Entrevista com Marina Sena, que lança “Coisas Naturais”: “Depois do álbum, canto um milhão de vezes melhor”
Na capa de “Coisas Naturais”, Marina Sena está no centro de uma colagem assinada pelo diretor de arte Marcelo Jarosz e cheia de referências. Ao seu redor estão elementos de seu universo, que vai do norte de Minas Gerais, onde nasceu e foi criada, ao Brasil afora, onde se fez um ícone pop. Cavalos, frutas ... O post Entrevista com Marina Sena, que lança “Coisas Naturais”: “Depois do álbum, canto um milhão de vezes melhor” apareceu primeiro em PAPELPOP.


Na capa de “Coisas Naturais”, Marina Sena está no centro de uma colagem assinada pelo diretor de arte Marcelo Jarosz e cheia de referências. Ao seu redor estão elementos de seu universo, que vai do norte de Minas Gerais, onde nasceu e foi criada, ao Brasil afora, onde se fez um ícone pop.
Cavalos, frutas tropicais, violão e retratos de Marku Ribas e Gal Costa dividem o mesmo espaço, o interior e, também, o exterior de uma casa em que a cantora e compositora de Taiobeiras finca os pés com botas pretas que complementam três looks diferentes. Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo. O repertório do disco, o terceiro de sua trajetória solo, reflete a mesma ideia.
Lançado na noite desta segunda-feira (31), o sucessor de “De Primeira” (2021) e “Vício Inerente” (2023) vai ainda mais fundo nas influências da formação musical de Marina com 13 faixas carregadas de brasilidade. Nelas tem pop, bossa nova, reggae, arrocha e até funk, traduzindo essa artista que mira o mundo, mas conhece e honra as próprias raízes.
“Acho que [este] é o álbum que mais me representa e me deixou mais satisfeita. Depois que fiz, fiquei: ‘Meu Deus, amo isso aqui! E escutaria mesmo se não fosse eu fazendo’. Consegui sintetizar melhor todas as coisas que são eu – eu sou essa pessoa moderna, mas que busca a regionalidade, a tradição e a ancestralidade o tempo inteiro”, conta a estrela, em entrevista.
Ela compara: “‘De Primeira’ tem músicas de uma pessoa que está chegando na fase adulta, então tem um tom específico e muito orgânico. ‘Vício Inerente’ foi mais pretensioso e experimental. Eu quis experimentar um lugar que não era a minha zona de conforto, ainda utilizando os ritmos brasileiros, mas, muitas vezes, de um jeito distorcido. Isso me ensinou muito”.
Além dos ritmos, Marina também explora os próprios vocais em “Coisas Naturais”. Ao lado da fonoaudióloga Blacy Gulfier, dedicou-se ao aprimoramento técnico e a pesquisas das possibilidades de sua voz, fazendo um trabalho de produção vocal que nunca tinha feito anteriormente em sua carreira.
“Quis gravar uma música por dia para trabalhar cada detalhe de cada frase, de cada palavra, de cada som que sai da minha boca. Fiz um detalhamento de como minha voz tinha que funcionar em cada ponto da música. Foi [um trabalho] bem minucioso e incrível. Hoje, depois de ter gravado esse álbum, eu canto um milhão de vezes melhor”, afirma.
Ela lembra que, antes, funcionava mais com a intuição do que com uma técnica vocal propriamente dita: “Meu gosto musical me levava para certos lugares vocais, só que eu não era uma pessoa tão técnica. [Pensava:] ‘Eu sou doidinha e canto assim’… depois que entendi que até a minha doideirinha dá para ser guiada, pode ter um jeito de acontecer”.
Todo o processo criativo do projeto durou mais de um ano e se formou em diferentes lugares: uma fazenda em São Roque, na companhia de integrantes d’A Outra Banda da Lua e outros parceiros de longa data; dentro de seu apartamento em São Paulo; no estúdio da Casa da Música Brasileira (ZUCA), que, em 2024, fundou na capital paulista; e durante uma imersão em Portugal.
Foi em terras lusitanas, inclusive, que a artista mineira trabalhou em “Tokito” com a ítalo-brasileira Gaia e a portuguesa Nenny, duas das três parcerias internacionais presentes na tracklist. Çantamarta, banda composta pelo colombiano-venezuelano LuisLo e pelos andaluzes Omar e Benito, colabora em “Doçura” – que ainda tem sample de Zé Côco do Riachão e Tino Gomes.
“Não é nenhuma atitude marketeira do tipo: ‘Eu preciso bombar na Itália, então vou fazer um feat com uma artista da Itália’. Mais que qualquer coisa, foi muito pela vontade de criarmos juntos. Aconteceu de uma forma muito natural. A gente conseguiu se comunicar, cada um nas suas limitações da língua, e deu tudo certo no final”, diz Marina.
A faixa-foco deste momento de estreia de “Coisas Naturais” é “Ouro de Tolo”, que vem com um videoclipe trabalhado no contexto e na estética da capa. “É uma novidade da minha carreira, [pois] eu nunca tinha feito um clipe dentro do ambiente criado para uma capa, então foi bem legal. Tem que aproveitar, né?”, destaca a diva.
Ela agora deve voltar sua atenção para os preparativos da turnê do disco, que começará no Espaço Unimed, em São Paulo, no dia 26 de abril. Outros shows já estão marcados pelo Brasil, em casas de shows e festivais, mas ainda não foram oficialmente anunciados. Datas, locais e mais informações chegam em breve.
“Silva me falou: ‘Você está querendo fazer o povo cantar, né?’. Realmente, esse álbum tem músicas com características de hino, altamente cantáveis, e fáceis de assimilar, além de ter vários picos de energia, o que é muito bom para um show. Quero fazer uma turnêzona, bem robusta, porque acho que esse álbum merece”, conta.
No mais, Marina Sena está com dever cumprido. “Eu acalmei as minhas expectativas para respeitar mais o meu processo artístico. Por mais que eu queira bombar muito, fazer muito sucesso, ser muito ouvida e fazer muito show, o que move o processo todo não é isso. O que move é realmente uma necessidade quase fisiológica de fazer uma obra que me representa”, conclui.

(Foto: Gabriela Schmdt/Divulgação)
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