Uma das figuras icónicas do nosso tempo

Sugestivo cumprimento de Giorgia Meloni a Zelenski há dias, na cimeira de Paris   A Ucrânia é um país agora dotado do segundo maior exército da Europa e uma vontade inquebrantável de se manter como nação soberana. Nem colónia americana, como deseja Donald Trump, nem protectorado da Federação Russa, como anseia o ditador de Moscovo. Volodímir Zelenski surge em contraste absoluto com o grotesco Lukachenko, lacaio do Kremlin. Está hoje para Putin como o "frágil e vulnerável" Ho Chi Minh esteve para a administração Johnson da toda-poderosa América do Norte. Só para se concretizar o acordo de paz no Vietname decorreram cinco anos. E os Estados Unidos, depois disso, saíram de lá humilhados. Mas Zelenski não se destaca apenas por ser resistente: é também um amante da liberdade. Daí a comparação mais adequada não ser com o fundador do Vietname pós-colonial, que ali impôs uma tirania comunista, mas com Winston Churchill, que chegou a ser o homem mais solitário da Europa quando em 1940 se viu isolado na luta contra a besta nazi - hoje encarnada no agressor russo da Ucrânia. Não há engano quando o vemos de cabeça erguida: é a grande figura icónica desta geração. O David de Kiev que enfrentou o Golias de Moscovo no próprio dia da invasão, esse trágico 24 de Fevereiro de 2022, ao declarar, enquanto os blindados do Estado agressor se aproximavam da capital violentada pela maior potência nuclear do planeta: «Quando nos atacarem, verão os nossos rostos, não as nossas costas.» E assim foi. Garantiu lugar nos futuros manuais de História desde esse instante em que ergueu o ânimo dos compatriotas, pronto a travar a marcha dos esbirros putinistas. Estatuto reforçado dois dias depois, com outra frase de pendor churchilliano, ao recusar sem rodeios o refúgio que Joe Biden lhe garantia no Ocidente: «Preciso de munições, não de boleia.» Honrou a promessa: três anos depois, inabalável, permanece no posto de comando. Sem dobrar a cerviz. É um orgulho sermos contemporâneos dele.

Abr 3, 2025 - 02:07
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Uma das figuras icónicas do nosso tempo

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Sugestivo cumprimento de Giorgia Meloni a Zelenski há dias, na cimeira de Paris

 

A Ucrânia é um país agora dotado do segundo maior exército da Europa e uma vontade inquebrantável de se manter como nação soberana. Nem colónia americana, como deseja Donald Trump, nem protectorado da Federação Russa, como anseia o ditador de Moscovo.

Volodímir Zelenski surge em contraste absoluto com o grotesco Lukachenko, lacaio do Kremlin. Está hoje para Putin como o "frágil e vulnerável" Ho Chi Minh esteve para a administração Johnson da toda-poderosa América do Norte. Só para se concretizar o acordo de paz no Vietname decorreram cinco anos. E os Estados Unidos, depois disso, saíram de lá humilhados.

Mas Zelenski não se destaca apenas por ser resistente: é também um amante da liberdade. Daí a comparação mais adequada não ser com o fundador do Vietname pós-colonial, que ali impôs uma tirania comunista, mas com Winston Churchill, que chegou a ser o homem mais solitário da Europa quando em 1940 se viu isolado na luta contra a besta nazi - hoje encarnada no agressor russo da Ucrânia.

Não há engano quando o vemos de cabeça erguida: é a grande figura icónica desta geração. O David de Kiev que enfrentou o Golias de Moscovo no próprio dia da invasão, esse trágico 24 de Fevereiro de 2022, ao declarar, enquanto os blindados do Estado agressor se aproximavam da capital violentada pela maior potência nuclear do planeta: «Quando nos atacarem, verão os nossos rostos, não as nossas costas.»

E assim foi.

Garantiu lugar nos futuros manuais de História desde esse instante em que ergueu o ânimo dos compatriotas, pronto a travar a marcha dos esbirros putinistas. Estatuto reforçado dois dias depois, com outra frase de pendor churchilliano, ao recusar sem rodeios o refúgio que Joe Biden lhe garantia no Ocidente: «Preciso de munições, não de boleia.»

Honrou a promessa: três anos depois, inabalável, permanece no posto de comando. Sem dobrar a cerviz. É um orgulho sermos contemporâneos dele.