CBF multiplica salários de presidentes de federações e banca convidados na Copa do Mundo

A revista Piauí revelou que a presidência de Ednaldo Rodrigues na CBF tem sido marcada por mudanças expressivas nas remunerações dos presidentes das federações estaduais, visto que desde que ele assumiu o comando da entidade em 2021, os salários, que antes giravam em torno de R$ 50 mil, passaram a ultrapassar os R$ 200 mil mensais, um aumento de quase 200%.

Além da atualização nos vencimentos, a reportagem também revelou detalhes do funcionamento interno da Confederação Brasileira de Futebol ao longo do atual mandato. Durante esse período, foram identificados gastos elevados, concessão de benefícios pessoais a dirigentes e ao mesmo tempo cortes que impactaram áreas operacionais da instituição, em especial no setor de arbitragem.

Entre os episódios destacados está a viagem para a Copa do Mundo de 2022, no Catar, bancada pela confederação para um grupo de 49 convidados, entre eles parlamentares, empresários, representantes do Judiciário, artistas, jornalistas e seus familiares.

Todos foram contemplados com passagens em classe executiva, hospedagem em hotéis de alto padrão e ingressos para partidas da Seleção Brasileira, com os custos da ação chegando a R$ 3 milhões, sendo que Ednaldo argumentou que é comum que entidades esportivas convidem personalidades e nomes de influência para eventos desse porte.

Outro caso citado envolve o presidente da Federação Amapaense de Futebol e vice-presidente da CBF, Roberto Góes, que viajou a São Paulo com a esposa, a filha e a irmã, em deslocamento custeado pela CBF, sendo que a esposa do dirigente foi à capital paulista para realizar um procedimento médico. A estadia em um hotel de alto padrão e os bilhetes aéreos somaram R$ 114 mil e, em resposta, o presidente da entidade afirmou que os custos de familiares são responsabilidade dos próprios dirigentes.

Enquanto despesas de alto valor foram aprovadas e executadas, a CBF impôs restrições orçamentárias em áreas estratégicas, com os árbitros da Série A, que realizavam avaliações físicas quinzenais no Rio de Janeiro, passaram a ser avaliados remotamente.

Ao mesmo tempo, um projeto apresentado por Wilson Luiz Seneme, então chefe da Comissão de Arbitragem, previa a criação de um centro de treinamento completo e uma escola de formação de árbitros, com orçamento estimado em R$ 60 milhões. A proposta recebeu sinal verde inicialmente, mas acabou arquivada após o desligamento de Seneme, ocorrido após críticas ao desempenho da arbitragem no Brasileirão.

Ednaldo é reeleito sem oposição

Sem concorrentes, Ednaldo Rodrigues foi reeleito ao cargo de presidente da CBF até 2030, com o apoio unânime das 27 federações estaduais e dos 40 clubes das Séries A e B.

O ex-jogador Ronaldo chegou a manifestar interesse em disputar o cargo, mas afirmou ter desistido após tentativa frustrada de diálogo com as federações, sendo ignorado por 23 delas. Antes disso, o ex-atacante havia enviado uma carta à CBF, Fifa, Conmebol e aos clubes, sugerindo mudanças no modelo eleitoral da entidade e defendendo mais transparência no processo.

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