Fed mantém juros dos EUA na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, diante de incertezas com Trump

Essa é a terceira decisão consecutiva em que o BC norte-americano mantém as taxas inalteradas. Atual postura cautelosa da instituição reflete impactos da política comercial do republicano, enquanto o presidente do Fed, Jerome Powell, ignora as fortes críticas de Trump sobre seu trabalho. Foto de arquivo: O presidente dos EUA, Donald Trump, observa Jerome Powell, seu indicado para presidir o Federal Reserve (Fed), durante discurso na Casa Branca, em Washington, EUA, em 2 de novembro de 2017. REUTERS/Carlos Barria/Foto de arquivo O Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, manteve as taxas de juros do país inalteradas na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano. A decisão unânime, anunciada nesta quarta-feira (7), veio em linha com as expectativas do mercado financeiro. Essa foi a terceira reunião seguida em que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) optou por não alterar o referencial de juros. Em março, o colegiado reiterou a perspectiva econômica "incerta" e a atenção a riscos ao justificar sua posição. Além de reiterar o cenário, o comitê afirmou hoje que as incertezas em torno das perspectivas econômicas "aumentaram ainda mais". A declaração vem em meio à política tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump, que tem impactado fortemente a economia do país. (leia mais abaixo) As decisões sobre as taxas de juros nos EUA geram efeitos também no Brasil. Quando as taxas permanecem elevadas, há maior pressão para que a Selic, a taxa básica de juros brasileira, também permaneça alta por mais tempo. Além disso, há impactos no câmbio. (entenda também mais abaixo) O anúncio desta quarta-feira foi o terceiro desde que Donald Trump tomou posse como 47º presidente dos EUA, em 20 de janeiro. O cenário, porém, ficou mais adverso de lá para cá, diante da guerra tarifária promovida pelo republicano. Economistas e agentes do mercado têm feito uma série de alertas sobre os impactos nos EUA das taxas aplicadas a outros países — em especial, contra os principais parceiros comerciais dos norte-americanos. Algumas tarifas estão em vigor. Outras, foram suspensas. O grande destaque vai para a guerra comercial entre EUA e China. Ao longo das últimas semanas, os norte-americanos anunciaram taxas de até 145% sobre produtos importados da China. Pequim respondeu com alíquotas de até 125% sobre a importação de itens dos EUA. A decisão de manter os juros inalterados nos EUA nesta quarta-feira veio apesar de fortes críticas de Trump contra o presidente do Fed, Jerome Powell. Nas últimas semanas, o republicano questionou inúmeras vezes o trabalho do banqueiro central à frente da instituição e chegou a ameaçar demiti-lo, mesmo que o presidente dos EUA não tenha poder para tomar essa decisão. O que disse o Fomc Em comunicado, o comitê reiterou que a atividade econômica continuou a se expandir "em um ritmo sólido", com taxa de desemprego estabilizada em níveis baixos e um mercado de trabalho igualmente sólido. Diante do cenário, a inflação dos EUA "permanece um pouco elevada", citou o Fomc. Em março, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) ficou em 2,4% no acumulado em 12 meses — ainda acima da meta de 2% do Fed. O comitê também reforçou que as incertezas sobre o cenário econômico "aumentaram ainda mais". "O Comitê busca alcançar o máximo emprego e uma inflação de 2% no longo prazo. A incerteza sobre as perspectivas econômicas aumentou ainda mais. O Comitê está atento aos riscos em ambas as frentes de seu mandato duplo [de máximo emprego e controle da inflação]", disse, em comunicado. O Fomc também declarou que "continuará monitorando as implicações das informações recebidas" e que está "preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme necessário caso surjam riscos que possam impedir o alcance dos objetivos do Comitê". Resultados negativos Apesar de o objetivo central de Trump ser priorizar a indústria nacional (e usar as tarifas como barganha em negociações), a cobrança de taxas sobre a importação de produtos encarece o custo de itens produzidos dentro dos EUA, o que tende a pressionar a inflação. Além disso, a incerteza diante do vaivém tarifário e das ameaças do republicano tem prejudicado a confiança dos consumidores, levantando temores de que a maior economia do mundo possa enfrentar um período de esfriamento — ou, em cenários mais pessimistas, uma recessão. Um dos principais resultados que ajudam a medir a temperatura da economia dos EUA foi a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do país na última semana, que registrou queda de 0,3% em taxa anualizada no primeiro trimestre.

Mai 7, 2025 - 19:32
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Fed mantém juros dos EUA na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, diante de incertezas com Trump

Essa é a terceira decisão consecutiva em que o BC norte-americano mantém as taxas inalteradas. Atual postura cautelosa da instituição reflete impactos da política comercial do republicano, enquanto o presidente do Fed, Jerome Powell, ignora as fortes críticas de Trump sobre seu trabalho. Foto de arquivo: O presidente dos EUA, Donald Trump, observa Jerome Powell, seu indicado para presidir o Federal Reserve (Fed), durante discurso na Casa Branca, em Washington, EUA, em 2 de novembro de 2017. REUTERS/Carlos Barria/Foto de arquivo O Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, manteve as taxas de juros do país inalteradas na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano. A decisão unânime, anunciada nesta quarta-feira (7), veio em linha com as expectativas do mercado financeiro. Essa foi a terceira reunião seguida em que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) optou por não alterar o referencial de juros. Em março, o colegiado reiterou a perspectiva econômica "incerta" e a atenção a riscos ao justificar sua posição. Além de reiterar o cenário, o comitê afirmou hoje que as incertezas em torno das perspectivas econômicas "aumentaram ainda mais". A declaração vem em meio à política tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump, que tem impactado fortemente a economia do país. (leia mais abaixo) As decisões sobre as taxas de juros nos EUA geram efeitos também no Brasil. Quando as taxas permanecem elevadas, há maior pressão para que a Selic, a taxa básica de juros brasileira, também permaneça alta por mais tempo. Além disso, há impactos no câmbio. (entenda também mais abaixo) O anúncio desta quarta-feira foi o terceiro desde que Donald Trump tomou posse como 47º presidente dos EUA, em 20 de janeiro. O cenário, porém, ficou mais adverso de lá para cá, diante da guerra tarifária promovida pelo republicano. Economistas e agentes do mercado têm feito uma série de alertas sobre os impactos nos EUA das taxas aplicadas a outros países — em especial, contra os principais parceiros comerciais dos norte-americanos. Algumas tarifas estão em vigor. Outras, foram suspensas. O grande destaque vai para a guerra comercial entre EUA e China. Ao longo das últimas semanas, os norte-americanos anunciaram taxas de até 145% sobre produtos importados da China. Pequim respondeu com alíquotas de até 125% sobre a importação de itens dos EUA. A decisão de manter os juros inalterados nos EUA nesta quarta-feira veio apesar de fortes críticas de Trump contra o presidente do Fed, Jerome Powell. Nas últimas semanas, o republicano questionou inúmeras vezes o trabalho do banqueiro central à frente da instituição e chegou a ameaçar demiti-lo, mesmo que o presidente dos EUA não tenha poder para tomar essa decisão. O que disse o Fomc Em comunicado, o comitê reiterou que a atividade econômica continuou a se expandir "em um ritmo sólido", com taxa de desemprego estabilizada em níveis baixos e um mercado de trabalho igualmente sólido. Diante do cenário, a inflação dos EUA "permanece um pouco elevada", citou o Fomc. Em março, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) ficou em 2,4% no acumulado em 12 meses — ainda acima da meta de 2% do Fed. O comitê também reforçou que as incertezas sobre o cenário econômico "aumentaram ainda mais". "O Comitê busca alcançar o máximo emprego e uma inflação de 2% no longo prazo. A incerteza sobre as perspectivas econômicas aumentou ainda mais. O Comitê está atento aos riscos em ambas as frentes de seu mandato duplo [de máximo emprego e controle da inflação]", disse, em comunicado. O Fomc também declarou que "continuará monitorando as implicações das informações recebidas" e que está "preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme necessário caso surjam riscos que possam impedir o alcance dos objetivos do Comitê". Resultados negativos Apesar de o objetivo central de Trump ser priorizar a indústria nacional (e usar as tarifas como barganha em negociações), a cobrança de taxas sobre a importação de produtos encarece o custo de itens produzidos dentro dos EUA, o que tende a pressionar a inflação. Além disso, a incerteza diante do vaivém tarifário e das ameaças do republicano tem prejudicado a confiança dos consumidores, levantando temores de que a maior economia do mundo possa enfrentar um período de esfriamento — ou, em cenários mais pessimistas, uma recessão. Um dos principais resultados que ajudam a medir a temperatura da economia dos EUA foi a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do país na última semana, que registrou queda de 0,3% em taxa anualizada no primeiro trimestre.