Corinthians tem receita recorde de R$ 1,1 bi, mas eleva dívida em 2024
Ao "Poder360", diretor financeiro do clube argumenta que a relação entre receita e endividamento encurtou

O Sport Club Corinthians Paulista atingiu receita bruta recorde de R$ 1,11 bilhão em 2024. Trata-se de um crescimento de 18,9% ante 2023.
Em contrapartida, a dívida também avançou no período, de R$ 2,16 bilhões para R$ 2,57 bilhões. A alta registrada foi de 18,8%. Quando se considera o adiantamento de R$ 150 milhões com a Liga Forte União, o passivo cai para R$ 2,42 bilhões (alta de 11,9%).
O diretor financeiro do Corinthians, Pedro Silveira, está há 9 meses no cargo. Ao Poder360, argumenta ser necessário avaliar o índice de endividamento sobre a receita, que leva em conta a dívida líquida e o faturamento.
No relatório de demonstrações financeiras do clube paulista, caiu de 1,9 em 2023 para 1,7 em 2024. Quanto menor o índice, menor a discrepância entre a receita bruta e a dívida líquida.
“A gente vem levando muito a sério a situação do Corinthians. São coisas assim no dia a dia que a gente está fazendo para que essa dívida pare de crescer e comece a diminuir. Eu acho também que com o crescimento dos juros e com o tamanho da dívida, a gente precisa fazer mais”, declarou.
A atual administração do Corinthians afirma haver um passivo de R$ 191,2 milhões em dívidas e contingências de 2014 a 2023. Esses valores incluem:
- apropriação de juros Profut (Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro) – R$ 30,2 milhões;
- contingências prováveis de 2023 – R$ 56,2 milhões;
- parcelamento de ISS (Imposto sobre Serviços) – R$ 76,0 milhões; e
- contingências de dívidas anteriores – R$ 28,8 milhões.
De acordo com o clube, haveria um superavit de R$ 9,5 milhões, caso esse débito não fosse considerado. Os valores não estavam no balanço de 2023, segundo Silveira.
De janeiro de 2021 a dezembro de 2023, o Corinthians estava sob a presidência de Duílio Monteiro. Ao ser questionado se houve alguma maquiagem nas contas, o diretor financeiro do clube disse não concordar com o termo.
“A gente acredita que houve erros, e os erros não são de R$ 191 milhões. São de R$ 86 milhões, dos quais R$ 30 milhões por não ter apropriado no balanço de 2023 correções monetárias do programa de parcelamento do Profut, e R$ 56 milhões de contingências que estavam classificadas como ‘prováveis’ em 2023 e não foram contabilizadas”, declarou.
RESPONSABILIDADE FINANCEIRA
Silveira listou algumas ações que contribuem, na sua visão, para sanear as dívidas do clube no médio a longo prazo.
- moderação na contratação de atletas – “Se você olhar a janela de janeiro, o Corinthians é o time que menos contratou e menos gastou dos 20 times da Série A. […] Se precisar eventualmente de reforço, fazer o que o time de futebol tem feito muito bem: buscar atletas passe livre, com custo menor de aquisição e que não comprometa a gente fazer investimentos grandes”;
- venda de jogadores – “A gente vai precisar vender e não fazer loucuras”;
- fundo imobiliário da Neo Química Arena – “A gente abre mão por um tempo de um pedaço da receita da arena para quitar essa dívida da arena de uma vez e trazer mais recursos para o clube, para quitar essas outras dívidas que prejudicam tanto o clube”.
PATROCÍNIO
A receita com patrocínio e publicidade cresceu 105,7% de 2023 para 2024. Passou de R$ 128,6 milhões para R$ 264,5 milhões.
“A gente preencheu propriedades importantes da camisa que antes não eram preenchidas. Teve uma receita muito forte da nossa patrocinadora máster hoje, que é a Esportes da Sorte, que no começo do contrato nos ajudou. Então, isso também vem muito forte em relação a esses números”, disse Silveira.
Em setembro de 2024, a Esportes da Sorte viabilizou a contratação do atacante holandês Memphis Depay. A casa de apostas foi alvo de megaoperação contra jogos ilegais e lavagem de dinheiro no ano passado.