Israel anuncia intenção de tomar grandes áreas da Faixa de Gaza em grande escalada

O ministro da Defesa, Israel Katz, diz que as terras apreendidas ‘serão adicionadas às áreas de segurança do estado de Israel’

O ministro da defesa de Israel disse que o país pretende “tomar grandes áreas” da Faixa de Gaza em meio a uma grande expansão de operações aéreas e terrestres no território palestino sitiado.

Israel Katz disse em um comunicado na quarta-feira que “as tropas se moverão para limpar áreas de terroristas e infraestrutura, e tomarão um extenso território que será adicionado às áreas de segurança do estado de Israel”.

Ele também disse que estava pedindo aos civis palestinos que fugissem das áreas onde os combates retornaram após o colapso do cessar-fogo entre Israel e o Hamas no mês passado e que “agissem agora para derrubar o Hamas e devolver todos os reféns”.

O anúncio ocorreu após uma noite de ataques aéreos intensivos em Khan Younis e Rafah, no sul de Gaza, que autoridades hospitalares disseram ter matado pelo menos 21 pessoas. Os corpos de cinco mulheres, uma delas grávida, e duas crianças foram levados ao hospital Nasser na manhã de quarta-feira, disseram os médicos, assim como três homens da mesma família.

Também houve relatos na quarta-feira de pelo menos dois ataques aéreos na Cidade de Gaza e movimentação de tropas israelenses na área de Rafah. As Forças de Defesa de Israel (IDF) disseram que haviam enviado uma divisão extra para o sul de Gaza no início do dia.

Crianças empurram carrinhos carregados de pertences enquanto as pessoas fogem de Rafah na quarta-feira. | Eyad Baba/AFP/Getty Images

Os militares israelenses emitiram ordens de evacuação abrangentes na semana passada para que as pessoas em Rafah e uma faixa de terra que se estende para o norte em direção a Khan Younis se mudassem para al-Mawasi, uma área na costa que Israel designou como zona humanitária, mas bombardeou repetidamente.

Katz não deu detalhes sobre quanta terra Israel pretende capturar, mas de acordo com o grupo israelense de direitos humanos Gisha, as IDF tomaram zonas de proteção ao redor das bordas de Gaza, totalizando 62 km², ou 17% da faixa, desde que a guerra começou em outubro de 2023.

Israel retomou os bombardeios intensivos em Gaza em 18 de março, seguidos pela redistribuição de tropas terrestres, pondo fim abrupto a um cessar-fogo de quase dois meses e às trocas de reféns israelenses mantidos por grupos militantes palestinos e palestinos em prisões israelenses.

De acordo com os termos da trégua, as partes deveriam negociar a implementação de novas fases do acordo durante a primeira fase de 42 dias, mas o governo israelense adiou repetidamente as negociações.

A última estimativa da ONU, de 23 de março, sugeriu que mais de 140.000 pessoas foram deslocadas desde o fim do cessar-fogo. Mais de 90% da população da faixa de 2,3 milhões foi forçada a fugir de suas casas durante o conflito, muitas delas várias vezes.

Centenas de pessoas foram mortas em ataques aéreos das FDI e Israel também cortou o fornecimento de ajuda humanitária, alimentos e combustível para a região, em um esforço para pressionar o Hamas.

Esforços liderados por mediadores do Catar e do Egito para colocar as negociações visando acabar com a guerra de volta aos trilhos ainda não levaram a um avanço. A retomada dos combates em Gaza alimentou protestos em Israel contra o governo de apoiadores dos reféns restantes e suas famílias.

O ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023 ao sul de Israel, no qual Israel diz que 1.200 pessoas, a maioria civis, foram mortas e outras 250 foram feitas prisioneiras, foi o gatilho para o conflito na Faixa de Gaza, a pior guerra entre Israel e os palestinos em mais de 70 anos de combates.

A campanha militar de retaliação de Israel em Gaza matou pelo menos 50.357 pessoas, a maioria delas civis, de acordo com o Ministério da Saúde do território.

Publicado originalmente pelo The Guardian em 02/04/2025

Por Bethan McKernan em Jerusalém

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