União de Clubes Europeus propõe à UEFA fundo para valorizar formadores

A União de Clubes Europeus levou à UEFA uma proposta para criar um novo sistema de repasses que recompense financeiramente os times responsáveis pela formação de atletas. A ideia é que 5% do valor total arrecadado anualmente pelas competições europeias de clubes — o equivalente a cerca de € 3,7 bilhões — seja destinado a esse fundo, que ficaria fora do alcance dos 36 participantes da fase de liga da Champions League. Batizado de PDR (Player Development Reward), o projeto foi apresentado nesta segunda-feira (12) e pretende valorizar a base do futebol no continente.

Com o modelo já encaminhado para análise da Comissão Europeia, a distribuição dos recursos levaria em conta o tempo em campo e as conquistas de jogadores formados por equipes que não disputam a elite continental, premiando planteis que investem na formação mesmo sem participar dos torneios mais rentáveis.

Segundo cálculos da própria UEC, se o modelo estivesse ativo na última temporada, aproximadamente 1.500 agremiações receberiam algum valor, com mais de 400 delas superando a marca de € 100 mil.

Com base nos critérios propostos, clubes como Ajax, Schalke 04, Bayer Leverkusen e Sporting estariam entre os mais favorecidos, com valores próximos ou acima de € 3 milhões, enquanto o Chelsea se destacaria no cenário inglês com mais de € 2,7 milhões. Instituições de divisões inferiores também estariam no radar do programa: o Bury, fora das ligas profissionais do Reino Unido, teria direito a cerca de € 13 mil, e até mesmo o amador FK Palilulac, da Sérvia, poderia receber € 845, reforçando a ideia de alcance amplo do mecanismo.

Exemplos recentes mostram o impacto direto que o PDR poderia ter, com o Bordeaux, da França, com acesso a € 650 mil pela trajetória de Jules Koundé, hoje no Barcelona. O Pavia, da Itália, receberia € 271 mil por ter sido o primeiro clube de Francesco Acerbi, que hoje atua na Inter de Milão. Já o escocês St Mirren teria direito a € 220 mil por ter revelado John McGinn, atual jogador do Aston Villa.

A UEC, que surgiu em 2023 como alternativa à tradicional ECA — associação formada majoritariamente por gigantes como Real Madrid, Bayern, PSG e Manchester City —, busca se consolidar como uma nova força nas negociações do futebol europeu.

A iniciativa parte de um grupo que representa times que nem sempre têm voz nas decisões que envolvem calendário, prêmios e partilha de receitas. Ainda sem reconhecimento oficial por parte da UEFA, a entidade já reúne mais de 140 equipes espalhadas por 25 países, entre elas Burnley, Luton Town e Norwich City, e segue ampliando sua influência ao propor mudanças estruturais no modelo atual.

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