Diário de viagem: Capítulo 9
Como se tornou habitual, o telefone tocou para nos acordar, desta feita às 3 horas. Com as bagagens prontas para a saída às 4h, dirigimo-nos ao autocarro que nos aguardava. Foi carregar tudo e sair antes das 5 horas em direcção a Abu Simbel. O melhor a fazer seria tentar dormir no autocarro, pois a viagem seria de 3 horas de ida e outras 3 horas de regresso. A paisagem não ajudou em nada. O caminho foi quase todo uma grande travessia de deserto. E valeu a pena? Nem é preciso perguntar, caramba, valeu todas as penas que as minhas mazelas residentes conseguiram aguentar. Abu Simbel é um complexo arqueológico majestoso composto por dois impressionantes templos construídos durante o reinado do faraó Ramsés II. Os templos são famosos pelas suas estátuas monumentais e relevos elaborados que retratam cenas religiosas e representações do faraó e da sua estrondosa vitória sobre os hititas na batalha de Kadesh. O maior dos dois templos, dedicado ao deus Amon, tem na fachada quatro enormes estátuas de Ramsés II, cada uma com cerca de 20 metros de altura. O templo mais pequeno é o templo de Nefertari, esposa favorita do faraó, é dedicado à deusa Hathor e apresenta estátuas de Ramsés II juntamente com estátuas da sua esposa dilecta. Um dos aspectos mais cativantes desses templos é o chamado "fenómeno da luz solar". Este acontecimento tem lugar duas vezes por ano, em 22 de Fevereiro e em 22 de Outubro, datas do aniversário do faraó e da sua ascensão ao trono. Nesses dias, a luz do sol ilumina apenas a estátua de Ramsés II no interior do templo principal, enquanto as outras estátuas permanecem na sombra. O alinhamento solar foi projectado intencionalmente pelos antigos egípcios e é um testemunho da habilidade arquitectónica e do conhecimento astronómico da época. Os templos foram parcialmente transferidos na década de 1960 devido à construção da Barragem de Aswan e ao aumento associado do nível das águas do Nilo para os proteger das inundações. Esta impressionante operação de resgate foi apoiada pela UNESCO e é considerada um dos maiores projectos arqueológicos do século XX. É lenda local que um rapaz que pastoreava cabras encontrou uma das cabeças gigantes, fugiu apavorado e só muito a custo conseguiu revelar à família o que tinha visto. O nome do pequeno era Abu Simbel. Os templos são grandiosos, eloquentes, belos, esmagadores. As cenas de batalha parecem acabadas de gravar, tanto na parede, como na nossa imaginação, como uma imensa banda desenhada a encantar os corações jovens que nunca deixámos de ter, nem de sentir a pular dentro do peito. Não perderia esta viagem por nada. Nada mesmo. Horas depois voltámos a Aswan para, do aeroporto, iniciarmos o regresso ao Cairo. Lá chegados teremos de ultimar os preparativos para o regresso, não antes do último presente, a cereja no topo do bolo. Até lá.

Como se tornou habitual, o telefone tocou para nos acordar, desta feita às 3 horas. Com as bagagens prontas para a saída às 4h, dirigimo-nos ao autocarro que nos aguardava. Foi carregar tudo e sair antes das 5 horas em direcção a Abu Simbel. O melhor a fazer seria tentar dormir no autocarro, pois a viagem seria de 3 horas de ida e outras 3 horas de regresso. A paisagem não ajudou em nada. O caminho foi quase todo uma grande travessia de deserto.
E valeu a pena? Nem é preciso perguntar, caramba, valeu todas as penas que as minhas mazelas residentes conseguiram aguentar.
Abu Simbel é um complexo arqueológico majestoso composto por dois impressionantes templos construídos durante o reinado do faraó Ramsés II. Os templos são famosos pelas suas estátuas monumentais e relevos elaborados que retratam cenas religiosas e representações do faraó e da sua estrondosa vitória sobre os hititas na batalha de Kadesh.
O maior dos dois templos, dedicado ao deus Amon, tem na fachada quatro enormes estátuas de Ramsés II, cada uma com cerca de 20 metros de altura. O templo mais pequeno é o templo de Nefertari, esposa favorita do faraó, é dedicado à deusa Hathor e apresenta estátuas de Ramsés II juntamente com estátuas da sua esposa dilecta.
Um dos aspectos mais cativantes desses templos é o chamado "fenómeno da luz solar". Este acontecimento tem lugar duas vezes por ano, em 22 de Fevereiro e em 22 de Outubro, datas do aniversário do faraó e da sua ascensão ao trono. Nesses dias, a luz do sol ilumina apenas a estátua de Ramsés II no interior do templo principal, enquanto as outras estátuas permanecem na sombra. O alinhamento solar foi projectado intencionalmente pelos antigos egípcios e é um testemunho da habilidade arquitectónica e do conhecimento astronómico da época.
Os templos foram parcialmente transferidos na década de 1960 devido à construção da Barragem de Aswan e ao aumento associado do nível das águas do Nilo para os proteger das inundações. Esta impressionante operação de resgate foi apoiada pela UNESCO e é considerada um dos maiores projectos arqueológicos do século XX.
É lenda local que um rapaz que pastoreava cabras encontrou uma das cabeças gigantes, fugiu apavorado e só muito a custo conseguiu revelar à família o que tinha visto. O nome do pequeno era Abu Simbel.
Os templos são grandiosos, eloquentes, belos, esmagadores. As cenas de batalha parecem acabadas de gravar, tanto na parede, como na nossa imaginação, como uma imensa banda desenhada a encantar os corações jovens que nunca deixámos de ter, nem de sentir a pular dentro do peito.
Não perderia esta viagem por nada. Nada mesmo.
Horas depois voltámos a Aswan para, do aeroporto, iniciarmos o regresso ao Cairo. Lá chegados teremos de ultimar os preparativos para o regresso, não antes do último presente, a cereja no topo do bolo.
Até lá.