Menina de 4 anos amarrada no quintal de casa: saiba como identificar e denunciar casos de violência contra crianças
Mãe e padrasto da garota foram soltos pela Justiça após flagrante. Psicóloga, delegado e conselheira tutelar explicam como combater as diferentes formas de maus-tratos. Criança foi encontrada por policiais militares amarrada no quintal da residência Reprodução/WhatsApp Nesta semana, um casal foi preso em flagrante por tortura ao manter uma menina de 4 anos amarrada no quintal de casa em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Os suspeitos de praticar os maus-tratos, a mãe e o padrasto da criança, foram soltos pela Justiça após audiência de custódia. De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), apenas em janeiro e fevereiro de 2025, foram notificadas 1.267 denúncias de violência contra menores de idade no estado. Em todo o ano passado, a Polícia Civil recebeu mais de 9 mil boletins de ocorrência desse tipo de crime. ✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 PE Segundo dados da Sociedade Brasileira de Pediatria, cerca de 80% das agressões contra crianças e adolescentes de até 14 anos no país acontecem dentro de casa. Para entender como identificar as diferentes formas de violência doméstica infantil, o g1 e a TV Globo ouviram especialistas sobre os seguintes temas: Tipos de violência contra crianças Como saber se uma criança sofre violência Como prevenir O que acontece com a criança vítima de violência Crimes previstos em lei Como denunciar Justiça solta mãe e padrasto presos por manter criança amarrada no quintal de casa Tipos de violência contra crianças De acordo com a psicóloga Tássia Queiroz, especialista em Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) para crianças e adolescentes, há diversas formas de violência contra o público infantil. As mais comuns são: violência física: consiste em agressões de vários tipos, incluindo tapas, chutes, socos e queimaduras até submeter a vítima a um trabalho exaustivo; violência psicológica: vem em forma de humilhações e ameaças, invalidando o que a criança pensa e sente ou fazendo ela se sentir amedrontada e inferior a outras pessoas; violência sexual: ocorre tanto por meio do contato físico direto quanto pela exposição da criança a conteúdo pornográfico; abandono e negligência: falta de envolvimento emocional com a criança, não dar a devida atenção a ela e privá-la de alimentação, higiene e cuidados médicos. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. Como saber se uma criança sofre violência Quando uma criança sofre violência, ela costuma apresentar mudanças no comportamento. Segundo a psicóloga Tássia Queiroz, é preciso observar não só os sinais físicos, como a presença de hematomas e queimaduras no corpo, mas também emocionais. "Pode ter alguma alteração no humor, no sono. Ela vai ter muito mais medo, até um certo retraimento social, de pessoas ou lugares específicos. Ela pode ficar mais agitada, mais ansiosa. Pode ter uma inquietação motora ou o contrário. É como se fugisse do padrão [de conduta] daquela criança", disse. A especialista explicou, ainda, que, caso haja alguma suspeita de que uma criança foi vítima de maus-tratos, não se deve perguntar diretamente a ela. "Dependendo de como você faz a pergunta, você até induz a resposta dessa criança. E pode, até, criar falsas memórias. [...] Você pode brincar com ela, ensinar a ela o que é privado, que as partes íntimas são privadas, que ninguém deve pegar. Ensinando isso à criança, através de bonequinhos, ela pode ir soltando algumas coisas", afirmou Tássia Queiroz. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. Como prevenir Para prevenir casos de violência, é preciso manter esse diálogo com a criança que faça ela ter consciência do próprio corpo e do que é um comportamento violento. "Isso tem que ser feito constantemente. Pais, professores e profissionais de saúde, sempre que tiverem a oportunidade, devem ensinar às crianças sobre prevenção de abuso sexual", afirmou a psicóloga Tássia Queiroz. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. O que acontece com a criança vítima de violência Maria Dulce explicou que, após constatar os maus-tratos, o Conselho Tutelar leva a criança ao hospital para verificar a saúde dela. Em seguida, são procurados outros parentes da vítima que moram na mesma cidade. Se a família não tiver interesse em criá-la, ela é encaminhada para um abrigo. “O primeiro interesse é que a criança se mantenha no seio familiar, com a família protetiva. A gente informa ao Ministério Público, para que sejam feitos os procedimentos. Se não tiver nenhum familiar que queira, ou possa ficar com a criança, então ela vai para uma casa de passagem, até que seja avaliada a situação”, explicou a conselheira. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. Crimes previstos em lei Delegado explica como denunciar casos de violência contra crianças O delegado Geraldo da Costa, do Departamento de Polícia da criança e do Adolescente (DPCA), disse à TV Globo que a legislação estabelece critérios para diferenciar se a violência cometida contra a criança é um castigo, que seria uma agressão física “mais leve”, ou se pode ser caracterizada como t


Mãe e padrasto da garota foram soltos pela Justiça após flagrante. Psicóloga, delegado e conselheira tutelar explicam como combater as diferentes formas de maus-tratos. Criança foi encontrada por policiais militares amarrada no quintal da residência Reprodução/WhatsApp Nesta semana, um casal foi preso em flagrante por tortura ao manter uma menina de 4 anos amarrada no quintal de casa em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Os suspeitos de praticar os maus-tratos, a mãe e o padrasto da criança, foram soltos pela Justiça após audiência de custódia. De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), apenas em janeiro e fevereiro de 2025, foram notificadas 1.267 denúncias de violência contra menores de idade no estado. Em todo o ano passado, a Polícia Civil recebeu mais de 9 mil boletins de ocorrência desse tipo de crime. ✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 PE Segundo dados da Sociedade Brasileira de Pediatria, cerca de 80% das agressões contra crianças e adolescentes de até 14 anos no país acontecem dentro de casa. Para entender como identificar as diferentes formas de violência doméstica infantil, o g1 e a TV Globo ouviram especialistas sobre os seguintes temas: Tipos de violência contra crianças Como saber se uma criança sofre violência Como prevenir O que acontece com a criança vítima de violência Crimes previstos em lei Como denunciar Justiça solta mãe e padrasto presos por manter criança amarrada no quintal de casa Tipos de violência contra crianças De acordo com a psicóloga Tássia Queiroz, especialista em Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) para crianças e adolescentes, há diversas formas de violência contra o público infantil. As mais comuns são: violência física: consiste em agressões de vários tipos, incluindo tapas, chutes, socos e queimaduras até submeter a vítima a um trabalho exaustivo; violência psicológica: vem em forma de humilhações e ameaças, invalidando o que a criança pensa e sente ou fazendo ela se sentir amedrontada e inferior a outras pessoas; violência sexual: ocorre tanto por meio do contato físico direto quanto pela exposição da criança a conteúdo pornográfico; abandono e negligência: falta de envolvimento emocional com a criança, não dar a devida atenção a ela e privá-la de alimentação, higiene e cuidados médicos. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. Como saber se uma criança sofre violência Quando uma criança sofre violência, ela costuma apresentar mudanças no comportamento. Segundo a psicóloga Tássia Queiroz, é preciso observar não só os sinais físicos, como a presença de hematomas e queimaduras no corpo, mas também emocionais. "Pode ter alguma alteração no humor, no sono. Ela vai ter muito mais medo, até um certo retraimento social, de pessoas ou lugares específicos. Ela pode ficar mais agitada, mais ansiosa. Pode ter uma inquietação motora ou o contrário. É como se fugisse do padrão [de conduta] daquela criança", disse. A especialista explicou, ainda, que, caso haja alguma suspeita de que uma criança foi vítima de maus-tratos, não se deve perguntar diretamente a ela. "Dependendo de como você faz a pergunta, você até induz a resposta dessa criança. E pode, até, criar falsas memórias. [...] Você pode brincar com ela, ensinar a ela o que é privado, que as partes íntimas são privadas, que ninguém deve pegar. Ensinando isso à criança, através de bonequinhos, ela pode ir soltando algumas coisas", afirmou Tássia Queiroz. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. Como prevenir Para prevenir casos de violência, é preciso manter esse diálogo com a criança que faça ela ter consciência do próprio corpo e do que é um comportamento violento. "Isso tem que ser feito constantemente. Pais, professores e profissionais de saúde, sempre que tiverem a oportunidade, devem ensinar às crianças sobre prevenção de abuso sexual", afirmou a psicóloga Tássia Queiroz. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. O que acontece com a criança vítima de violência Maria Dulce explicou que, após constatar os maus-tratos, o Conselho Tutelar leva a criança ao hospital para verificar a saúde dela. Em seguida, são procurados outros parentes da vítima que moram na mesma cidade. Se a família não tiver interesse em criá-la, ela é encaminhada para um abrigo. “O primeiro interesse é que a criança se mantenha no seio familiar, com a família protetiva. A gente informa ao Ministério Público, para que sejam feitos os procedimentos. Se não tiver nenhum familiar que queira, ou possa ficar com a criança, então ela vai para uma casa de passagem, até que seja avaliada a situação”, explicou a conselheira. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. Crimes previstos em lei Delegado explica como denunciar casos de violência contra crianças O delegado Geraldo da Costa, do Departamento de Polícia da criança e do Adolescente (DPCA), disse à TV Globo que a legislação estabelece critérios para diferenciar se a violência cometida contra a criança é um castigo, que seria uma agressão física “mais leve”, ou se pode ser caracterizada como tortura – tipificada como crime hediondo (veja vídeo acima). “A legislação estabelece os critérios que tipifica os crimes. Seja lesão corporal, maus-tratos, ou nos casos mais sérios, o crime de tortura, que é um crime hediondo. Em cada situação, o delegado vai analisar e chegar à conclusão ao final do inquérito policial”, explicou. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. Como denunciar O delegado Geraldo Costa explicou que qualquer pessoa pode denunciar uma violência contra crianças e adolescentes. “Todo mundo é responsável [pelo cuidado com as crianças] e, no caso de ter conhecimento de uma agressão, seja física ou sexual, pode procurar a Polícia Civil, em qualquer delegacia, e fazer a denúncia. Pode ligar para o ‘Disque 100’; aqui no Recife tem o setor de denúncia do DPCA, e também pode procurar a Polícia Militar na rua, se for um caso que esteja acontecendo naquele momento, para que a pessoa seja autuada em flagrante e conduzida à delegacia”, acrescentou o delegado. Conselheira tutelar de Goiana, cidade onde a criança de 4 anos foi amarrada no quintal de casa, Maria Dulce Vieira da Silva disse que o principal canal para denunciar maus tratos a crianças é o Disque 100. “É um número nacional. Não precisa se identificar. É só relatar a denúncia e informar o endereço. As informações chegam para o conselho tutelar da cidade, que vai averiguar o caso”, informou. Segundo a conselheira, quando acontecem casos como o da criança encontrada amarrada, o número de pessoas que procuram o órgão para relatar outras situações semelhantes aumenta. “O maior medo de quem sabe de uma situação assim e quer denunciar é ser identificado. Mas é importante dizer que existe a garantia do sigilo, do anonimato. Tem pessoas que escrevem um bilhete e deixam no conselho tutelar. Em alguns casos, a gente recebe o denunciante e não faz nem ficha – porque a pessoa realmente tem medo de ser identificada. Ela entra, é acolhida, relata o que está acontecendo e vai embora”, afirmou. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. Criança foi encontrada amarrada no quintal de casa em Goiana, na Mata Norte de Pernambuco VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias