Vamos falar de humanização?

M.ª João Vieira Pinto
Directora de Redacção Marketeer

A conversa aconteceu por acaso. Falávamos do estado actual do mercado de trabalho. De Portugal ser curto ou “pobre” para os talentos que produz, de muitos enfiarem o curso numa mochila fechada e se atirarem para outros mundos, entre a restauração e o retalho, porque há contas para pagar. Falávamos disso, da tristeza de algumas artes já pouco público terem. De se vender bilhetes a oito euros, para espectáculos de teatro. E os seus actores terem que fazer horas extras noutros lados. De os jornais definharem num desvio para informação que se consome mais depressa e de os jornalistas estarem, tantos deles, a abandonar a profissão. Ah, e falávamos da inevitável IA que em diversos palcos se substitui ao humano.

Falávamos da preocupação do futuro, sendo que foi por projecções de futuro que depois ficámos.

Perspectivar é exercício difícil ou impossível. Mas, nesta conversa, numa viagem de carro a caminho de Lisboa, acreditávamos no mesmo: que depois da tecnologia, e da IA, das redes e dos sociais, voltaremos a querer ter momentos mais humanos. Voltaremos a querer assistir a espectáculos com gente e alma. Voltaremos a querer que o mundo seja relevante, que as relações sejam relevantes, que as marcas sejam relevantes. Olhar nos olhos, ouvir a voz, perceber mensagens e propósitos.

A “ironia” e graça no meio de toda esta conversa foi concluir que este é o tema que vamos precisamente debater na próxima conferência da Marketeer, a 15 de Maio. Na altura, claro que o olhar será sobre o Marketing do futuro ou o futuro no Marketing. Mas o que sabemos, desde já, é que a humanização é tema transversal ao mundo. E o das Marcas não ficará de fora, por certo!

Editorial publicado na revista Marketeer n.º 344 de Março de 2025