Embraer: ação já subiu demais após saltar 100% em 12 meses ou há espaço para mais?

Com uma alta acumulada de 100% nos últimos 12 meses, impulsionada pela forte recuperação operacional e pelo aumento da atividade na carteira de pedidos, a XP avalia em relatório que não há uma combinação de premissas que justifique um potencial de valorização mais significativo para as ações da Embraer (EMBR3) com margem de segurança. Assim, a corretora manteve sua recomendação neutra para a fabricante de jatos.

De acordo com o relatório, os múltiplos de valuation atuais da Embraer sugerem que o mercado a precifica principalmente como um ativo baseado nos EUA, resultando em um custo de capital inferior ao que a XP considera adequado.

Embora as discussões sobre o custo de capital sejam sempre controversas, a XP vê um upside limitado para um novo re-rate daqui para frente em uma perspectiva de custo de capital.

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Além desse menor custo de capital, a XP destaca que seria necessário incorporar uma melhora operacional mais expressiva — tanto em receita quanto em rentabilidade — para sustentar um cenário com potencial de valorização significativo.

Nesse contexto, embora vislumbre um potencial de alta ao assumir estimativas mais altas de crescimento de lucros ou um custo de capital mais baixo, a XP não vê como confortável incorporar os dois ao mesmo tempo, razão pela qual reiterou classificação neutra para as ações.

Novos pedidos

As últimas sessões foram agitadas para a Embraer. Durante a semana, a Suécia confirmou a aquisição de quatro aeronaves C-390 Millenium. Com base nos últimos pedidos, o compromisso da Suécia pode adicionar US$ 900 milhões ao backlog da Embraer.

Dessa forma, a Suécia se torna o décimo primeiro país a encomendar ou selecionar o C-390 (após pedidos do Brasil, Portugal, Hungria, Coreia do Sul, Holanda, Áustria, República Tcheca e um cliente não divulgado, e seleção pela Eslováquia). “Também se torna o sexto país da OTAN a encomendar ou selecionar a aeronave”, ressalta BBI.

O BBI espera que a Embraer continue a anunciar novos pedidos de países da OTAN. O banco ainda vê potencial para pelo menos 50 novos pedidos do C-390 de países da OTAN com o aumento dos investimentos em defesa na Europa.

O BBI manteve classificação de compra e preço-alvo de US$ 60,00 por ADR (recibo de ações negociadas no exterior).

O JPMorgan comenta que embora a seleção do C-390 pela Suécia tenha sido anunciada no ano passado, a confirmação de hoje é positiva. Além disso, segundo JPMorgan, esse anúncio reforça o momento favorável para o negócio de Defesa da Embraer e reafirma sua crença de que o C-390 é um projeto vencedor no nicho de aeronaves multimissão, especialmente entre os países da OTAN.

O JPMorgan vê as ações da Embraer (EMBR/ERJ) sendo negociadas a um múltiplo Valor da Firma (EV)/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de 9,3 vezes para 2025, em comparação com 44,1 vezes para a Boeing, 6,6 vezes para a Bombardier e 11,5 vezes para a Airbus.

O JPMorgan manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 94 por ação.

Carteira de pedidos

A Força Aérea Portuguesa também anunciou sua intenção de colaborar com a Embraer e a Força Aérea Brasileira para avaliar possíveis adaptações do KC-390 Millennium para missões de inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR). Os estudos em andamento indicam diversas possibilidades para a integração de novos sistemas de missão, sensores e armamentos, alinhando-se às necessidades operacionais de Portugal e do Brasil.

O Bradesco BBI avalia que o anúncio é positivo para a Embraer, pois amplia a versatilidade do C-390. Portugal, que já encomendou três unidades e possui uma frota de 19 cargueiros, pode aumentar seus pedidos. O banco destaca o potencial de mais de 50 novas encomendas do modelo, considerando clientes atuais e potenciais como Eslováquia e Polônia, além de outros países da OTAN.

Já a assinatura de memorando de entendimento com Turkish Aerospace para explorar oportunidade de produção de E2 na Turquia, pode levar a novos pedidos de jatos comerciais da região.

Nesta quarta, o ministro da Defesa, José Múcio, disse ainda que o Brasil está em conversas com a Polônia, Finlândia e Turquia para que os países possam potencialmente adquirir o cargueiro KC-390 da Embraer.

Múcio acrescentou que as negociações para ampliar as vendas do KC-390 são permanentes. “Estamos otimistas”, afirmou durante a conferência LAAD no Rio de Janeiro, após a Suécia ter confirmado a compra de aeronaves.

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