Juliana Oliveira será ouvida pela polícia após acusar Otavio Mesquita de estupro

Humorista prestará depoimento sobre denúncia envolvendo episódio do "The Noite" exibido em 2016, no qual afirma ter sido estuprada

Abr 22, 2025 - 00:11
 0
Juliana Oliveira será ouvida pela polícia após acusar Otavio Mesquita de estupro

Depoimento está marcado para quarta-feira

Juliana Oliveira prestará depoimento à Polícia Civil na próxima quarta-feira (23/4), às 11h, no 7º Distrito Policial de Osasco, na Grande São Paulo. A ex-assistente de palco acusa o apresentador Otavio Mesquita de estupro, com base em um episódio gravado para o programa “The Noite”, do SBT, em 25 de abril de 2016.

A denúncia foi formalizada no mês passado por meio de uma queixa-crime apresentada ao Ministério Público de São Paulo. A defesa da ex-assistente de palco anexou imagens da gravação como prova dos atos descritos.

Como teria acontecido o abuso?

O vídeo mostra Otavio Mesquita suspenso por cordas e vestido de Batman. Quando a assistente se aproxima para ajudá-lo, ele a agarra, apalpa um dos seios e a imobiliza com as pernas, simulando movimentos sexuais em frente às câmeras.

O episódio durou cerca de três minutos e foi exibido integralmente na televisão. Em determinado momento, Danilo Gentili afirmou: “Juliana está fazendo cara feia, mas eu sei que ela gostou”. Logo depois, Mesquita declarou: “Eu vou falar uma coisa para você que na sua história, fora os seus namorados, ninguém fez. Sem querer, eu dei uma apertada nas peitocas dela… ‘é durinho’, ‘é durinho’.”

Juliana afirma que a encenação não foi combinada e que tentou denunciar o ocorrido à produção do programa, mas não foi ouvida. Segundo seu relato, após o episódio, passou a ser escondida em banheiros da emissora para evitar encontros com o apresentador.

Danilo Gentili contesta acusação

Danilo Gentili se manifestou publicamente sobre denúncia, expondo áudios de Juliana para negar a acusação de omissão feita por sua ex-assistente de palco. Segundo Gentili, Juliana teria procurado o apresentador apenas em dezembro de 2020, mais de quatro anos após o episódio, para relatar que foi vítima de violência sexual. Na época, ela teria mencionado que só percebeu a gravidade do ocorrido após a repercussão do caso envolvendo Dani Calabresa e Marcius Melhem.

“Juliana me citou e fez acusação que é completamente mentira o que ela falou [em relação a mim]. Ela ignora fatos da linha do tempo que fazem toda a diferença para a narrativa que está contando”, afirmou. Ele acrescentou que, após o relato, ofereceu ajuda para a assistente levar a denúncia ao SBT, mas ela recusou. “Ela disse: ‘não quero que denuncie ele na polícia’. Falei: ‘então vamos denunciar no compliance do SBT’. Ela falou: ‘não quero que denuncie ele no RH’”. A denúncia só foi feita recentemente.

O apresentador do “The Noite” também afirmou que, em 2016, entendeu que havia liberdade entre Juliana e Mesquita, e por isso o programa foi ao ar. “Se eu tivesse entendido o contrário, nem teria ido ao ar. Nenhum de nós achamos que tinha coisa errada.”

Apresentador nega crime e diz que cena era combinada

Otavio Mesquita afirmou que se tratava de uma “brincadeira combinada” e entrou com um processo contra Juliana

por danos morais.

Ele afirmou que, à época, não houve nenhuma reclamação ou objeção à exibição da cena. “Estou muito chateado, muito triste. Todo mundo sabe que fui surpreendido com uma acusação de estupro. Olha que loucura isso”, disse.

“Eu participei como convidado em 2016, olha isso, o tempo que foi isso. Esse programa foi ao ar, repito, há quase 10 anos e nesse período todo não houve nenhum período de desagravo ou reclamação. Nem mesmo no dia da gravação houve alguma reclamação ou pedido, ‘não quero que vá ao ar’, isso é um absurdo”, completou.

Denúncia de estupro

A defesa da humorista sustenta que houve uso de força física e ausência de consentimento, caracterizando estupro. “A prática de atos libidinosos configura estupro”, afirmou. Ele citou a jurisprudência atual, que não exige penetração para caracterizar o crime.

Segundo o advogado, o vídeo da gravação, disponível no YouTube, comprova os abusos cometidos. “Ele aproxima as partes íntimas da boca dela, joga a Juliana no sofá… Quase quatro minutos de agressão. Ela reage, dá tapa, chuta, protesta.”

Ele ainda contestou a ideia de que o silêncio inicial de Juliana deslegitima sua denúncia. “Cada pessoa tem um tempo diferente para denunciar. Isso adoece a pessoa. E entra o componente racial, a ideia de que o corpo da mulher é público.”

O espaço segue aberto para posicionamentos, declarações e atualizações das partes citadas, que queiram responder, refutar ou acrescentar detalhes em relação ao que foi noticiado.