Para os empreendedores, each power failure is a green light
Opinião de Lídia Moreira, diretora de Marketing, Comunicação & Sustentabilidade de Soja de Portugal


Texto de Lídia Moreira, diretora de Marketing, Comunicação & Sustentabilidade de Soja de Portugal
Recentemente, uma falha generalizada no fornecimento de eletricidade deixou o país às escuras. Foi uma verdadeira prova de resistência para as famílias, empresas e serviços. Mas, como em tantas outras situações de crise, também aqui emergiram sinais claros de oportunidade – especialmente para quem tem a capacidade de interpretar o mercado, agir rapidamente e apresentar soluções eficazes.
As empresas de merchandising foram das primeiras a reagir. Ao identificarem uma necessidade urgente de produtos essenciais, reposicionaram a sua oferta e ajustaram as estratégias de comunicação em tempo recorde. Lanternas, power banks, rádios a pilhas, kits de emergência – produtos geralmente de procura marginal, tornaram-se subitamente protagonistas.
Em contextos desafiantes, a verdadeira relevância de um produto ou serviço não se mede pelo que promete, mas pela resposta imediata que oferece ao consumidor. É aqui que as marcas se distinguem. É aqui a verdadeira força do marketing. As empresas que responderam com agilidade ao apagão não só incrementaram as vendas, como reforçaram o seu posicionamento como marcas ativas e atentas. Não se tratou de oportunismo, mas sim de market fit no seu estado mais puro: oferecer ao consumidor exatamente o que este precisava, no momento certo.
As crises mudam o comportamento do consumidor: reduzem a elasticidade ao preço, aumentam a propensão para experimentar novas marcas e valorizam quem responde com eficácia. É aqui que a capacidade operacional, aliada à comunicação estratégica, se transforma numa vantagem competitiva real.
Num contexto de fragilidade, o público observa de forma mais crítica a forma como as marcas se comunicam. A linha que separa a proactividade do oportunismo é ténue. A chave está na empatia. Marcas que conseguiram comunicar com responsabilidade, focadas na ajuda e na prevenção, não só reforçaram a sua reputação como criaram valor. A recompensa? Reconhecimento, fidelização e aumento da quota de mercado.
Com a memória do apagão ainda presente, muitas empresas podem – e devem – integrar a prevenção como parte do seu ADN estratégico. Há espaço para campanhas de sensibilização, serviços de subscrição com kits de emergência periódicos, parcerias com empresas de energias alternativas, ou programas de fidelização com benefícios aplicáveis em contextos de crise.
Mais do que responder ao imediato, trata-se de antecipar o futuro. Porque a confiança do consumidor constrói-se quando a presença é contínua – mesmo quando falta a luz. O apagão nacional foi um teste à nossa resiliência individual, mas também à criatividade e capacidade de resposta do tecido empresarial. E ensinou uma lição essencial: onde muitos veem caos, os empreendedores veem caminhos. Na escuridão, sim – mas com visão de negócio.