PMs são condenados por formação de milícia no Brás

Condenações são resultado de um desdobramento da Operação Aurora, deflagrada em dezembro do ano passado pelo Ministério Público e pelas Corregedorias das polícias Civil e Militar

Mai 18, 2025 - 03:34
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PMs são condenados por formação de milícia no Brás

Dois policiais militares foram condenados nesta sexta-feira, 16, por integrar a milícia que extorquia comerciantes na região do Brás, no Centro de São Paulo. O julgamento ocorreu na 3ª Auditoria da Justiça Militar do Estado.

O cabo José Renato Silva de Oliveira recebeu pena de 6 anos, 2 meses e 12 dias de prisão, a ser cumprida em regime semiaberto, pelo crime de constituição de milícia privada. Ele foi absolvido das acusações de roubo e extorsão.

A sargento Lucia Ferreira de Oliveira também foi condenada por envolvimento no esquema e sentenciada a 3 anos, 7 meses e 6 dias, em regime aberto.

As informações foram confirmadas ao Estadão pelo Tribunal de Justiça Militar de São Paulo, que destacou ainda que o julgamento dos outros dois acusados - o 1º sargento Wellington Stefani e o 2º sargento Humberto de Almeida Batista - teve resultado indefinido. Com dois votos pela condenação, um pela absolvição e dois pela transferência de competência, o caso será remetido à Justiça comum, já que a maioria dos juízes entendeu que os crimes atribuídos a eles ocorreram fora do exercício da função.

À reportagem, os advogados José Miguel da Silva Júnior e Marcio Silva, que defendem os dois PMs condenados, informaram que vão recorrer das sentenças. "A condenação não reflete a realidade do conjunto probatório, principalmente no caso da sargento Lúcia, que foi sentenciada por 3 votos a 2. O processo está eivado de nulidades, que serão abordadas em apelação", disseram, em nota.

A defesa também afirmou que buscará a liberdade de José Renato e ressaltou que Lúcia permanece solta, já que sua pena será cumprida em regime aberto.

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As condenações são resultado de um desdobramento da Operação Aurora, deflagrada em dezembro do ano passado pelo Ministério Público e pelas Corregedorias das polícias Civil e Militar. A investigação teve início após relatos de vítimas que denunciavam a cobrança de propinas semanais para poderem trabalhar nas ruas do Brás. Os valores exigidos variavam entre R$ 200 e R$ 300 por semana, além de uma taxa anual - a chamada "luva" - que podia chegar a R$ 15 mil.

Imigrantes e vendedores ambulantes eram os principais alvos do grupo. Em casos de inadimplência, comerciantes eram coagidos a fazer empréstimos com agiotas ligados ao mesmo esquema, que aplicavam juros abusivos. A cobrança, quando não era paga, resultava em agressões físicas e intimidações feitas pelos próprios policiais.