A máquina de costura tinha lugar cativo em muitas casas dos portugueses. Como uma espécie de “móvel” ou “eletrodoméstico” obrigatório, a máquina de costura Oliva fazia parte da “paisagem” dos interiores das casas de família da classe média portuguesa.
A Oliva foi a primeira máquina de costura a ser produzida em Portugal. Terá sido por volta do ano de 1948 e foi líder do mercado nacional por mais de 30 anos. Até lá, as máquinas de costura em solo português que existiam terão sido importadas, de marcas estrangeiras.
Fundada em 1925 por António José Pinto de Oliveira, a marca foi uma das maiores referências industriais em Portugal, inicialmente dedicada à produção de equipamentos para a chapelaria em S. João da Madeira. No primeiro ano, a empresa expandiu-se para outros produtos metalúrgicos e, em 1940, iniciou a produção das célebres máquinas de costura Oliva, tornando-se pioneira na produção de precisão em série no país.
Além das máquinas de costura, a OLIVA fabricava diversos produtos metalúrgicos, como banheiras esmaltadas, fogões em ferro fundido, ferros de engomar e autoclismos, mas foi a máquina de costura que lhe garantiu reconhecimento nacional e internacional.
O sucesso da marca esteve também ligado a campanhas publicitárias inovadoras que, através de uma comunicação ousada e criativa, destacavam o papel da mulher portuguesa. As máquinas Oliva apareceram em filmes, foram promovidas em cursos e concursos, e marcaram presença em grandes exposições nacionais e internacionais. A publicidade icónica da marca, assinada por Alberto Cardoso, ainda hoje é valorizada como peça de coleção.
Em 1970, a empresa foi adquirida pelo grupo norte-americano ITT, mas não conseguiu manter o sucesso de outros tempos, levando ao seu encerramento definitivo em 2010. No entanto, o legado da marca permanece vivo através da OLIVA Creative Factory, uma incubadora de empresas criativas e de empreendedorismo, criada pela Câmara Municipal de S. João da Madeira.
Parte das antigas instalações industriais foram transformadas em espaços culturais e criativos, preservando a memória da fábrica que chegou a contar com mais de 3.000 trabalhadores.
Ainda hoje, a torre da antiga fábrica continua a ser um símbolo inspirador. A Oliva é lembrada, não apenas como uma marca de máquinas de costura, mas como um exemplo de empreendedorismo, inovação e talento, que deixou uma marca indelével na história industrial portuguesa.