Estados Unidos perdem lugar no mapa de férias dos portugueses

Gonçalo Guimarães desistiu as férias nos Estados Unidos agendadas para junho. O plano deste especialista em tecnologias de informação, de 35 anos, passava por conhecer a Route 66 com um amigo e ainda ver um jogo do Mundial de Clubes, disputado em solo norte-americano. Há alguns anos visitou a Carolina do Norte, Florida e Washington e o objetivo para este verão era atravessar a mítica ‘estrada’ de 3.945 quilómetros, que liga Chicago a Los Angeles. O roteiro da viagem não passou do papel por vários motivos. “Em primeiro lugar, a Autorização Eletrónica de Viagem (ESTA) foi recusada ao meu amigo. Ele já tinha estado em Cuba por duas vezes e desconfiamos que tenha sido por isso. Além do mais, a instabilidade política e as novas políticas de controlo de fronteiras fizeram com que adiássemos para o próximo ano”, afirmou Gonçalo Guimarães ao Jornal Económico.

Segundo dados da Administração do Comércio Internacional dos EUA, as visitas de estrangeiros aos Estados Unidos caíram 11,6% em março face ao mesmo período do ano passado, número impulsionado, em grande parte, pela redução de turistas europeus, incluindo um decréscimo de 18,6% de portugueses. “No caso dos turistas portugueses poderá haver algum efeito — sobretudo se forem agravadas as tensões geopolíticas, os entraves burocráticos, ou as alterações nas condições de entrada no país. No entanto, o turista português tem, tradicionalmente, um grande interesse pelos EUA, tanto por motivos de lazer como por afinidade cultural, pelo que não antecipamos uma queda abrupta, mas sim uma eventual retração momentânea. O importante será acompanhar a evolução das políticas norte-americanas e o seu reflexo na perceção de segurança, acessibilidade e acolhimento do destino”, explica Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal ao Jornal Económico (JE).

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