Um ano com D. Dinis (6)

Codex Manesse   Como justificareis a minha morte perante Deus? Pois que me matastes a mim, cujo único mal é o grande amor que vos tenho, que não há amor maior, e por vós morrerei. Essa será a única razão que Lhe podeis dar da minha morte, não O podereis enganar, que Ele bem sabe quanto vos amo e que nunca mereci que de vós me adviesse a morte. Por tal injustiça, nunca d’ Ele obtereis perdão, pelo que sereis condenada, quando todos formos diante d’ Ele.Que razom cuidades vós, mia senhor,dar a Deus, quand’ ant’ El fordes, por mique matades, que vos nom merecioutro mal senom que vos hei amoraquel maior que vo-l’ eu poss’ haver,ou que salva lhi cuidades fazerda mia morte, pois por vós morto for?Ca na mia morte nom há razombona que ant’ El possades mostrar,desi nom o er podedes enganar,ca El sabe bem quam de coraçomvos eu am’ e nunca vos errei;e por em quem tal feito faz bem seique em Deus nunca pod’ achar perdom.Ca de pram Deus nom vos perdoaráa mia morte, ca El sabe mui bemca sempre foi meu saber e meu semen vos servir. Er sabe mui bemque nunca vos mereci por que talmorte por vós houvesse, por em malvos será quand’ ant’ El formos alá.   *Não está ligada à data de hoje (penso não se saber quando foi criada), mas irei aleatoriamente publicando poesia de D. Dinis.

Fev 19, 2025 - 13:41
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Um ano com D. Dinis (6)

Manesse P 3.jpg

Codex Manesse

 

Como justificareis a minha morte perante Deus? Pois que me matastes a mim, cujo único mal é o grande amor que vos tenho, que não há amor maior, e por vós morrerei. Essa será a única razão que Lhe podeis dar da minha morte, não O podereis enganar, que Ele bem sabe quanto vos amo e que nunca mereci que de vós me adviesse a morte. Por tal injustiça, nunca d’ Ele obtereis perdão, pelo que sereis condenada, quando todos formos diante d’ Ele.

Que razom cuidades vós, mia senhor,
dar a Deus, quand’ ant’ El fordes, por mi
que matades, que vos nom mereci
outro mal senom que vos hei amor
aquel maior que vo-l’ eu poss’ haver,
ou que salva lhi cuidades fazer
da mia morte, pois por vós morto for?

Ca na mia morte nom há razom
bona que ant’ El possades mostrar,
desi nom o er podedes enganar,
ca El sabe bem quam de coraçom
vos eu am’ e nunca vos errei;
e por em quem tal feito faz bem sei
que em Deus nunca pod’ achar perdom.

Ca de pram Deus nom vos perdoará
a mia morte, ca El sabe mui bem
ca sempre foi meu saber e meu sem
en vos servir. Er sabe mui bem
que nunca vos mereci por que tal
morte por vós houvesse, por em mal
vos será quand’ ant’ El formos alá.

 

*Não está ligada à data de hoje (penso não se saber quando foi criada), mas irei aleatoriamente publicando poesia de D. Dinis.