Na política há roupas e acessórios que “mandam” mensagens

Moda e política andam de mãos dadas. Não são raras as vezes em que o estilo redefine mensagens e percepções.

Mar 30, 2025 - 15:21
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Na política há roupas e acessórios que “mandam” mensagens

A ligação entre a moda e a política é inegável, com as roupas, os acessórios e as escolhas estilísticas a comunicarem mensagens que vão para além da aparência. De meias excêntricas a bonés com slogans passando pela ausência fato de calças e casaco, três momentos recentes ilustram como estas áreas se cruzam e geram impacto.

Diplomacia das meias

Durante uma agenda oficial em Washington, o primeiro-ministro irlandês, Micheál Martin, foi surpreendido pelo vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, que usou uma gravata verde, um broche em forma de árvore e meias estampadas com trevos, em homenagem ao Dia de São Patrício. Martin respondeu com humor, afirmando que iria repensar o seu estilo conservador depois de ver as meias.

O episódio recorda como os acessórios podem quebrar o gelo em contextos diplomáticos, embora nem sempre com sucesso. No Reino Unido, o ex-primeiro-ministro Boris Johnson foi alvo de críticas por usar o mesmo par de meias em ocasiões consecutivas, somando ao seu historial de escolhas de moda controversas, como camisas amarrotadas e gravatas desalinhadas.

Trump e o conservadorismo

Donald Trump protagonizou também momentos em que a moda e a política se entrelaçaram. Um exemplo foi o visual de Melania Trump na tomada de posse presidencial, com um sobretudo azul-marinho que, segundo o produtor de conteúdos João Biondi, pode remeter para as normas fascistas da Itália dos anos 1930, destacando a cintura e os seios como símbolos de maternidade.

Além disso, Trump popularizou os bonés vermelhos com o slogan “Make America Great Again”, que se tornaram um símbolo da polarização política. Durante a campanha de 2016, os bonés chegaram a angariar até 80 mil dólares por dia, e mais de 1,2 milhões foram vendidos entre janeiro e outubro de 2024, segundo o The Independent.

Zelensky e a ausência de um “smoking”

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, chamou a atenção ao participar de uma reunião com Donald Trump sem um tradicional fato de calças e casaco, optando por calças escuras e uma  camisola, ao estilo sweat, com gola à padre, semelhante aos trajes militares ucranianos. Zelensky explicou que a escolha reflete solidariedade para com os soldados na linha da frente do conflito com a Rússia.

A informalidade gerou comentários, incluindo uma provocação do jornalista Brian Glenn, que questionou se Zelensky  tinha um “smoking”. O presidente respondeu: “Vou usar um depois da guerra acabar. Talvez assim como o seu, ou talvez até melhor. Não sei, vamos ver. Talvez algo mais barato”.

Nada é por acaso

Estes exemplos mostram que, para as figuras públicas, cada escolha de moda é uma mensagem silenciosa, capaz de redefinir perceções e deixar uma marca. No fundo, a moda continua a ser uma poderosa ferramenta de comunicação, seja para reforçar ideias ou quebrar expectativas.