‘Bombadeira’ suspeita de matar clientes em cirurgias ilegais é presa
Criminosa teria como alvo pessoas trans e travestis, que enfrentam dificuldades para ter acesso a procedimentos estéticos regulares

A Polícia Civil prendeu na última quinta-feira (20/3), em São Paulo, uma mulher de 56 anos suspeita de ser responsável pela morte de clientes transexuais durante cirurgias plásticas clandestinas em diversos estados brasileiros.
A autora, identificada pelo nome de Skalet, atuaria como ‘bombadeira’ e teria sido detida após investigações relativas à morte de Cristiane Andrea da Silva, em outubro do ano passado, no Paraná.
‘Bombadeira’ é o termo usado para pessoas sem formação médica que aplicam, de forma clandestina, silicone industrial — que serve para limpeza de carros e peças de avião e impermeabilização de azulejos — ou outras substâncias para modificação corporal, que costumam ser usados especialmente em mulheres trans e travestis.
O uso da substância é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para procedimentos estéticos, devido à possibilidade de causar, entre outras complicações, deformações, dores e infecções generalizadas que podem levar à morte.
A cabeleireira Cristiane, de 39 anos, morreu após contratar Skalet para aplicação de silicone industrial que ocorreu “em um ambiente descrito pelos peritos como totalmente insalubre e inadequado para procedimentos médicos” — afirmou ao g1 o delegado Luis Gustavo Timossi, da Polícia Civil do Paraná (PC-PR). Antes do procedimento, a cliente havia transferido R$ 1.550 à suspeita em quatro pagamentos.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Segundo as investigações do caso, a ‘bombadeira’ teria fugido após complicações no momento da operação, enquanto a vítima foi encontrada e socorrida pelo marido, mas não resistiu. A equipe médica que a atendeu em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) acionou a polícia, que identificou Skalet. Indiciada por homicídio e exercício ilegal de medicina, ela pode pegar até 22 anos de prisão.
Timossi afirma que Cristiane não teria sido a primeira vítima dos procedimentos ilegais realizados por Skalet. Outra morte em decorrência de procedimento estético irregular registrada em 2019 na cidade de Marília, em São Paulo, é atribuída a ela.
O delegado informa que a suspeita, que atuava em diferentes estados do país, tinha como alvos principais pessoas trans e travestis devido à dificuldade desse grupo vulnerável de ter acesso a procedimentos estéticos regulares.
A prisão de Skalet foi realizada em operação conjunta da PCPR e da Polícia Civil do Estado de São Paulo (PCSP). O Correio aguarda retorno das corporações para complementar a matéria com mais informações.