Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades: 30 anos de Marketing em transformação
Opinião de Francisco Rio, Portugal Retail Manager Salesland Group


Por Francisco Rio, Portugal Retail Manager Salesland Group
Trinta anos representam mais do que uma marca no tempo; são capítulos de uma história em constante reinvenção. Cada década trouxe novas formas de comunicar, novos desafios e novas oportunidades. O marketing, como um rio que nunca para de correr, moldou-se às margens da tecnologia e dos comportamentos humanos. Olhamos para trás e vemos um mundo em constante mutação – um palco onde o marketing sempre dançou ao ritmo da humanidade. Durante décadas, essa arte de comunicar transformou-se, evoluiu de um discurso solene para um sussurro próximo ao ouvido do consumidor. Se antes as marcas falavam, hoje precisam de escutar. Se antes bastava existir, hoje é preciso emocionar.
Os Baby Boomers cresceram sob um céu de certezas, onde a publicidade tradicional erguia templos de confiança. As marcas eram bússolas fiéis, e a lealdade, um fio inquebrável tecido entre discursos persuasivos e ecos dos media massificados. Depois, chegou a Geração X, navegando os ventos da revolução digital. O consumidor tornou-se cético, exigindo transparência como quem busca a luz no nevoeiro. O marketing, antes monólogo, transformou-se em diálogo. O e-mail e os primeiros websites desenharam pontes para um novo tempo, onde a conexão valia mais que do que a promessa.
Os Millennials, filhos da transição, recusaram os moldes do consumo tradicional. Não bastava possuir; era preciso sentir. As marcas tornaram-se contadoras de histórias, tecendo narrativas que se entrelaçavam com identidades individuais. As redes sociais ergueram palcos onde a autenticidade e a personalização não eram luxo, mas mandamento.
Então, surgiu a Geração Z, nativa digital, moldando o marketing com a velocidade da luz. Se uma marca não captasse o seu olhar num instante, dissipava-se como poeira no fluxo infinito de conteúdos. Para eles, autenticidade não é um argumento – é um requisito. E, no seu julgamento, valores sociais e ambientais pesam tanto quanto a qualidade ou o preço. E agora, ergue-se a Geração Alpha, crescendo num mundo onde o digital e o real se fundem como cores na aquarela do futuro. Para eles, o marketing não é uma montra, mas um portal. Realidade aumentada, inteligência artificial, personalização absoluta—os alicerces de um tempo em que as marcas não vendem apenas produtos, mas criam universos onde cada experiência é um sonho palpável.
Hoje, vivemos num tempo de velocidade e efemeridade. A atenção é um bem escasso, e o marketing precisa de capturá-la num piscar de olhos. Mais do que visibilidade, as marcas, enquanto “seres vivos”, precisam de personalidade. Mais do que discurso, precisam de ação. Não basta estar nos ecrãs – é essencial estar no coração e na mente de quem escuta.
E o amanhã? O futuro sussurra promessas de novas realidades, de imersões profundas e personalização extrema. A inteligência artificial, a realidade aumentada e a interação instantânea vão continuar a redesenhar os contornos do marketing, tornando-o mais intuitivo, quase orgânico. Porém, por mais que a tecnologia avance, uma coisa permanecerá imutável: a necessidade de ligação. No final, o marketing sempre foi e sempre será sobre pessoas, sobre emoções e sobre a magia de contar histórias que atravessam o tempo e ficam, para sempre, gravadas na memória. Um dos meus maiores mestres nesta indústria dizia: “O grande objetivo do marketing é transformar uma ideia numa pipa de massa, contando, sobretudo, uma boa história.”