Indústria do luxo em xeque? Tarifas de Trump ameaçam setor

Depois de meses de otimismo cauteloso em relação à recuperação do setor de luxo, eis que Donald Trump dá a machadada que a indústria estava longe de precisar: um novo pacote de tarifas que ameaça comprometer o principal motor de crescimento da indústria, os EUA.

Em janeiro, Bernard Arnault, presidente da LVMH, elogiava o ambiente positivo nos EUA após bons resultados financeiros e a posse do presidente republicano, mas as previsões otimistas foram por água abaixo e o discurso mudou radicalmente. Num anúncio no Rose Garden, Trump revelou o maior pacote tarifário imposto em mais de um século, com taxas severas que afetam diretamente centros de produção do luxo: 20% sobre importações da UE, 10% do Reino Unido, 31% da Suíça e 34% da China.

A medida gera um novo nível de complexidade para uma indústria já pressionada por vendas instáveis e consumidores mais retraídos em gastar neste tipo de bens. Os EUA têm sido um refúgio importante, com marcas como Louis Vuitton, Hermès e Gucci a expandirem a sua presença em busca do consumidor americano resiliente, mas com a entrada em vigor das tarifas, o cenário poderá afigurar-se mais negro.

Analistas apontam que a incerteza política e comercial poderá travar o ímpeto do setor, que via nos EUA a peça-chave para sair da crise pós-pandemia. A reeleição de Trump, inicialmente bem recebida pela indústria por prometer cortes fiscais e estímulo ao consumo, agora gera receio e a volatilidade dos mercados já se faz sentir: o S&P 500 – um indicador financeiro que reúne as 500 maiores empresas dos Estados Unidos – caiu 5% na quinta-feira, a maior queda desde junho de 2020.

Enquanto isso, o futuro do luxo permanece incerto e o caminho para a recuperação mais sinuoso do que se esperava.