Mercados globais registram fortes perdas após nova rodada de tarifas impostas pelos EUA

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma nova rodada de tarifas sobre produtos importados desencadeou reações negativas nos mercados financeiros internacionais nesta sexta-feira. O anúncio, feito em 2 de abril, teve como justificativa a proteção da indústria americana e o reequilíbrio da balança comercial, segundo declaração do próprio presidente. No […] O post Mercados globais registram fortes perdas após nova rodada de tarifas impostas pelos EUA apareceu primeiro em O Cafezinho.

Abr 4, 2025 - 17:46
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Mercados globais registram fortes perdas após nova rodada de tarifas impostas pelos EUA

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma nova rodada de tarifas sobre produtos importados desencadeou reações negativas nos mercados financeiros internacionais nesta sexta-feira.

O anúncio, feito em 2 de abril, teve como justificativa a proteção da indústria americana e o reequilíbrio da balança comercial, segundo declaração do próprio presidente. No entanto, investidores responderam com aversão ao risco, provocando liquidações em diversos segmentos do mercado.

No Japão, os efeitos foram imediatos. O índice bancário de Tóquio registrou queda de 11%, o pior desempenho diário entre os setores.

Os mecanismos automáticos de contenção de perdas foram acionados diante da volatilidade. O índice Nikkei, principal indicador da bolsa japonesa, recuou mais de 4% no dia e acumula queda semanal próxima de 10%, o pior resultado desde 2019.

“Os bancos no Japão estão presos no fogo cruzado das expectativas decrescentes de aumento de juros, coincidindo com o mercado se conformando com maiores chances de uma recessão global”, afirmou Jon Withaar, gestor de fundo da Pictet Asset Management.

Nos Estados Unidos, os mercados também registraram perdas expressivas. O valor de mercado das empresas listadas no índice S&P 500 encolheu em US$ 2,4 trilhões em apenas um dia, marca semelhante à registrada em março de 2020, no início da pandemia.

Os contratos futuros dos principais índices de Wall Street apontavam para quedas adicionais: o Nasdaq recuava mais de 1%, enquanto o S&P 500 perdia 0,9%.

A volatilidade gerada pelas tarifas também pressionou o mercado de títulos públicos. O rendimento dos Treasuries de 10 anos caiu abaixo de 4%, e operadores do mercado passaram a precificar cortes de mais de 100 pontos-base nas taxas de juros do Federal Reserve ainda este ano.

“Se o atual conjunto de tarifas se mantiver, uma recessão no segundo ou terceiro trimestre é bem possível, assim como um mercado em baixa”, afirmou David Bahnsen, diretor de investimentos do The Bahnsen Group. “A questão é: o presidente Trump buscará algum tipo de saída para essas políticas se e quando virmos um mercado de baixa no mercado de ações.”

A busca por segurança refletiu-se na valorização de ativos considerados defensivos. O ouro alcançou US$ 3.103,97 por onça, aproximando-se de sua máxima histórica e encerrando a quinta semana consecutiva de alta. O iene japonês também se fortaleceu frente ao dólar, que perdeu cerca de 0,5% em relação à moeda japonesa, sendo cotado a 145,41.

No mercado de câmbio, moedas de países com maior exposição ao comércio internacional, como o dólar australiano e o neozelandês, recuaram mais de 1%. O euro apresentou valorização de 0,39%, atingindo US$ 1,1095, impulsionado pela fraqueza do dólar.

As reações do mercado aumentaram as expectativas em relação à próxima manifestação do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, prevista ainda para esta sexta-feira. Investidores aguardam possíveis sinais de revisão na política monetária em função do novo cenário econômico.

David Doyle, chefe de economia do Macquarie Group, comentou sobre os riscos de um cenário de estagflação.

“Os bancos centrais não estão bem equipados para lidar com a estagflação, pois os impactos do crescimento mais lento e da inflação mais alta puxam as políticas em direções opostas. Isso significa que uma inflação básica mais forte provavelmente limitará a extensão de qualquer resposta política do Fed.”

O petróleo também registrou perdas, refletindo preocupações com uma possível desaceleração da atividade econômica global. A queda nos preços foi atribuída ao temor de que as tarifas impostas pelos Estados Unidos provoquem novas disfunções nas cadeias produtivas, afetando o comércio internacional e ampliando os riscos de retração.

Analistas do mercado financeiro observam que os efeitos completos das novas tarifas ainda não foram mensurados, mas os primeiros indicadores sugerem impactos amplos sobre os fluxos de capitais e as expectativas de crescimento global para 2025.

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