Lula participa do velório de Pepe Mujica em Montevidéu

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Montevidéu, Uruguai, na tarde desta quinta-feira, 15, para comparecer ao velório do ex-presidente uruguaio José Mujica, morto na última terça-feira, 13, aos 89 anos. A cerimônia ocorre no Palácio Legislativo, sede do Parlamento do país, onde milhares de pessoas formaram filas para prestar homenagens ao ex-chefe de Estado.

Lula chegou ao Aeroporto Internacional de Carrasco por volta das 13h30, acompanhado da primeira-dama, Rosângela da Silva, conhecida como Janja.

Também integraram a comitiva brasileira o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo; o senador Humberto Costa (PT-PE); os deputados federais Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Guilherme Boulos (PSOL-SP); e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante.

O velório teve início na quarta-feira (14), no Salão dos Passos Perdidos do Palácio Legislativo, e reuniu autoridades de diversos países, integrantes do governo uruguaio, parlamentares e representantes de movimentos sociais.

A cerimônia não incluiu elementos religiosos, seguindo o formato laico adotado pelo Estado uruguaio. O corpo de Mujica foi exposto em caixão fechado, coberto com a bandeira nacional.

Na manhã desta quinta-feira, o cortejo percorreu as ruas centrais de Montevidéu em uma carruagem puxada por cavalos.

O trajeto contou com a presença de militantes do Movimento de Participação Popular (MPP), organização política fundada por Mujica e que integra a coalizão de esquerda Frente Ampla. Durante o percurso, foram entoados cantos e palavras de ordem em referência à trajetória política do ex-presidente.

José Alberto Mujica Cordano ocupou a presidência do Uruguai entre 2010 e 2015. Também foi senador, ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca, e deputado nacional.

Antes da atuação parlamentar, foi integrante da guerrilha urbana Tupamaros durante a década de 1960, sendo preso por quase 15 anos durante o regime militar uruguaio.

Em abril de 2024, Mujica anunciou publicamente que havia sido diagnosticado com câncer de esôfago. O quadro evoluiu para metástase hepática, e nos últimos meses ele passou a receber cuidados paliativos em sua residência, localizada na região rural de Rincón del Cerro, nos arredores de Montevidéu.

Sua companheira, a ex-senadora e também ex-vice-presidente Lucía Topolansky, informou à imprensa que o estado de saúde de Mujica havia se agravado de forma irreversível nas semanas anteriores ao falecimento.

A decisão de Lula de comparecer pessoalmente à cerimônia ocorre no contexto de uma relação de proximidade histórica entre o ex-presidente uruguaio e lideranças políticas brasileiras. Em diferentes momentos, Mujica manifestou apoio a pautas integracionistas no âmbito do Mercosul e defendeu o fortalecimento das relações bilaterais com o Brasil.

Após a cerimônia pública, os restos mortais de Mujica serão cremados, conforme desejo previamente manifestado. As cinzas serão enterradas sob uma árvore em sua propriedade rural, onde também se encontra uma homenagem à cadela Manuela, que o acompanhou durante o período em que ocupou a Presidência.

O governo uruguaio decretou luto oficial de três dias. Durante esse período, as bandeiras foram hasteadas a meio mastro em todos os edifícios públicos do país. O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, em pronunciamento oficial, destacou o papel de Mujica na história recente da nação e afirmou que sua trajetória “transcendeu fronteiras partidárias”.

A Frente Ampla, coligação de partidos de esquerda à qual Mujica era filiado, organizou uma série de homenagens paralelas em Montevidéu e em outras cidades do país. Atos públicos e manifestações espontâneas ocorreram em frente ao Palácio Legislativo desde o anúncio de sua morte.

Autoridades internacionais também enviaram mensagens de condolências. O presidente da Argentina, Javier Milei, declarou por meio de nota oficial que respeita “a importância histórica de Mujica para o povo uruguaio”. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, expressou pesar pelo falecimento e classificou Mujica como “uma liderança respeitada na América Latina”.

A presença de Lula e de integrantes do alto escalão do governo brasileiro reflete o reconhecimento do papel desempenhado por Mujica nas relações diplomáticas entre os dois países ao longo das últimas décadas. Durante o governo do ex-presidente uruguaio, Brasil e Uruguai firmaram acordos nas áreas de infraestrutura, comércio e energia, além de manterem diálogo constante no âmbito do Mercosul.

O velório será encerrado ainda nesta quinta-feira. A cerimônia de cremação ocorrerá de forma reservada, com a presença apenas de familiares e amigos próximos.

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