Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades: 30 anos de Marketing em transformação

Opinião de Francisco Rio, Portugal Retail Manager Salesland Group

Abr 2, 2025 - 20:27
 0
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades: 30 anos de Marketing em transformação

Por Francisco Rio, Portugal Retail Manager Salesland Group

Trinta anos representam mais do que uma marca no tempo; são capítulos de uma história em constante reinvenção. Cada década trouxe novas formas de comunicar, novos desafios e novas oportunidades. O marketing, como um rio que nunca para de correr, moldou-se às margens da tecnologia e dos comportamentos humanos. Olhamos para trás e vemos um mundo em constante mutação – um palco onde o marketing sempre dançou ao ritmo da humanidade. Durante décadas, essa arte de comunicar transformou-se, evoluiu de um discurso solene para um sussurro próximo ao ouvido do consumidor. Se antes as marcas falavam, hoje precisam de escutar. Se antes bastava existir, hoje é preciso emocionar.

Os Baby Boomers cresceram sob um céu de certezas, onde a publicidade tradicional erguia templos de confiança. As marcas eram bússolas fiéis, e a lealdade, um fio inquebrável tecido entre discursos persuasivos e ecos dos media massificados. Depois, chegou a Geração X, navegando os ventos da revolução digital. O consumidor tornou-se cético, exigindo transparência como quem busca a luz no nevoeiro. O marketing, antes monólogo, transformou-se em diálogo. O e-mail e os primeiros websites desenharam pontes para um novo tempo, onde a conexão valia mais que do que a promessa.

Os Millennials, filhos da transição, recusaram os moldes do consumo tradicional. Não bastava possuir; era preciso sentir. As marcas tornaram-se contadoras de histórias, tecendo narrativas que se entrelaçavam com identidades individuais. As redes sociais ergueram palcos onde a autenticidade e a personalização não eram luxo, mas mandamento.

Então, surgiu a Geração Z, nativa digital, moldando o marketing com a velocidade da luz. Se uma marca não captasse o seu olhar num instante, dissipava-se como poeira no fluxo infinito de conteúdos. Para eles, autenticidade não é um argumento – é um requisito. E, no seu julgamento, valores sociais e ambientais pesam tanto quanto a qualidade ou o preço. E agora, ergue-se a Geração Alpha, crescendo num mundo onde o digital e o real se fundem como cores na aquarela do futuro. Para eles, o marketing não é uma montra, mas um portal. Realidade aumentada, inteligência artificial, personalização absoluta—os alicerces de um tempo em que as marcas não vendem apenas produtos, mas criam universos onde cada experiência é um sonho palpável.

Hoje, vivemos num tempo de velocidade e efemeridade. A atenção é um bem escasso, e o marketing precisa de capturá-la num piscar de olhos. Mais do que visibilidade, as marcas, enquanto “seres vivos”, precisam de personalidade. Mais do que discurso, precisam de ação. Não basta estar nos ecrãs – é essencial estar no coração e na mente de quem escuta.

E o amanhã? O futuro sussurra promessas de novas realidades, de imersões profundas e personalização extrema. A inteligência artificial, a realidade aumentada e a interação instantânea vão continuar a redesenhar os contornos do marketing, tornando-o mais intuitivo, quase orgânico. Porém, por mais que a tecnologia avance, uma coisa permanecerá imutável: a necessidade de ligação. No final, o marketing sempre foi e sempre será sobre pessoas, sobre emoções e sobre a magia de contar histórias que atravessam o tempo e ficam, para sempre, gravadas na memória. Um dos meus maiores mestres nesta indústria dizia: “O grande objetivo do marketing é transformar uma ideia numa pipa de massa, contando, sobretudo, uma boa história.”