputa.

Enquanto isso, as ações de grupos de luxo como LVMH (LVMH.PA) e Kering (PRTP.PA), dona da Gucci, subiram 7,4% e 6,7%, respectivamente.


Boeing evita comentar impacto imediato

A fabricante norte-americana Boeing não respondeu a pedidos de declaração sobre como o acordo afetaria as entregas de aeronaves a clientes chineses. Em abril, a empresa cogitava revender dezenas de aviões impedidos de entrar na China devido às tarifas.

Os futuros da bolsa de Nova York também subiram, com o otimismo renovado de que uma recessão global possa ser evitada.

Trump fez uma leitura positiva das negociações antes mesmo de seu término, dizendo que os lados negociaram “um reset completo… de forma amigável, mas produtiva”.


Fentanil e ambiente informal também foram destaques nas conversas

O presidente dos EUA justificou parte da imposição das tarifas com base em uma emergência nacional declarada sobre a entrada de fentanil ilegal no país. Segundo Greer, conversas sobre a contenção do uso do opioide foram “muito construtivas”, embora tratadas em outra frente.

Os encontros entre autoridades ocorreram durante dois dias na residência do embaixador suíço da ONU, com vista para o Lago Genebra. Greer destacou que questões complexas foram resolvidas ao ar livre, sentados em móveis de jardim sob a sombra de uma árvore alta.

“Esse cenário, em vez de uma sala de conferências fria ou um hotel impessoal, permitiu que desenvolvêssemos relações pessoais com nossos pares e contribuiu para o sucesso do acordo”, concluiu.

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