"Sporting? Sei o que Bruno Lage podia fazer para ganhar o título"

Benfica e Sporting defrontam-se no sábado, pelas 18h00, no Estádio da Luz, naquele que promete ser um dos maiores jogos em Portugal dos últimos anos. Isto acontece porque os rivais da capital portuguesa decidem o título de campeão nacional nesta penúltima jornada da I Liga.

Ambas as equipas encontram-se em igualdade pontual antes do dérbi, com uma vitória por dois ou mais golos a dar o troféu aos encarnados, sendo que uma vitória do Sporting entrega o 'caneco' aos leões. Por sua vez, um empate atira as decisões para a última jornada.

Ao longo dos próximos dias, o Desporto ao Minuto vai contar com os testemunhos e os prognósticos de vários antigos jogadores de Benfica e Sporting, sendo que nesta terça-feira é a vez de Álvaro Magalhães lançar os dados para o dérbi. 

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Em entrevista exclusiva, o antigo jogador e treinador-adjunto das águias, clube pelo qual venceu cinco campeonatos nacionais, avisa quem merece atenção redobrada por parte de Bruno Lage e dá o mote para os adeptos nas bancadas dos respetivos clubes.

Quem está mais forte neste momento? Benfica ou Sporting?

Estão os dois iguais. As duas equipas estão muito fortes. Os resultados são positivos e as equipas estão preparadas para esta ponta final do campeonato. São duas equipas com os mesmo objetivos, em que o Sporting está em vantagem com uma igualdade pontual, mas que agora tem uma saída difícil no Estádio da Luz.

É um dérbi e muitas vezes os dérbis ganham-se com um pouco de sorte também. Por vezes a equipa que está menos bem é a que ganha, mas as equipas neste momento estão equilibradas nos resultados e estão moralizadas para este jogo, que é uma final para ambas as equipas. O Benfica tem a seu favor o facto de jogar em casa, que é fundamental, mas pela experiência que tenho...

Uma vez que também já perdi um campeonato em casa frente ao Sporting, quando já não lutavam pelo título, também na penúltima jornada, em 1985/86, perdemos e precisávamos de ganhar, com o FC Porto a acabar por ser campeão nessa época. É um dérbi que não se pode fazer uma previsão do que vai acontecer. Damos favoritismo à equipa da casa, neste caso o Benfica, mas é sempre difícil porque são equipas que lutam pelo mesmo objetivo e aquela estrelinha da sorte pode mesmo brilhar. 

Que pecado Bruno Lage não pode cometer neste dérbi?

Ele tem de preparar a equipa. Eu tenho a minha experiência como jogador e como treinador no Benfica e se eu falasse com ele, podia dar-lhe um conselho... Não o vou dar publicamente, mas sei o que ele podia fazer para ganhar o título. Tenho essa experiência como jogador e como treinador. Sei o que se deve fazer esta semana. Além de treinar bem a equipa, há outras coisas que são fundamentais no futebol. Bruno Lage não pode falhar no discurso durante a semana para os jogadores e depois há outras coisas que se têm de fazer para ganhar o jogo. Há outras coisas, mas não posso partilhar, como jogador da casa… É algo que vou guardar para mim.

Bruno Lage e Rui Borges preparam-se para o jogo do título da I Liga© Getty Images

Como avalia a gestão feita pelo treinador no que diz respeito aos cartões amarelos?

Penso que todos o fizeram, o próprio Sporting também deixou o Hjulmand no banco, apesar de o terem de colocar contra o Gil Vicente durante o jogo, mas também deixaram um jogador que estava 'à bica' de fora do onze, mas todos fazem isso, não há que penalizar os treinadores. O Bruno Lage fez o que se deve fazer. Limpou os jogadores que estavam em risco, como o Álvaro Carreras. Acho que fez bem, todos o fazem, à sua maneira, e acho que não há nenhum problema.

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Quem é o jogador que poderá ser, de facto, decisivo neste dérbi?

Do lado do Sporting há sempre Gyokeres, mas ainda no domingo, a dupla de centrais do Gil Vicente fizeram a melhor marcação da época e foi bem trabalhado. É muito fácil, é evidente que às vezes pode passar pelo defesa, mas frente ao Gil Vicente não teve qualquer oportunidade. Há que ter atenção ao Gyokeres, que é um jogador que, tendo espaço, é rápido e ganha vantagem sobre o defesa. Há que ter atenção especial, mas também aos outros. Não deixar que ele tenha espaço para ganhar a bola. O Benfica tem um jogador muito experiente, que é o Otamendi, que pode ajudar os seus colegas mais novos a posicionarem-se para marcar o Gyokeres, isso é importante.

O Sporting também tem outros, como o Trincão, que é um jogador que faz a diferença. O Benfica tem jogadores de grande nível no setor ofensivo, com o Pavlidis e o Arturkoglu e depois tem dois médios de qualidade, com o Aursnes e o Kokçu que fazem a diferença e fazem muitos equilíbrios. Depois o Di María se estiver em dia sim e se jogar, estando em grande forma, é um jogador que pode também decidir o jogo, mas este é um jogo em que os jogadores têm de estar preparados fisicamente e psicologicamente também. A tática ao fim destes jogos todos já não é o que vai decidir. A parte física e a parte mental é que vão. Portanto, se Di María estar bem fisicamente, ele pode decidir uma partida.

A pressão existe mesmo neste tipo de jogos ou entrando em campo tudo isso desaparece?

A pressão há sempre, desde o início do campeonato. Um atleta que pertença a um clube grande, e falo pelo Benfica que é um clube pressionante, pelos seus adeptos, tal como Sporting e FC Porto, mas falo do Benfica porque é muito especial, é um clube onde se o jogador for fraco mentalmente não aguenta jogar naquele clube, não há hipótese. Há pressão de ganhar, mas há desde o início. Este é mais um jogo, porque vai decidir um título, portanto há a pressão natural, mas os jogadores já estão preparados para estes jogos, não é isso que vai criar mais pressão.

Eles já sabem a responsabilidade de representar um clube como o Benfica. A pressão passa ao lado. Quando entram em campo até há aquele 'nervoso miudinho', mas quando se entra para o aquecimento, isso desaparece tudo. Há a responsabilidade, mas nervosismo não pode existir, porque se estão nervosos para um jogo destes, não podem estar numa equipa grande. Estão num clube grande, é para ganhar títulos, portanto já estão mais que preparados.

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Que impacto este jogo decisivo no campeonato pode ter, dias depois, na Taça de Portugal?

Este é o mais importante. Este é o título que mais querem vencer. Depois, seja qual for o resultado, é uma final da Taça de Portugal, que é o último jogo da época de futebol e, normalmente, é um título que está em jogo. É evidente que quem vencer o campeonato está mais moralizado para esse jogo, mas a final da Taça é outro jogo, com outro estilo. Esquece-se o campeonato e só se pensa na final, por ser o último jogo. Costuma-se dizer até que fica na memória, se não se ganhar o campeonato mas ganhar a Taça, fica mais na memória. São jogos diferentes, mas o campeonato é o principal. Depois, a Taça é a festa do futebol.

Este será um dérbi ainda mais quente. A segurança dos adeptos deve ser uma preocupação maior?

Como sempre. Eles [as forças de segurança] estão preparados para estes jogos, já têm muita experiência. Agora, este dérbi é especial e as coisas têm de ser bem preparadas. Eu espero que seja um jogo, de parte a parte, bem disputado e que os adeptos lá fora tenham um comportamento correto. É um dérbi, com dois clubes da capital, os adeptos têm de se preparar para esse jogo, mas que seja com respeito. Os do Sporting a torcer pela sua equipa e os do Benfica a puxar pela sua equipa. Que tudo corra bem.

Claro que tem de haver uma preparação, durante toda a semana, de todas as entidades oficiais para esse jogo e já terão calejados para estes jogos, mas quero que tudo corra bem.

Prognóstico para o jogo?

Pela experiência que eu tenho, estes dérbis podem ser ganhos pela equipa que está menos bem e penso que o Benfica vai ganhar o jogo. Tem de ser uma equipa muito solidária e que tem de preparar bem esta semana um jogo, não só na parte do campo, tudo o que envolve o jogo tem de ser bem preparado para que tudo seja bem definido. Agora, prevejo um jogo que se pode dizer que é 50/50. Há um certo favoritismo para o Benfica porque joga em casa, mas respeitar muito o adversário.