‘Pausa’ no rali do Ibovespa, digestão dos resultados da Eletrobras (ELET6) e mais: veja os destaques do mercado nesta quinta (15)
Mais, os resultados trimestrais do Banco do Brasil (BBAS3) devem ecoar no mercado brasileiro. Confira. O post ‘Pausa’ no rali do Ibovespa, digestão dos resultados da Eletrobras (ELET6) e mais: veja os destaques do mercado nesta quinta (15) apareceu primeiro em Empiricus.

A recente recuperação dos mercados, embora bem-vinda, teve um efeito colateral clássico: esticou os valuations e comprometeu, no curto prazo, parte do fôlego técnico. Em outras palavras, a alta recente foi boa demais, rápida demais — e agora o mercado parece estar pedindo uma pausa. Esse padrão já se insinua em outras regiões, como na Ásia, onde o rali impulsionado pelo acordo comercial entre Estados Unidos e China começa a perder tração. O entusiasmo inicial deu lugar à realidade: a perspectiva mais ampla para os lucros corporativos e para o crescimento econômico segue praticamente inalterada — ou seja, o pano de fundo estrutural continua exigindo cautela.
Na China, a prudência ganhou mais um motivo após a divulgação de um dado preocupante: os novos empréstimos bancários caíram, em abril, para a mínima em 20 anos. Além disso, como não existe almoço grátis, a trégua comercial teve como contrapartida uma elevação nas taxas de juros americanas, com a curva precificando menos cortes adiante. Ou seja, o alívio veio acompanhado de um aperto financeiro, o que reduz o apetite por ativos mais sensíveis, como os de países emergentes.
Na agenda macro, seguimos com a digestão dos dados do PIB da Zona do Euro no primeiro trimestre, enquanto os olhos do mercado se voltam para as vendas no varejo e a inflação ao produtor nos EUA — dois indicadores cruciais para calibrar as apostas em cortes de juros pelo Fed. No Brasil, a expectativa também gira em torno da possibilidade de o Copom encerrar o ciclo de alta da Selic. Nesse contexto, os dados de vendas no varejo brasileiro ganharão peso adicional. A temporada de resultados continua a todo vapor, e investidores aguardam hoje uma fala de Jerome Powell, que pode trazer novas pistas sobre os próximos passos do banco central americano.
Entre as commodities, o petróleo recua quase 4%, refletindo especulações sobre um possível acordo nuclear entre EUA e Irã, anunciado por Trump. A expectativa de maior oferta no mercado internacional pressiona os preços — um movimento que, historicamente, tende a ser negativo para o Ibovespa e para o real, pela correlação direta com o setor de petróleo e o fluxo cambial vinculado a exportações.
· 00:57 — Geladeira?
No Brasil, o dia promete ser de digestão pesada — e o primeiro prato já foi servido ontem à noite, com a divulgação do resultado da Eletrobras (ELET6). A companhia reportou prejuízo, o que, naturalmente, azedou o humor do mercado. As ADRs da empresa já recuaram no after-hours em Nova York, movimento que se estende no pré-mercado desta manhã. A expectativa é de que o papel sofra pressão ao longo do dia, arrastando consigo o sentimento para parte do setor elétrico. Mas a Eletrobras (ELET6) não é o único nome no radar. Ainda hoje, teremos a divulgação de outros resultados importantes, como o do Banco do Brasil (BBAS3), cuja leitura pode contaminar o desempenho de todo o setor bancário listado — com grande peso no índice. Também são aguardados os números dos frigoríficos. Essas entregas, entretanto, só devem impactar o mercado efetivamente amanhã, já que seus balanços serão publicados após o fechamento.
Até lá, o investidor se equilibra entre a expectativa e a ansiedade. No front macroeconômico, os dados de varejo ganham protagonismo. A divulgação ocorre na esteira do resultado modesto, mas positivo, do volume de serviços em março, divulgado ontem. Com o mercado de trabalho ainda aquecido e a renda em alta, espera-se um número razoável — mas nada que mude o rumo da política monetária. Afinal, como já dissemos por aqui, o ciclo de aperto da Selic chegou ao fim. Na pior das hipóteses, ainda caberia um ajuste residual de 25 pontos-base, mais simbólico do que efetivo, o que apenas reforça a leitura de que o próximo debate do Copom deverá ser um corte — e é essa antecipação que tem animado os mercados locais recentemente.
O problema é que, enquanto o técnico aponta para alívio, o político segue como ruído persistente. O presidente da Câmara, Hugo Motta — que recentemente até chegou a adotar um discurso mais austero em relação ao fiscal — já ensaia recuos, sinalizando uma possível desidratação na compensação da isenção do IR. Isso num momento em que começam a circular rumores sobre o futuro de Fernando Haddad. O ministro da Fazenda, que sequer foi na viagem presidencial à China, estaria cogitando se afastar do cargo em 2026 para disputar algum cargo eletivo. A possibilidade de candidatura à Presidência é, curiosamente, a que menos incomoda o mercado: ele seria visto como um concorrente fraco, o que favoreceria a tese de alternância de poder e a chance de um candidato mais reformista, pró-mercado e fiscalista assumir a dianteira. O cenário que realmente gera apreensão é outro: Haddad concorrendo ao governo de São Paulo ou ao Senado. Nesse caso, seria o próprio presidente Lula retirando o guardião do cofre antes do ciclo eleitoral — e esse tipo de gesto o mercado conhece bem.
Se esse roteiro se confirmar, o risco é claro: mais populismo fiscal no horizonte, com a máquina pública operando em ritmo de campanha. E todos sabemos como essa história termina (nova pressão numa curva de juros já estressada). O investidor, nesse momento, precisa monitorar mais do que planilhas — precisa interpretar sinais. E, infelizmente, os que vêm de Brasília ainda não são os mais promissores.
· 01:41 — A recuperação tem sido robusta, mas apresenta sinais de cansaço
Nos Estados Unidos, a euforia que se seguiu ao colapso das tarifas “recíprocas” de abril começa a dar sinais de fadiga. Após uma impressionante recuperação de 22% a partir das mínimas intradiárias do mês passado, o S&P 500 avançou apenas 0,1% na última quarta-feira (14) — uma pausa quase simbólica diante da intensidade do rali recente.
O dia foi morno para a maioria dos setores, com exceção do de sempre: as gigantes de tecnologia voltaram a brilhar, lideradas pelo entusiasmo em torno da inteligência artificial. Como em um déjà vu, empresas como Super Micro Computer, AMD e Nvidia estiveram entre os destaques de performance no S&P 500, impulsionadas, desta vez, por declarações vindas da Arábia Saudita sobre novos investimentos no setor.
Como consequência, o Nasdaq emendou sua sexta alta consecutiva, e o S&P 500 engatou o terceiro dia no azul — mostrando que, embora o fôlego esteja mais curto, a força das big techs ainda é suficiente para manter o mercado em pé. Já o Dow Jones, mais ligado à economia tradicional, recuou pelo segundo pregão seguido, reforçando a divisão crescente entre o mundo velho e o novo da economia americana.
O mercado agora entra em modo vigilância. Hoje, os holofotes se voltam para dois dados de peso: o índice de preços ao produtor (PPI) e as vendas no varejo — ambos com potencial de redefinir as apostas sobre o próximo passo do Federal Reserve. Para completar, o presidente do Fed, Jerome Powell, também sobe ao palco e poderá fornecer novas pistas sobre a direção da política monetária.
· 02:35 — Retomando o lugar no pódio
O valor de mercado da Tesla (TSLA34) voltou a ultrapassar a marca de US$ 1 trilhão — pela primeira vez desde fevereiro — impulsionado não por avanços tecnológicos ou novos recordes de entrega, mas por diplomacia comercial. A trégua de 90 dias entre EUA e China, que suspendeu a maior parte das tarifas entre os dois países, caiu como música para os ouvidos de Elon Musk. Afinal, a China responde por 22% da receita da empresa e abriga a fábrica mais produtiva da montadora. O alívio geopolítico, somado à expectativa do lançamento do serviço de táxis autônomos em Austin, Texas, previsto para junho, voltou a colocar as ações da Tesla no centro das atenções.
Mas quem realmente roubou a cena foi a Nvidia (NVDC34). A gigante dos chips atingiu um valor de mercado de US$ 3,3 trilhões e ultrapassou, mais uma vez, a Apple (AAPL34), tornando-se a empresa mais valiosa do planeta. O motivo? Um novo acordo para fornecer semicondutores à Humain, startup saudita de inteligência artificial, como parte de um projeto ambicioso de data centers financiado por Riad. A AMD também surfou a mesma onda: fechou um contrato de US$ 10 bilhões com a mesma Humain e viu seu valor de mercado voltar a flertar com a marca de US$ 200 bilhões. Fora do universo tech, a Novo Nordisk fechou um acordo de US$ 2,2 bilhões com a americana Septerna para desenvolver pílulas contra obesidade e diabetes — arcando sozinha com os custos de pesquisa e desenvolvimento. Em resumo: a semana não foi apenas de robôs e algoritmos; as big pharma também tiveram seu momento.
Diante desse pano de fundo, os mercados americanos voltaram a operar em patamares de valuation elevados, deixando para trás o “desconto” (em muitas aspas) técnico pós-correção de abril — que, diga-se, nunca passou de uma pausa para respirar, e não de um real subpreço estrutural. Na Europa, a história também mudou de tom. As ações do velho continente já são negociadas acima da mediana dos últimos 20 anos, o que enfraquece a tese de barganha. É verdade que, em termos relativos, mercados fora dos EUA ainda apresentam desconto frente aos pares americanos — mas, quando comparados às suas próprias médias históricas, já não estão exatamente baratos. A boa notícia? Com a inflação na Europa cedendo gradualmente, os múltiplos encontram espaço para respirar — ao menos em teoria. A questão agora é se esse alívio inflacionário será capaz de sustentar valuations esticados por mais tempo.
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· 03:26 — Avanços na Ásia
Em mais um gesto rumo à trégua comercial com os EUA, a China anunciou a suspensão, por 90 dias, das restrições de exportação impostas a 28 entidades americanas, além de remover 17 empresas da sua lista de “não confiáveis”. A medida, embora temporária, sinaliza mais um afrouxamento das tensões sino-americanas.
Enquanto isso, do lado ocidental do tabuleiro, o presidente Donald Trump voltou a pressionar a Apple para que interrompa a transferência de produção da China para a Índia, país que se tornou peça-chave no plano de diversificação fabril da empresa. O recado foi claro: o desejo da Apple de reduzir a dependência da China não é exatamente bem-visto por Washington. Para apimentar ainda mais o contexto, Trump afirmou que a Índia teria se oferecido para cortar tarifas sobre produtos americanos, numa tentativa de selar acordos comerciais mais amplos com os EUA — o que, somado aos recentes pactos no Oriente Médio, sugere que a Casa Branca tenta acelerar sua ofensiva diplomática-econômica para recuperar a credibilidade perdida.
Mas, como o mercado aprendeu a duras penas, acenos de boa vontade nem sempre se traduzem em fluxo de capital. Apesar da sequência de boas notícias, investidores seguem cautelosos. O alívio nas negociações tarifárias foi bem recebido, sim, mas ainda parece insuficiente para desencadear uma corrida generalizada para ativos chineses. O motivo? A incerteza sobre um acordo final permanece alta — e, pior, há o receio de que Pequim use a trégua para retirar o pé dos estímulos.
· 04:12 — Um petróleo mais fraco?
O petróleo voltou a escorregar nesta manhã, devolvendo os ganhos recentes em mais um episódio da novela geopolítica que dita o humor das commodities. Durante sua passagem por Doha, no Catar, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que um acordo nuclear com o Irã estaria “próximo de ser fechado”. A fala, como de costume, foi vaga nos detalhes e enfática no impacto: se as negociações realmente avançarem, o levantamento das sanções econômicas contra Teerã poderá abrir espaço para um aumento expressivo na oferta global de petróleo. Segundo estimativas, caso o Irã aceite interromper o enriquecimento de urânio — condição central para qualquer trégua —, suas exportações de petróleo bruto poderiam subir em até 1 milhão de barris por dia. Para um mercado que já vinha se equilibrando sobre fundamentos frágeis, essa perspectiva adiciona mais pressão sobre os preços.
O movimento de queda já havia começado na véspera, após a divulgação de uma alta inesperada nos estoques semanais de petróleo nos EUA, que veio justamente na contramão do relativo bom humor gerado pelo relatório da Opep+. Apesar de não ser catastrófico, o relatório tampouco acalmou os ânimos: o cartel manteve suas projeções para a demanda global em 2025 e 2026, após ter cortado as estimativas no mês anterior, justificando a decisão com base em uma economia mundial que segue crescendo de forma constante, mesmo diante das turbulências tarifárias. Na prática, porém, o que temos visto é uma tendência clara de devolução de preços — e a promessa de mais petróleo iraniano no mercado só reforça essa dinâmica.
· 05:08 — Obstinado
O chanceler alemão, Friedrich Merz, tem um objetivo nada modesto: construir o exército convencional mais poderoso da Europa — uma resposta direta ao avanço da ameaça russa e, ao que tudo indica, uma demanda velada (ou nem tão velada assim) dos parceiros internacionais. No caso dos Estados Unidos, a expectativa virou quase exigência formal…
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