Trump inicia visita ao Golfo em meio a disputas monetárias e negociações nucleares
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, iniciou nesta terça-feira, 13, uma visita oficial à Arábia Saudita com a expectativa de firmar novos acordos comerciais e de investimento. A viagem, que também incluirá Emirados Árabes Unidos e Catar, ocorre em meio a tensões envolvendo a crescente presença econômica da China na região e à retomada […] O post Trump inicia visita ao Golfo em meio a disputas monetárias e negociações nucleares apareceu primeiro em O Cafezinho.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, iniciou nesta terça-feira, 13, uma visita oficial à Arábia Saudita com a expectativa de firmar novos acordos comerciais e de investimento.
A viagem, que também incluirá Emirados Árabes Unidos e Catar, ocorre em meio a tensões envolvendo a crescente presença econômica da China na região e à retomada das negociações nucleares com o Irã.
Analistas destacam que o fortalecimento dos laços comerciais entre os países do Golfo e a China, especialmente no que se refere à internacionalização do yuan, representa um desafio para os interesses estratégicos dos Estados Unidos.
Desde a cúpula entre a China e o Conselho de Cooperação do Golfo, realizada em Riad em 2022, Pequim tem ampliado sua influência na região com foco em estabilidade regional e cooperação econômica.
De acordo com Sun Degang, diretor do Centro de Estudos do Oriente Médio da Universidade Fudan, a crescente utilização do yuan nos acordos de comércio e em swaps cambiais com países do Golfo pode ser um ponto sensível para Washington.
“Se o presidente Trump vincular maiores investimentos no Golfo a quaisquer acordos, isso poderá restringir o escopo de seu envolvimento comercial com a China”, afirmou Sun.
A China mantém atualmente três acordos de swap cambial com países do Golfo: um com a Arábia Saudita, no valor de 50 bilhões de yuans (US$ 6,95 bilhões), firmado no final de 2023; outro com os Emirados Árabes Unidos, no valor de 35 bilhões de yuans, renovado no mesmo ano; e um terceiro com o Catar, também de 35 bilhões de yuans, assinado em 2021. Embora os acordos não tenham como objetivo substituir o dólar americano, Pequim busca diversificar os mecanismos de pagamento internacional.
“Washington acompanhará de perto esses acontecimentos e pressionará as nações do Golfo a manter o papel central do dólar, o que pode, por sua vez, impactar a internacionalização do yuan chinês”, acrescentou Sun.
Durante a visita, Trump deve buscar ampliar os investimentos do Golfo nos Estados Unidos. Em contrapartida, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Catar devem apresentar suas próprias agendas, que incluem programas de cooperação em energia nuclear civil, defesa, tecnologia e infraestrutura digital.
Além dos temas econômicos, a crise humanitária em Gaza e as preocupações com o avanço do programa nuclear iraniano também fazem parte das discussões.
As cláusulas principais do acordo nuclear assinado em 2015, o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA), expiram ainda este ano.
Desde a saída dos Estados Unidos do acordo, em 2018, o Irã elevou gradualmente seu nível de enriquecimento de urânio, atingindo 60% de pureza — etapa próxima à necessária para uso militar.
No mês passado, o Irã e os Estados Unidos retomaram as negociações diretas e encerraram a quarta rodada no último domingo.
No entanto, a realização de reuniões entre China, Irã e Rússia em março, em nível ministerial, incluiu declarações pedindo o fim das sanções econômicas contra Teerã. As sanções, reimpostas após a retirada americana do JCPOA, continuam sendo um dos principais obstáculos ao avanço diplomático.
Fan Hongda, professor do Instituto de Estudos do Oriente Médio da Universidade de Estudos Internacionais de Xangai, afirmou que a China deverá manter papel secundário nas negociações, desde que haja disposição mútua entre Teerã e Washington.
“Um alívio nas tensões entre o Irã e os EUA abriria caminho para uma colaboração econômica mais profunda entre empresas iranianas e chinesas, já que as sanções atuais restringiram muito a capacidade da China de capitalizar totalmente suas vantagens econômicas e comerciais”, afirmou Fan.
Por outro lado, segundo Sun, os estados do Golfo acompanham com cautela os desdobramentos do programa nuclear iraniano.
“Esses países veem a ameaça nuclear do Irã como iminente e estão profundamente preocupados com a potencial transformação de seu programa nuclear em armamento. Consequentemente, eles visam impedir Washington de buscar acordos que possam desestabilizar o frágil equilíbrio na região”, disse.
Apesar do apoio cauteloso às negociações, os países do Golfo demonstram preocupação com os riscos de escalada. Segundo Sun, esses governos consideram que a China pode atuar como mediadora caso ocorra um impasse. “Como um ator externo importante, a China tem a influência necessária para persuadir o Irã a evitar a escalada da questão nuclear”, declarou.
Ambos os especialistas afirmaram que a visita de Trump não deve limitar a cooperação econômica dos países do Golfo com a China, que continua sendo uma parceira estratégica em diversos setores. A política de diversificação diplomática adotada por Arábia Saudita, Emirados Árabes e Catar tem buscado reduzir a dependência de qualquer potência específica.
“Tomando Riad como exemplo, a China continua sendo um mercado lucrativo essencial para sua transformação econômica de uma economia baseada em petróleo para uma economia bem diversificada, baseada em investimentos e na manufatura”, afirmou Fan.
O presidente Trump, ao visitar a região, busca consolidar a presença econômica dos Estados Unidos no Golfo em meio à concorrência crescente da China e ao cenário de incertezas nucleares envolvendo o Irã.
A forma como os Estados Unidos conduzirão sua política externa em relação à moeda chinesa e às negociações nucleares será determinante para a estabilidade regional e para o futuro das alianças econômicas e diplomáticas no Oriente Médio.
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