Análise Vitória SC 0-3 Benfica: a diferença entre jogar bem e saber ganhar

O Vitória SC fez frente ao Benfica com aquilo que se pede a uma equipa grande: coragem, iniciativa e ambição. Jogou com personalidade, pressionou alto, recuperou bolas com agressividade e criou ocasiões suficientes para discutir o resultado.Mas, à semelhança do que acontece com frequência nos duelos entre os ditos grandes e os quase grandes, faltou transformar intenção em golo. E o Benfica, mesmo longe do brilhantismo, foi implacável naquilo que verdadeiramente conta.O jogo: quem não marca... sofreNum jogo em que a equipa de Álvaro Pacheco exibiu consistência coletiva e agressividade positiva durante largos períodos, sobretudo na primeira parte, a ausência de eficácia e o desacerto na finalização custaram caro. O Vitória foi, durante mais de uma hora, superior em praticamente tudo… menos na baliza adversária. A insistência ofensiva, os desequilíbrios criados nas alas, as aproximações ao último terço — tudo isso existiu. Mas faltou o clique final.Do outro lado, o Benfica pareceu por vezes anestesiado, sobretudo na forma como entrou em campo e nos longos momentos em que se limitou a reagir. Ainda assim, teve o que quase nenhuma equipa tem em Portugal: um avançado oportuno (Pavlidis), um lateral desequilibrador (Carreras) e um guarda-redes que decide jogos (Trubin). Essa combinação bastou. Foi isso que os manteve vivos no jogo quando o Vitória ameaçava explodir… e foi isso que lhes permitiu matar o jogo com uma eficácia quase cruel.O resultado final — 0-3 — diz muito do momento das duas equipas. O Vitória vive uma fase positiva em termos de identidade e competitividade, mas está preso a um teto de vidro: joga bem, mas raramente vence os grandes. O Benfica, por sua vez, atravessa um período instável no plano exibicional, com pouca criatividade no meio e alguns problemas físicos (como a nova lesão de Di María), mas continua a ser uma equipa com recursos e experiência para vencer mesmo sem dominar.No fundo, esta noite em Guimarães foi um espelho: de um Vitória em crescimento, mas ainda incompleto; e de um Benfica que, mesmo longe da sua melhor versão, continua a ganhar porque sabe como se ganham campeonatos.Momento-chaveHavia tensão em Guimarães. O Benfica vencia por 1-0, mas o jogo permanecia aberto, instável, a pedir definição. Foi então que surgiu Álvaro Carreras, com o seu estilo inconfundível, a galgar metros pela faixa esquerda como se a jogada lhe pertencesse desde o apito inicial.Num lance que misturou velocidade, técnica e convicção, o lateral espanhol foi deixando adversários para trás até se encontrar, já dentro da área, frente a frente com Bruno Varela. O ângulo era curto, a finalização difícil, mas Carreras não hesitou: disparou com potência e precisão, selando o 2-0 com um remate indefensável.O golo foi muito mais do que um momento de inspiração individual — foi o instante que soltou o Benfica das dúvidas, da pressão do Vitória e da ameaça de um possível empate. A partir dali, a equipa de Bruno Lage respirou melhor, controlou o jogo com mais calma e encaminhou uma vitória que só ficou mais robusta com o terceiro de Pavlidis.Melhor: no sítio certo, à hora certaFoi com instinto de matador que Vangelis Pavlidis abriu e fechou a contagem em Guimarães. O avançado grego voltou a mostrar porque é que é uma das figuras maiores deste Benfica, surgindo sempre onde a bola pede decisão. E ele decide. Rápido, simples, letal.No primeiro golo, aproveitou uma defesa incompleta de Varela para castigar a defesa vitoriana que hesitou por um segundo a mais. No terceiro, repetiu a receita: remate forte de Kokçu, defesa incompleta de Varela, e Pavlidis a encostar com tranquilidade, como quem diz que ali ninguém falha.Com este bis no Estádio D. Afonso Henriques, Pavlidis chegou aos 29 golos com a camisola do Benfica — um número que fala por si, mas que ganha ainda mais força pelo tipo de golos que marca: aqueles que desbloqueiam jogos, que consolidam vitórias, que fecham discussões.ReaçõesCarreras brilha e garante foco total nas águias: "Sabemos que temos de dar tudo até ao último minuto"Bruno Lage após goleada em Guimarães: “Fomos justos vencedores, apesar do peso no marcador”Luís Freire diz que faltou ao Vitória fazer golos; Tiago Silva fala em resultado penalizador

Abr 20, 2025 - 10:25
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Análise Vitória SC 0-3 Benfica: a diferença entre jogar bem e saber ganhar

O Vitória SC fez frente ao Benfica com aquilo que se pede a uma equipa grande: coragem, iniciativa e ambição. Jogou com personalidade, pressionou alto, recuperou bolas com agressividade e criou ocasiões suficientes para discutir o resultado.

Mas, à semelhança do que acontece com frequência nos duelos entre os ditos grandes e os quase grandes, faltou transformar intenção em golo. E o Benfica, mesmo longe do brilhantismo, foi implacável naquilo que verdadeiramente conta.

O jogo: quem não marca... sofre

Num jogo em que a equipa de Álvaro Pacheco exibiu consistência coletiva e agressividade positiva durante largos períodos, sobretudo na primeira parte, a ausência de eficácia e o desacerto na finalização custaram caro. O Vitória foi, durante mais de uma hora, superior em praticamente tudo… menos na baliza adversária. A insistência ofensiva, os desequilíbrios criados nas alas, as aproximações ao último terço — tudo isso existiu. Mas faltou o clique final.

Do outro lado, o Benfica pareceu por vezes anestesiado, sobretudo na forma como entrou em campo e nos longos momentos em que se limitou a reagir. Ainda assim, teve o que quase nenhuma equipa tem em Portugal: um avançado oportuno (Pavlidis), um lateral desequilibrador (Carreras) e um guarda-redes que decide jogos (Trubin). Essa combinação bastou. Foi isso que os manteve vivos no jogo quando o Vitória ameaçava explodir… e foi isso que lhes permitiu matar o jogo com uma eficácia quase cruel.

O resultado final — 0-3 — diz muito do momento das duas equipas. O Vitória vive uma fase positiva em termos de identidade e competitividade, mas está preso a um teto de vidro: joga bem, mas raramente vence os grandes. O Benfica, por sua vez, atravessa um período instável no plano exibicional, com pouca criatividade no meio e alguns problemas físicos (como a nova lesão de Di María), mas continua a ser uma equipa com recursos e experiência para vencer mesmo sem dominar.

No fundo, esta noite em Guimarães foi um espelho: de um Vitória em crescimento, mas ainda incompleto; e de um Benfica que, mesmo longe da sua melhor versão, continua a ganhar porque sabe como se ganham campeonatos.

Momento-chave

Havia tensão em Guimarães. O Benfica vencia por 1-0, mas o jogo permanecia aberto, instável, a pedir definição. Foi então que surgiu Álvaro Carreras, com o seu estilo inconfundível, a galgar metros pela faixa esquerda como se a jogada lhe pertencesse desde o apito inicial.

Num lance que misturou velocidade, técnica e convicção, o lateral espanhol foi deixando adversários para trás até se encontrar, já dentro da área, frente a frente com Bruno Varela. O ângulo era curto, a finalização difícil, mas Carreras não hesitou: disparou com potência e precisão, selando o 2-0 com um remate indefensável.

O golo foi muito mais do que um momento de inspiração individual — foi o instante que soltou o Benfica das dúvidas, da pressão do Vitória e da ameaça de um possível empate. A partir dali, a equipa de Bruno Lage respirou melhor, controlou o jogo com mais calma e encaminhou uma vitória que só ficou mais robusta com o terceiro de Pavlidis.

Melhor: no sítio certo, à hora certa

Foi com instinto de matador que Vangelis Pavlidis abriu e fechou a contagem em Guimarães. O avançado grego voltou a mostrar porque é que é uma das figuras maiores deste Benfica, surgindo sempre onde a bola pede decisão. E ele decide. Rápido, simples, letal.

No primeiro golo, aproveitou uma defesa incompleta de Varela para castigar a defesa vitoriana que hesitou por um segundo a mais. No terceiro, repetiu a receita: remate forte de Kokçu, defesa incompleta de Varela, e Pavlidis a encostar com tranquilidade, como quem diz que ali ninguém falha.

Com este bis no Estádio D. Afonso Henriques, Pavlidis chegou aos 29 golos com a camisola do Benfica — um número que fala por si, mas que ganha ainda mais força pelo tipo de golos que marca: aqueles que desbloqueiam jogos, que consolidam vitórias, que fecham discussões.

Reações

Carreras brilha e garante foco total nas águias: "Sabemos que temos de dar tudo até ao último minuto"

Bruno Lage após goleada em Guimarães: “Fomos justos vencedores, apesar do peso no marcador”

Luís Freire diz que faltou ao Vitória fazer golos; Tiago Silva fala em resultado penalizador