‘Boy sober’: Como foi ficar um ano sem homens

Depois de uma desilusão amorosa, não teve jeito: optei pelo celibato voluntário

Mai 17, 2025 - 19:00
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‘Boy sober’: Como foi ficar um ano sem homens

Há um ano tornei-me adepta do movimento boy sober ou, em português claro, “sóbria de homens”. Você pode me perguntar: “Martchela, por que esse detox?”. Te respondo com toda a tranquilidade de quem já chorou ouvindo Marília Mendonça: quebrei a cara.

Foi o que aconteceu comigo e acontece com 10 entre 10 mulheres que se cansaram, que amaram demais, que esperaram demais e que se diminuíram por muito pouco. No auge dos meus 36 anos, decidi que não me envolvo mais com homens por tempo indeterminado. O famoso celibato voluntário.

Foi aí que começou um ano de descobertas na minha vida. A primeira é que sou uma grande gostosa. A partir de agora, quem quiser me acompanhar vai ter que estar à altura. Chega de dar moral para feio: se for para sofrer, que seja por um homem bonito, cheiroso e que saiba usar uma camisa de botão. Não derrubo mais uma lágrima por alguém de aparência duvidosa e por quem chega num date com bafo e camisa da firma.

Descobri também que meu dinheiro rende mais quando eu não estou sustentando o ego alheio em jantares. Todo mês, o valor que seria gasto em drinques ruins, com conversas piores ainda, se transforma num mimo para mim (e assim redecorei minha casa). Mas não foi só o dinheiro que se organizou.

Aquela energia absurda de tentar entender por que ele não respondeu em 30 minutos (ou em dois dias) virou paz. Deixei de me preocupar em criar teorias sobre se o celular dele tinha sido roubado, se estava ocupado, resfriado, emocionalmente indisponível ou era apenas um babaca. Não me contento mais com pensamentos como: “ele é meio grosso, mas no fundo é legal”. No lugar disso, eu mesma entrei em cena, por inteiro.

Sempre fui muito dedicada ao trabalho, mas hoje percebo que minha energia não estava 100%. No intervalo de uma entrevista, respondia mensagens. No meio de um roteiro, revisava a última conversa do WhatsApp como se fosse analisar discurso político. Hoje, tudo voltou ao centro. Além de me curar de um relacionamento que me esgotou, resolvi ficar mais gata. Me vestir bem, cuidar da minha saúde mental e parar de chorar noites seguidas tentando decifrar uma história que já nasceu capenga. 

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“Decidi que não me envolvo mais com homens. agora, quem quiser me acompanhar vai ter que estar à altura”

No meio disso tudo, descobri o que realmente quero num relacionamento. Antes, achava que descobriria isso na troca com alguém, mas percebi que foi no silêncio, no não me envolver, que tudo clareou. Entendi o que quero, e também aquilo que não negocio.

Redefini meus limites, olhei para trás e vi o quanto fui trouxa por gente que não merecia o mínimo. Também observei o quanto sou generosa, divertida e como minha intensidade nunca foi o problema. Reconheci as pessoas incríveis ao meu redor. Hoje, agradeço por quem me estendeu a mão quando mal conseguia ficar em pé. Quando a gente recalcula a rota, aparecem almas lindas no caminho. 

Claro que minhas amigas passaram esse um ano tentando me empurrar pretendentes. Confesso que, em certos momentos, me senti até um homem hétero: “não é você, sou eu”. Pela primeira vez, era verdade. Eu não conseguia me interessar, estava — e ainda estou — apaixonada por mim.

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Resgatei hobbies, fiz terapia, meditação, yoga. Li, presenteei amigas com livros, comprei roupas e bolsas. Troquei de casa, de perfume, de armário. Viajei a países que nem sabia que queria conhecer e aprendi coisas incríveis sobre o mundo — e sobre mim.

Hoje, sigo sóbria de homens. Seria só por um ano, mas acho que vou estender. Afinal, estou vivendo o melhor relacionamento da minha vida, com alguém que me conhece profundamente, me valoriza, me respeita, me faz rir e, ainda por cima, me acha uma delícia. É alguém que enfrenta todas as batalhas, é corajosa pra caramba, sobe no palco e sorri. E se alguém quiser dividir o tempo e a vida comigo… vai ter que ser incrível também.

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