Guia Repsol: Belcanto, Il Gallo D’Oro, Ocean e The Yeatman são os melhores restaurantes de Portugal
Além dos quatro restaurantes com três sóis, 17 receberam dois sóis e 49 têm um sol. Entre os premiados há restaurantes como o Solar dos Presuntos, o Pigmeu, a Mercearia Gadanha, o JNcQUOI Avenida ou o Tia Alice.


Já se conheciam os números – 70 sóis no total –, mas não os premiados. Até agora. Na primeira gala do Guia Repsol Portugal, que aconteceu esta segunda-feira em Santarém, os chefs José Avillez, Benoît Sinthon, Hans Neuner e Ricardo Costa foram os grandes vencedores ao conquistar três sóis (a distinção máxima) para os seus restaurantes – Belcanto (Lisboa), Il Gallo D’Oro (Funchal), Ocean (Porches) e The Yeatman (Vila Nova de Gaia), respectivamente. Houve ainda algumas surpresas, com restaurantes mais tradicionais como o Solar dos Presuntos, em Lisboa, ou o Fernando, na Maia, a receber um sol, mas também ausências que se fizeram sentir, como a de Vítor Matos, o mais estrelado dos chefs em Portugal, que aqui recebeu apenas um sol para o 2Monkeys, em Lisboa.
Como em qualquer cerimónia de prémios, nem todas as apostas se consumaram. Porém, ao contrário do que é habitual, já todos os que se dirigiram esta segunda-feira ao Convento de São Francisco sabiam exactamente o que iam ganhar. É assim que acontece há anos em Espanha. O objectivo é não só aliviar a tensão e a pressão que estes momentos acarretam, como também criar um momento de partilha no meio, que começou, aliás, com um cocktail no dia anterior só para os chefs.
Se a distinção mais alta – que premeia uma “experiência única, sólida, com uma perfeita conjugação de sabores, ingredientes e ideias” – foi entregue a apenas quatro restaurantes, os dois sóis foram mais longe. Há, neste momento, 17 restaurantes com dois sóis, da Casa de Chá da Boa Nova, de Rui Paula, à Herdade do Esporão, de Carlos Teixeira, do Marlene, de Marlene Vieira, ao Ó Balcão, de Rodrigo Castelo, ou ainda ao Fifty Seconds, de Rui Silvestre, e ao Alma, de Henrique Sá Pessoa. De destacar que os dois sóis premeiam uma “cozinha com maturidade, potencial e ambição para evoluir para um novo patamar”.
Já na categoria de um sol, a abrangência anunciada pela Repsol, como contraponto à Michelin, é mais notória, havendo entre os 49 premiados, restaurantes de fine dining como a Fortaleza do Guincho, de Gil Fernandes, o Sála, de João Sá, e o Boubou’s, de Louise Bourrat, restaurantes tradicionais como o Magano e o Gambrinus, ambos em Lisboa, ou o São Gião, em Guimarães, e outros mais contemporâneos como o Prado, de António Galapito, o Essencial, de André Lança Cordeiro, ou o Maré, de José Avillez. Um sol é atribuído a um “restaurante que se recomenda aos amigos e ao qual se quer voltar um sem número de vezes”. Aqui, contam ainda os “produtos de qualidade e a cozinha honesta e coerente, que se mantém sempre em crescimento”. Além disso, “o serviço é atento e profissional e a garrafeira apresenta algumas surpresas”. No fundo, “justifica, e muito, que se faça um desvio a meio de uma viagem”.
Na gala, que foi apresentada por Inês Lopes Gonçalves e Renato Duarte, foram entregues também quatro sóis sustentáveis, pelo trabalho e compromisso por ter um restaurante cada vez mais sustentável. Houve um sol sustentável em cada categoria: nos três sóis, coube ao Il Gallo D’Oro, nos dois premiou-se pelas boas práticas ambientais o Ó Balcão e com um sol foi distinguido o Sem. Entre os 124 restaurantes recomendados, onde entram sugestões de todo o país (Madeira e Açores inclusive), o sol sustentável foi para o Poda, de João Narigueta, em Montemor-o-Novo.
Desde que foi anunciada a chegada (ou relançamento) do Guia Repsol Portugal que se tornaram inevitáveis as comparações com o Guia Michelin, principal concorrente. Em todos os momentos se esclareceram e apontaram as principais diferenças, começando desde logo pelos inspectores. Os sóis são resultado de visitas anónimas aos restaurantes por uma equipa de 20 inspectores portugueses de diferentes zonas do país, que acompanham o meio gastronómico, mas não trabalham nele, podendo ter várias profissões. Se um restaurante tiver uma estrela Michelin não significa necessariamente que tenha um sol. Em Espanha, não faltam exemplos disso mesmo. Há restaurantes que não têm estrelas, mas que têm sóis. Este ano, por exemplo, Pedro Sánchez, do Bagá, em Jaén, e Susi Díaz, do La Finca, em Alacant, foram os premiados com três sóis e no Guia Michelin ambos têm uma estrela. Vejamos os números: actualmente, o Guia Repsol em Espanha conta com 44 restaurantes com três sóis, 176 com dois sóis e 569 com um sol, quando existem apenas 15 restaurantes com três estrelas, 32 com duas e 224 com uma.
É possível agora fazer as mesmas contas com Portugal. Há anos que se antecipa a chegada de uma terceira estrela, mas a verdade é que até agora tal não aconteceu. Contudo, já são quatro os restaurantes com três sóis. De notar também as ausências. Portugal tem actualmente 46 restaurantes estrelados (oito com duas estrelas, 38 com uma). Deste total, não receberam sóis o LOCO (de Alexandre Silva), o Encanto (de Diogo Formiga), o A Ver Tavira (de Luís Brito), o Antiqvvm, o Blind e o Oculto (de Vítor Matos), o Desarma (de Octávio Freitas), o G Pousada (de Óscar Geadas), o Midori (de Tiago Santos), o Vinha (de Henrique Sá Pessoa), o Palatial (de Rui Filipe), o Grenache (de Philippe Gelfi), o Kabuki (de Sebastião Coutinho), o YŌSO (de Habner Gomes), e o Kanazawa (de Paulo Morais).
Os restaurantes do Guia Repsol Portugal 2025
Três sóis
Belcanto (Lisboa), Ocean (Porches), Il Gallo D’Oro (Funchal) e The Yeatman (Vila Nova de Gaia).
Dois sóis
Al Sud (Odiáxere), Alma (Lisboa), Bon Bon (Carvoeiro), Casa de Chá da Boa Nova (Matosinho), Cura (Lisboa), Euskalduna Studio (Porto), Feitoria (Lisboa), Fifty Seconds (Lisboa), Herdade do Esporão (Reguengos de Monsaraz), Le Monument (Porto), Marlene (Lisboa), Mesa de Lemos (Viseu, Pedro Lemos (Porto), Ó Balcão (Santarém), Vila Joya (Albufeira), Vista (Portimão) e William (Funchal).
Um sol
100 Maneiras (Lisboa), 2Monkeys (Lisboa), A Cozinha (Guimarães), Arkhe (Lisboa), Austa (Loulé), Bahr (Lisboa), Boubou’s (Lisboa), Canalha (Lisboa), Cavalariça (Alcácer do Sal), Cícero (Lisboa), Ciclo (Lisboa), Cozinha das Flores (Porto), De Raíz (Viseu), Dom Joaquim (Évora), Eleven (Lisboa), Epur (Lisboa), Essencial (Lisboa), Fauno (Porto), Fava Tonka (Matosinhos), Flora (Viseu), Fortaleza do Guincho (Cascais), Gambrinus (Lisboa), Gusto by Heinz Beck (Loulé), Henrique Leis (Loulé), JNcQUOI Avenida (Lisboa), Kampo (Funchal), Lab by Sergi Arola (Sintra), Lamelas (Porto Covo), Mapa (Montemor-o-Novo), Maré (Cascais), Mercearia Gadanha (Estremoz), Mito (Porto), Näperõn (Aljezur), O Fernando (Maia), O Magano (Lisboa), O Nobre (Lisboa), Os Três Pipos (Tondela), O Pigmeu (Lisboa), Pirâmides do Egipto (Guimarães), Prado (Lisboa), Sála de João Sá (Lisboa), Santa Joana (Lisboa), São Gião (Guimarães), SEM (Lisboa), Solar dos Presuntos (Lisboa), Tia Alice (Ourém), Tombalobos (Portalegre), Veneza (Albufeira) e Vila Foz (Porto).