Pedro Almodóvar chama Trump de “catástrofe” ao receber prêmio em Nova York
Cineasta espanhol foi homenageado pelo Film at Lincoln Center e usou discurso para criticar Trump, defender direitos trans e relembrar sua trajetória


Almodóvar denuncia retrocessos e autoritarismo
Pedro Almodóvar fez duras críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante seu discurso de agradecimento ao receber o 50º Chaplin Award, na noite desta segunda-feira (29/4), no Alice Tully Hall, em Nova York. Ao ser homenageado pelo Film at Lincoln Center, o cineasta espanhol chamou Trump de “catástrofe” e o acusou de atentar contra os direitos humanos.
“Trump e seus amigos, milionários e oligarcas, não podem nos convencer de que a realidade que vemos com nossos próprios olhos é o oposto do que estamos vivendo”, disse. “Imigrantes não são criminosos. Foi a Rússia que invadiu a Ucrânia.”
Almodóvar então se dirigiu diretamente ao político republicano: “Senhor Trump, estou falando com o senhor. Espero que escute. O senhor vai entrar para a história como o maior erro do nosso tempo. Sua ingenuidade só é comparável à sua violência. Vai ser lembrado como um dos maiores danos à humanidade… como uma catástrofe.”
Discurso também exaltou liberdade, cinema e direitos trans
Além da crítica política, Almodóvar relembrou sua juventude sob o regime de Francisco Franco e como o cinema foi essencial para sua formação pessoal e artística. “É impossível explicar o que aquele sentimento de liberdade absoluta significou para um jovem que queria fazer filmes”, disse ele, sobre o período de transição democrática na Espanha nos anos 1970.
O diretor também manifestou preocupação com a atual situação em seu país, mencionando o recente apagão elétrico nacional. “Meus pensamentos estão com todos os afetados.”
Outro ponto abordado foi a ameaça aos direitos da população trans sob governos autoritários. Almodóvar foi elogiado por seus colegas e admiradores justamente por tratar essas narrativas com naturalidade em seus filmes.
Homenagem teve participações de estrelas e aliados
A cerimônia reuniu nomes como Dua Lipa, John Turturro, John Waters, Rossy de Palma e Mikhail Baryshnikov. Também foram exibidas mensagens gravadas de Martin Scorsese, Tilda Swinton e Antonio Banderas.
John Waters, diretor de “Hairspray” (1988), afirmou que Almodóvar é “o melhor cineasta do mundo” e destacou sua habilidade de criar “divas com belezas não convencionais”.
John Turturro, que atua em “O Quarto ao Lado” (2024), disse ter se tornado fã após ver “Matador” (1987). “Ele tem uma visão única, com humor irreverente e um senso de cor vibrante que indica que a jornada será intensa e guiada por um mestre.”
Dua Lipa, que conheceu o diretor em 2022, também prestou tributo: “Adoro como você equilibra emoção e humor em suas histórias. E como normalizou personagens gays e trans em seus filmes — algo que hoje parece radical.”
Almodóvar encerrou o discurso relembrando sua relação com o festival, que exibiu filmes como “Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos” (1988) e “Tudo Sobre Minha Mãe” (1999), e revelou que uma cena de seu mais recente longa foi filmada no próprio Alice Tully Hall. “Eles abraçaram meu trabalho — e a mim.”